Capítulo 6 (Dia 1)

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Setor 6 | 15 ºC
Contagem regressiva: 18 dias

— Eu preciso da atenção de vocês. — Nathan fala assim que entramos no prédio. É impossível não admirar a postura rígida, o queixo levantado e o olhar destemido, como se tudo estivesse sob controle quando na verdade todas as nossas certezas estão desmoronando umas atrás das outras. — Por favor, reúnam todos. — Até o tom de voz dele tem uma segurança que eu não vi há pouco quando conversamos. Algumas pessoas se apressam a sair do hall para fazer o que ele pediu.

Vou para um dos cantos e me sento.

Poucos minutos depois, vejo Matt indo na direção do Nathan. Queria saber sobre o que eles estão falando, mas não tenho forças para me levantar e ir até lá. Muito menos depois da nossa última conversa.

Nesse momento, se eu tivesse que dar um nome para o que sinto por ele, seria fácil.

É amor.

Não é nada menos do que isso.

Eu me apaixonei por ele de forma gradual, conseguia sentir a paixão aumentar em cada provocação, mesmo que não admitisse isso nem para mim mesma.

Mas não vi esse amor chegando.

Eu apenas o senti quando o beijei na frente do Palácio Real achando que seria o nosso último beijo. Eu senti quando o vi no chão desacordado e achei que o perderia para sempre. Eu senti há pouco quando ele me olhava de forma decepcionada, afirmando que não tem espaço na minha vida.

Ele está tão errado.

Eu não imagino a minha vida sem ele.

Eu o amo.

Eu o amo com a mesma intensidade que amo o Lucas.

Mas estamos no meio de uma revolução.

Meus amigos estão aguardando a execução. O Lucas está com a vida em risco. Estamos sendo perseguidos. E eu sei que nem o Nathan nem o Lucas vão me perdoar tão fácil.

Ainda não consigo acreditar que ele se abriu daquela forma comigo, que ele ainda confia em mim. Mas a dor do que eu fiz continua presa nos olhos dele, e eu não posso negar que ele tem todos os motivos para sentir que o iludi, que brinquei com os sentimentos dele.

E além de tudo isso, saber que é possível curar todo mundo é a motivação que me faltava.

Sempre repudiei o que a Matriz faz, mas ter certeza de que eles nos transformaram em escravos e nos mantiveram assim de propósito levou o meu ódio para um nível totalmente novo para mim. E não vou descansar até que eles sejam punidos por todo mal que nos causam há décadas.

O barulho dos Soldados se amontoando na sala me tira dos meus pensamentos e sinto um alívio. Sei que preciso sentir esse ódio, mas ele me sufoca.

Eles começam a formar um círculo e, pelas suas expressões, estão ansiosos pela declaração do Príncipe.

— Eu estou olhando para as pessoas que começaram a mudar a história. — Nathan começa. Consigo ver o respeito e a admiração no rosto de todos. — Não vou fazer nenhum discurso neste momento, nós não temos tempo para isso. Só quero informá-los de que apesar de os planos não terem saído como tínhamos planejado, nós vamos encontrar uma forma de derrubar o Sistema. — Algumas pessoas aplaudem. — Assim que tivermos definido os passos que vamos dar a partir de agora, nós avisaremos vocês. Entretanto, se alguém tiver alguma questão, ficarei satisfeito em responder.

— Vossa Alteza... — Alguém fala.

— Nathaniel. — Ele diz interrompendo o rapaz. — Eu não sou mais o Príncipe, sou um Resistente como vocês.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora