No meu peito arde em chamas abrasada
A pira da vingança reprimida,
E em centelhas de raiva ensurdecida
A vingança suprema e concentrada
E espuma e ruge a cólera entranhada,
Como no mar a vaga embravecida
Vai bater-se na rocha empedernida,
Espumando e rugindo em marulhada
Mas se das minhas dores ao calvário,
Eu subo na atitude dolorida
De um Cristo a redimir um mundo vário,
Em luta co’a natura sempitema,
Já que do mundo não vinguei-me em vida,
A morte me será vingança eterna.
Augusto dos anjos.
400 a.c
Grécia, Cidade de OlimpiaEra meia noite, e embora Patrícia tivesse trancado a porta do quarto, ela estava com muito medo de dormir.
Ela rolava na cama desconfortável e dura da casa que Plistarco havia conseguido para descansarem naquela cidade nova.
Patrícia não sabia de quem era aquela casa, não sabia como Plistarco a havia conseguido, não sabia como ele havia conseguido os móveis lá dentro e nem como a despensa estava cheia de comida.
Não queria saber porque conseguia imaginar pelas marcas de arranhões e pelo sangue que não saíam da madeira do chão da frente por mais que ela esfregasse, ou pela terra que estava fofa perto da plantação de cenouras atrás da casa.
Plistarco se escondia do sol durante o dia. Em curtas e rápidas conversas que tinham desde que haviam chegado em Olimpia, ele dizia que o calor do céu brilhante lhe queimava a pele, então dormia dentro da despensa. Pela noite, ele saía para caçar porque dizia que tinha fome, embora não trouxesse nunca nenhum animal selvagem para dentro de casa.
Ela sabia que algo havia mudado nele, sentia aquela aura estranha onde seus pelos eriçavam e mandavam-na correr para longe do loiro, e se sentia culpada por deixá-lo sozinho na maior parte das noites, fingindo que estava fazendo algo extremamente importante, jogando as roupas limpas deles na bacia e esfregando-as no lago gelado por horas até que seus dedos estivessem com calos gigantes e até que visse Plistarco entrar entre as árvores ou entre a plantação de milho.
Não lavava as roupas sujas de sangue de Plistarco, elas sumiam.
— Não deveria ficar tanto tempo com as mãos na água tarde a noite. – Ele falou uma vez, saindo da despensa quando ela estava saindo com a bacia cheia ao por do sol. – Você vai ficar doente. Eu posso lavá-las hoje.
— Não precisa. – Ela respondeu exasperada, mas ainda sorrindo. – Vá fazer o que tem que fazer, deixe isso comigo.
— Não preciso ir tão cedo esta noite. – Ele falou. – Me deixe ajudar você.
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O Vampiro e o Romani - Livro O1 {CONCLUÍDO}
VampiroOrfeo é um vampiro solitário, vaga pela terra há quase dois mil anos apenas com os próprios demônios, quando como em uma luz no fim do túnel, acaba conhecendo um humano enfermo á beira da morte. Sucumbido pelo egoísmo e pela dor de perder sua única...