"Há um prazer nas florestas desconhecidas;
Um entusiasmo na costa solitária;
Uma sociedade onde ninguém penetra;
Pelo mar profundo e música pem seu rugir;
Amo não menos o homem, mas mais a natureza..."Lord Byron
— Mephisto? - Levantei uma sobrancelha. - O que o traz aqui?
Mordi a bochecha, suspirando ao olhar seu rosto quase esquecido. Seus olhos cinzentos estavam escuros, semicerrados, perdidos em uma óbvia loucura sangrenta.
Não pude deixar de me afastar um passo.
— Ora, tenho um grande apreço por bons modos. - Seus grandes olhos aparentavam inocência para quem não o conhecia, facilitando a captura de suas presas, mas não enganava a mim. Fez um círculo perfeito à minha volta, voltou a me encarar e fez uma voz melosa. - Não seja mau comigo, sabe que sou sensível.
— O que quer? - Fiz o possível para que minha voz não tremesse.
— Eu senti sua falta mestre. - Se aproximou. - Não acha que a cria sempre tem um laço com o criador?
— Não senti a sua. Se era só isso, vá embora antes que eu perca a paciência. - Rosnei.
— Mas eu soube que estava procurando companhia, estou aqui para ajudá-lo com isso. - Se aproximou mais, mas o empurrei com a bengala, pressionando-a em seu peito.
— Não quero você como companhia. - Disse com amargura, e seu rosto murchou. - Estou dizendo, vá embora.
— Oh, mas o senhor é tão frio.- Segurou a ponta da bengala e a pressionou mais em sua pele, de modo que o ferisse, continuando a fala com uma voz arfante. - Isso me machuca. Sou sua cria, seu filho, seu cúmplice, seu amante. Se não sou isso, o que mais eu seria?
— Um vampiro insano que quase revelou á uma cidade inteira a nossa existência, um vampiro louco que foi capaz de me decepcionar mesmo depois de todos os seus erros que relevei. - Tirei a bengala de suas mãos e o puxei bruscamente pela gola da roupa. - Sabe quantas pessoas eu tive que matar para acabar com seus rastros? Quantas regras eu quebrei?
— Mas isso foi só um acidente, nunca mais se repetiu. - Ele piscou um pouco os olhos e colocou a mão na testa, seus ombros trêmulos como se sentisse um desconforto, mas logo voltou a me olhar com aquele sorriso sorrateiro. - Eu não matei mais ninguém de forma óbvia, sempre acabo com o corpo.
— Não confio em você. - Sussurrei e o empurrei. - Nosso assunto se encerra agora. Desapareça antes que o sol nasça.
Me virei e corri em alta velocidade, não por pressa, mas para que ele não me acompanhasse. O conhecia como a palma desgastada de minha mão, sabia bem que ele estava vindo sorrateiramente até mim, apesar da pouca idade e fosse mais fraco que eu.
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O Vampiro e o Romani - Livro O1 {CONCLUÍDO}
VampirOrfeo é um vampiro solitário, vaga pela terra há quase dois mil anos apenas com os próprios demônios, quando como em uma luz no fim do túnel, acaba conhecendo um humano enfermo á beira da morte. Sucumbido pelo egoísmo e pela dor de perder sua única...