Capítulo 15 (Dia 3)

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Setor 6 | 10 ºC
Contagem regressiva: 16 dias

Estamos reunidos do lado de fora do prédio esperando Matt voltar com o aparelho de telefone para irmos até à vila. O céu continua nublado, mas não ameaça chover. Pelo menos não nas próximas horas.

— Você está com o mapa? — Nathan pergunta quando Armon se aproxima de nós. Ele tira o mapa da mochila e o entrega.

Eles se encostam ao parapeito e decidem sobre o caminho a fazer para a vila.

— Vamos a pé? — Matt pergunta quando se junta a nós.

— Não vou deixar a Emily aqui sozinha e ela ainda não pode fazer essa caminhada — Nathan diz. Ele não consegue confiar nas pessoas e, sem nenhum deles aqui, eu também não consigo me sentir segura.

Entramos todos no carro e saímos devagar pela estrada cheia de buracos.

O vilarejo está abandonado, assim como a escola, e vegetação no espaço entre eles é densa, o que nos ajuda a ficar escondidos. No entanto, à medida que nos aproximamos, as árvores ficam cada vez mais escassas.

Meredith parece realmente impressionada com o que está vendo.

Assim como este, há muitos outros vilarejos abandonados nos Setores. Alguns foram desabitados logo após a Terceira Guerra, outros foram evacuados por ordem da Matriz, com a intenção de manter todos no mesmo espaço para ter mais controle sobre a população.

— Sempre vi cidadesabandonadas em filmes, e não estava enganada... elas realmente causam arrepios— Meredith diz. — Olhem para esta. — A médica aponta para uma mansão em ruínascom a copa de uma árvore saindo de onde deveria estar um telhado.

Armon para no mesmo instante e Mere e eu continuamos admirando a casa ao nosso lado. Perguntas começam a se formar na minha cabeça. Tento reconstruir o lugar, imaginar o muro de ferro enferrujado pintado de branco, cortinas delicadas nas janelas, um jardim bem cuidado na frente.

Pelos filmes, tudo parecia tão diferente que é difícil de acreditar que algo assim realmente existiu. Um lugar livre desses vírus, onde as pessoas eram livres para ir e vir e ninguém precisava de um antídoto para sobreviver.

— Não é nessa rua — Armon diz, tirando-me dos meus pensamentos. Ele, Lucas, Nathan e Matt analisam de novo o mapa e percebem que cometeram um erro uns quarteirões atrás, onde deveríamos ter virado.

Armon entra de marcha à ré na calçada praticamente destruída do casarão e fazemos o caminho de volta até a rua que eles acham que deveríamos ter virado.

O silêncio de apreensão dentro do carro faz com que o som do motor pareça alto demais e, agora sim, sinto que estamos no meio de um filme de suspense e que algo vai acontecer em qualquer momento.

— É aqui — Lucas diz depois de alguns momentos de tensão, e Armon se aproxima do acostamento, parando o carro.

O prédio é totalmente quadrado e tem apenas uma porta na parte da frente e algumas janelas na lateral. Olho para o outro lado e a única coisa que vejo é um muro alto rodeando todo o quarteirão. Algumas partes dele desabaram, e o que continua de pé parece estar em muito mau estado, ameaçando cair em qualquer momento.

Armon, Lucas e Matt saem e se dirigem à parte traseira do carro. Ouvimos o porta-malas ser aberto e depois Matt e Lucas passam por nós carregando um pequeno gerador de energia.

— Vocês vão ficar aqui vigiando? — Armon pergunta.

Quando Nathan responde que sim, ele vai ao encontro do Lucas e do Matt que já estão mesmo na frente da porta.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora