Capítulo 19 (Dia 4)

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You know I want you
It's not a secret I try to hide
You know you want me
So don't keep saying our hands are tied

Você sabe que eu te quero
Não é um segredo que tento esconder
Você sabe que me quer
Então não fique dizendo que estamos de mãos atadas

Setor 6 | 12 ºC
Contagem regressiva: 15 dias

Ontem, depois do susto e de nos sentirmos aliviados com a volta do Armon, verificamos todas as armas que temos disponíveis. Escolhemos um local, uma hora, elaboramos o plano. Por mais arriscado que seja, não temos opção.

Hoje, passamos horas discutindo sobre o que planejamos, considerando todas as hipóteses.

Nada pode falhar.

Nathan não abriu mão de ir. Houve resistência por parte do Lucas e do Matt e levou algum tempo para chegamos a um consenso, mas eles não conseguiram derrotar a obstinação do Nathan. E, claro, como ele não quer que eu fique sozinha com os outros Resistentes, fez com que eles aceitassem que eu também participasse. O que não foi muito difícil depois que Nathan e eu argumentamos sobre porque eu deveria ir.

Lucas vai estar na linha de frente, então é preciso ter alguém com conhecimentos médicos que possa ajudar caso seja necessário. Mere não é opção. Ela e o Lucas são os únicos médicos que temos, não podemos arriscar os dois ao mesmo tempo. Além disso, depois da crise de pânico de ontem, ela foi a primeira a dizer que não se sentia confortável e que tinha medo de atrapalhar mais do que ajudar. Por isso, Mere fica na base e eu vou. Não sou médica, mas posso ajudar se for preciso.

Decidimos que eu ficaria com o Nathan em algum lugar mais afastado, mesmo que ele tenha alegado que o ferimento já não dói, o que sabemos que não é totalmente verdade. Então, nós dois vamos ficar apenas como reforço.

Matt, Lucas, Armon e Vítor vão abordar o carro.

São quase vinte horas.

O sol já se pôs há algum tempo e por mais que possa haver uma lua cheia e brilhante, a luz dela não ultrapassa o teto de nuvens.

Olho para a estrada que já deve estar quase preparada para o ataque e sinto um aperto no peito.

Se o Gabe estiver do nosso lado e tudo correr bem, em breve teremos o antídoto para salvar Lucas e Armon. Caso contrário, não quero nem imaginar o que pode acontecer.

Olho impaciente para o relógio tentando me sentir confortável com o silêncio de Nathan. Ele está em pé, olhando para a estrada, esperando o sinal de luz do Matt informando que está tudo preparado.

A postura dele está rígida, sua expressão é séria: ele está pronto para combate.

Vemos Matt dar o sinal que esperávamos e Nathan vem na minha direção.

Ajeito a minha postura no assento do carro. Quando chega ele abre mais a porta e coloca a mão no teto, inclinando-se um pouco na minha direção.

— Eu preciso que você me prometa uma coisa, Em — diz chegando perto de mim o suficiente para fazer o meu coração acelerar. Ele sabe o poder que tem sobre mim e o usa sem hesitar.

— O quê? — pergunto.

Ele se abaixa um pouco mais até eu sentir a respiração dele em mim, o que faz um arrepio percorrer todo o meu corpo.

— Quevocê não vai se colocar em perigo — responde, emum sussurrorouco, que mexeu mais comigo do que mostro. — Nunca mearrependeria deter trazido você, mas não me dê motivos para me sentir culpado —conclui,olhando-me nosolhos.

— Por que eu me colocaria... — Começo a perguntar, mas ele me interrompe.

— Apenas me promete, Em! Eu não sei o que faria se alguma coisa acontecesse a você — diz e não é difícil entender o que está nas entrelinhas. Tento me controlar, mas cada parte de mim, cada célula do meu corpo reage ao que não foi dito. O desejo de beijá-lo pulsa dentro de mim, incontrolável. Eu me aproximo, mas ele se afasta um pouco. — Não me distraia — pede, mas sei que está se controlando tanto quanto eu.

— Eu prometo — sussurro.

— Obrigado — Nathan diz com uma expressão protetora se afastando um pouco. — Agora, você pode me ajudar a tirar a isso? — pergunta e percebo que está falando sobre a tipoia.

Saio do carro e fico em pé de frente para ele.

Abro a fivela da alça que passa pelas costas. Desencaixo a fivela frontal e retiro a alça que passa por trás do pescoço dele. Sinto o rosto esquentar quando vejo a boca dele tão perto que tenho que fazer um esforço para me lembrar do que estou fazendo.

Suspiro fundo para voltar a controlar os meus batimentos cardíacos e na mesma hora percebo que não deveria ter feito isso, só mostrou para ele o que ele causa em mim. Vejo um meio sorriso quando nota que a provocação dele funcionou. Afinal, ele poderia ter tirado a tipoia sozinho. Ele é orgulhoso demais para pedir ajuda, por isso, a intenção dele era outra.

Abro os fechos aderentes na parte do antebraço e a retiro do braço dele.

Ele não se move.

Olho para a tipoia nas minhas mãos incapaz de encarar o rosto dele.

Ele guarda a arma e coloca as duas mãos no meu rosto, deslizando uma até a minha nuca, sendo vencido pelo magnetismo que nos une. Deixo a tipoia cair e coloco a mão no peito dele, agarro o casaco e o puxo com cuidado para não machucá-lo. Sinto nossas bocas quase encostando quando milhões de pensamentos passam pela minha cabeça.

Milhões de sentimentos.

Mas um dele parece gritar no meu ouvido.

Culpa!

Culpa me pede para parar.

— Desculpa, Em — diz quando nota a minha hesitação e se vira tão rápido que não tenho tempo de contestar. Fico olhando ele se afastar, tentando fazer a minha respiração voltar ao normal. Não sei se o que sinto é alívio ou decepção, mas então a minha frustração é interrompida pelo som de carros se aproximando.

You think it's easy
You think I don't want to run to you
But there are mountains
And there are doors that we can't walk through

Você acha que é fácil
Você acha que eu não quero correr pra você
Mas tem montanhas
E tem portas que não podemos atravessar
(Rewrite the Stars | James Arthur feat. Anne-Marie)


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A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora