Capítulo 20. Tique-Taque

155 19 130
                                    

“Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

“Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado.”
TOLKIEN, O Senhor dos anéis


Passos humanos ressoavam cruelmente contra as folhas perto de minha cabeça, como se seu objetivo fosse abrir crateras no chão de terra vermelha. A primeira coisa que vi foram pés em sandálias enlameadas de tiras de couro marrom, após isso, o rosto anguloso de cabelos curtos e castanhos que sorria com prazer mostrando os dentes. Em seu ombro, havia um corvo que beliscava um cubo de carne que lhe era oferecido entre os dedos.

Seu rosto estava repuxado em rugas muito salientes para sua idade, e contorcia uma cicatriz escura que cruzava os seus lábios finos.

— Ei, acho que conheço você. - Virou o rosto para mim, agachando em minha .frente enquanto eu não pude levantar. - Você não deveria estar morto?

Chegaram outros atrás dele, mas desta vez era uma mistura de homens e mulheres, todos armados até o pescoço para guerra e os cabelos longos presos em tranças. Seguravam arcos e cabos de flechas com os punhos cerrados.

— Não vai me respoder? Gosto que me olhem nos olhos quando eu faço uma pergunta. - Permaneci em silêncio total, rangendo os dentes com a ousadia do garoto mortal. Rezei mentalmente para que os outros dois vampiros estivessem tendo os mesmos pensamentos que os meus, pois mais tarde estes seriam nossa salvação. - Vamos levá-los. - Declarou, se levantando com uma sobrancelha arqueada. 

— Está louco? - Alguém perguntou. - Não podemos levá-los até o acampamento. Podem denunciar nossa posição. 

— Eu quero tirar uma coisa a limpo. - Puxou outro garoto pelo braço, este tinha cabelos longos e amarrados em um rabo de cavalo. - Você não se lembra deste Strigoi?

Um silêncio estarrecedor se irrompeu.

— Vamos, não é ele? - Continuou perguntando e sacudindo enquanto o menino se mantinha calado. - Não seja idiota de protegê-lo! Ele poupou a vida de um deles! 

Cleo me olhou com uma interrogação no rosto.

— Vamos matá-los. - Uma mulher vociferou enquanto batia mais uma vez com o punhal da sua faca de bronze, agora na nuca de Ettore, que fez uma careta.

— Eu já me encontrei com este aqui antes. - Disse sem paciência, passando as mãos pelo rosto suado. Chutou uma porção de grama em meu rosto. - Mas parece que sobreviveu. Parece que ele o deixou viver!

Cleo começou a ranger os dentes enquanto a rede de prata formava porções de desenhos em alto relevo em suas costas nuas pelo vestido rasgado. Passei os braços por cima dela aproveitando as mangas longas de minha roupa, que diminuíam o artrito do metal em sua pele.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora