Fronteira | 15 ºC
Contagem regressiva: 4 dias- Anna! - Lucas diz sorrindo ao vê-la e ela sorri de volta. - O que você está fazendo aqui? - Observo-o andar na direção dela e abraçá-la.
Nathan olha para mim, tenho certeza que está tentando analisar minhaexpressão. Mas além da surpresa, não vejo problema nenhum de ela estar aqui.
- Eles não falaram para vocês? - pergunta quando se separam do abraço. - Minha mãe é amiga do diretor deste hospital, foi ela quem o convenceu a receber vocês. E fiz questão de estar aqui quando chegassem.
Claro que se conhecem. A mãe da Anna trabalha no Hospital do Setor 7, ela deve conhecer os Diretores de todos os outros hospitais já que se reúnem frequentemente. E, dessa forma, deve ter conseguido uma dispensa do trabalho sem muita dificuldade para a filha.
E claro que ela fez questão de vir.
- A Lea não nos disse nada, a não ser que era um hospital clandestino - Lucas comenta.
Olho à volta à espera de encontrar Clairy, mas Anna parece estar sozinha, o que é ainda mais decepcionante.
Tento desfazer a expressão de desgosto no meu rosto. Sei que, mesmo não gostando, a visita dela pode fazer bem para o Lucas. Não é a mãe dele ou o irmão, mas é alguém que foi muito próximo a ele nos últimos anos.
— Oi, Emily, Nathaniel — cumprimenta-nos. Apenas faço um gesto de cabeça em resposta, e acompanho o Nathan que se aproxima deles. — É um hospital clandestino, mas está ligado ao principal hospital da Fronteira e vocês podem ter acesso a tudo o que estiver lá se precisarem. Esta ala aqui está desativada e ninguém lá do hospital tem acesso a ela. São só vocês? — ela quer saber.
— Não, os outrosestão chegando, viemos em carros separados. — Armon responde, estendendo a mãopara cumprimentá-la.
- Está bem, eles me disseram que vocês eram oito. - Ela se vira e abre uma porta branca quase imperceptível. - Vocês podem entrar, vou ficar aqui esperando eles chegarem. No fundo, à esquerda, estão os quartos. E não se preocupem com as janelas, não dá para ver para o lado de dentro - conclui.
- Eu faço companhia para você - Lucas se apressa a dizer e entrega a caixa vermelha para o Armon, que não hesita nem por um momento e atravessa a porta.
— Não demore — digo e me arrependo na mesma hora. Não é ciúme, é só preocupação. Você precisa tirar a roupa molhada — justifico.
Lucas não pode ficar doente neste momento. Isso só complicaria tudo ainda mais.
Nathan vai a seguir efica me esperando. Mas antes de atravessar a porta, olho para o Lucas mais umavez. Conheçoaquela expressão nos olhos dele. Espero que ela tenha notícias da família dele,porque ele está esperando. Suspiro e deixo os dois a sós.
Caminho rápido. Estou cansada, nervosa e tremendo de frio. Só quero chegar logo ao quarto.
- Espera, Em - Nathan diz, fazendo-me parar. Ele tira a minha mochila, e finalmente consigo respirar um pouco. Ela está tão pesada, que não insisto em levá-la. Também tenho certeza que ele não me devolveria.
Com a outra mão, Nathan segura a minha, mas consigo sentir a tensão.
Eu sei que ver a Anna o faz se lembrar de tantacoisa que aconteceu na Matriz. Por isso, não é de surpreender que a expressãodele esteja cheia de remorso. Mas não quero que ele se sinta assim, já temosproblemas demais no nosso presente, não precisamos ressuscitar mágoas dopassado. Entrelaço os dedos dele nos meus e ele acaricia o dorso da minha mãocom o polegar enquanto continuamos seguindo Armon que anda a passos largos.
Ao contrário do que imaginava quando vi o prédio do lado de fora, aqui dentro nada parece em ruína, muito pelo contrário. O corredor é amplo e os azulejos brancos o fazem parecer ainda maior. Nada é muito moderno, mas ao menos não passa a sensação de claustrofobia que me acompanhou nos últimos abrigos.
Quando chegamos ao final do corredor, olho antes para a direita e vejo uma porta dupla com várias mesas, armários e cadeiras à frente dela.
- O que é aquilo? - tento fazer a minha voz não parecer nervosa, mas sei que não tenho sucesso.
- Devem ter barricado a porta - Nathan diz sem ligar muito para o assunto.
Viramos para o lugar indicado e vejo Armon entrar em uma das primeiras portas. Ainda de mãos dadas com Nathan, vamos até o fim do corredor. Olho pela janela de vidro, mas só vejo escuridão do lado de fora.
- Temos que mudar de roupa - digo quando noto que ele não quer soltar a minha mão. Também não quero soltar a dele.
- No meu quarto ou no seu? - pergunta e sinto o meu rosto corar. Acho que isso o faz rir. Olho fascinada, tem sido raro os momentos me que o vejo descontraído.
Ele solta a minha mão, aproxima-se de mim e segura o meu rosto. É tão inesperado sentir a boca dele na minha, que demoro um pouco para entender o que está acontecendo. Depois do selinho roubado, ele me entrega a mochila e me viro tentando fazer minhas pernas não vacilarem enquanto caminho para o quarto. Consigo sentir os olhos dele em mim.
Fecho a porta e me encosto à porta. Deixo a mochila cair no chão e fecho os olhos tentando fazer o coração desacelerar. Ele sabe como me desestabilizar.
Tiro o cachecol, o casaco e as botas e nem acredito quando vejo que tem um banheiro dentro do quarto. Coloco a roupa molhada na pia e, depois de me certificar que a água está morna, tiro o resto da roupa e entro no chuveiro.
Quando funcionava, esta ala deveria ser dos apartamentos caríssimos que quase ninguém tem condições de pagar.
Visto-me com a roupa que não molhou dentro da mochila.
Quando abro a porta, vejo o Nathan me esperando do lado de fora.
- Os outros chegaram? - pergunto.
- Sim, estão esperando por nós para jantarmos.
Respiro fundo antes de voltar a estar cara a cara com a Anna.
I wanna give you wild love
The kind that never slows down
I wanna take you high up
That our hearts be the only sound
I wanna go where the lights burn low
and you're only mineEu quero te dar amor selvagem
O tipo que nunca desacelera
Eu quero levá-la até lá em cima
Que nossos corações sejam o único som
Eu quero ir para onde as luzes esmaeçam
e você seja apenas minha
(Wild Love | James Bay)Esse Reizinho é um fofo roubando beijos e fazendo propostas indecentes, não é?
Um capítulo levezinho, mas amanhã tem mais!
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A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)
Science FictionTrilogia COMPLETA ⚠ ATENÇÃO! Este é o segundo livro da trilogia A RESISTÊNCIA, a sinopse pode conter spoilers. Após descobrir que Emily faz parte da Resistência, o Príncipe Nathan se verá em um perigoso jogo de mentiras e conspirações que promete de...