Capítulo O2- A Cria

660 83 229
                                    

"Há um prazer nas florestas desconhecidas;

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"Há um prazer nas florestas desconhecidas;

Um entusiasmo na costa solitária;
Uma sociedade onde ninguém penetra;
Pelo mar profundo e música pem seu rugir;
Amo não menos o homem, mas mais a natureza..."

Lord Byron

— Mephisto? - Levantei uma sobrancelha. - O que o traz aqui?

Mordi a bochecha, suspirando ao olhar seu rosto quase esquecido. Seus olhos cinzentos estavam escuros, semicerrados, perdidos em uma óbvia loucura sangrenta.

Não pude deixar de me afastar um passo.

— Ora, tenho um grande apreço por bons modos. - Seus grandes olhos aparentavam inocência para quem não o conhecia, facilitando a captura de suas presas, mas não enganava a mim. Fez um círculo perfeito à minha volta, voltou a me encarar e fez uma voz melosa. - Não seja mau comigo, sabe que sou sensível.

— O que quer? - Fiz o possível para que minha voz não tremesse.

— Eu senti sua falta mestre. - Se aproximou. - Não acha que a cria sempre tem um laço com o criador?

— Não senti a sua. Se era só isso, vá embora antes que eu perca a paciência. - Rosnei.

— Mas eu soube que estava procurando companhia, estou aqui para ajudá-lo com isso. - Se aproximou mais, mas o empurrei com a bengala, pressionando-a em seu peito.

— Não quero você como companhia. - Disse com amargura, e seu rosto murchou. - Estou dizendo, vá embora.

— Oh, mas o senhor é tão frio.- Segurou a ponta da bengala e a pressionou mais em sua pele, de modo que o ferisse, continuando a fala com uma voz arfante. - Isso me machuca. Sou sua cria, seu filho, seu cúmplice, seu amante. Se não sou isso, o que mais eu seria?

— Um vampiro insano que quase revelou á uma cidade inteira a nossa existência, um vampiro louco que foi capaz de me decepcionar mesmo depois de todos os seus erros que relevei. - Tirei a bengala de suas mãos e o puxei bruscamente pela gola da roupa. - Sabe quantas pessoas eu tive que matar para acabar com seus rastros? Quantas regras eu quebrei?

— Mas isso foi só um acidente, nunca mais se repetiu. - Ele piscou um pouco os olhos e colocou a mão na testa, seus ombros trêmulos como se sentisse um desconforto, mas logo voltou a me olhar com aquele sorriso sorrateiro. - Eu não matei mais ninguém de forma óbvia, sempre acabo com o corpo.

— Não confio em você. - Sussurrei e o empurrei. - Nosso assunto se encerra agora. Desapareça antes que o sol nasça.

Me virei e corri em alta velocidade, não por pressa, mas para que ele não me acompanhasse. O conhecia como a palma desgastada de minha mão, sabia bem que ele estava vindo sorrateiramente até mim, apesar da pouca idade e fosse mais fraco que eu.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora