Setor 6 | 12 ºC
Contagem regressiva: 17 diasLevanto-me e viro o mais rápido que consigo.
Eu prometi que não iria chorar, que não iria desabar na frente dele, que seria forte por nós dois. Mas eu não consigo. Sinto todo o medo de perdê-lo escorrer nos meus olhos, assim como a culpa e a vergonha de tudo o que fiz nos últimos meses. Minha garganta se aperta me deixando sem ar.
Ele está parado conversando com alguém da Resistência e vejo o outro rapaz, que acredito que seja o Armon, andando na direção deles.
— Ele não vai me perdoar. — Digo com a voz embargada. O medo quase me sufoca. — Como ele poderia?
— Vocês têm uma história juntos e isso pesa. Tenho certeza que vão se entender. — Ela suspira parecendo desejar de verdade que isso aconteça. — Se você precisar de algo, eu vou estar por aqui. — Diz e se afasta, enquanto eu continuo olhando para ele.
Ele parece tão diferente. Talvez seja a barba por fazer ou o cabelo, nunca o vi tão grande. Ele parece mais velho, mais rebelde.
Acho que ele sente o peso do meu olhar e então se vira para mim.
A única coisa que eu sinto é o meu coração parar antes de quebrar em milhões de pedaços.
Ele continua olhando para mim, mesmo que a pessoa ainda esteja falando com ele, como se não conseguisse desviar o olhar, como se todo o resto tivesse deixado de existir e fôssemos apenas nós dois.
Não sei onde encontro forças para continuar de pé quando sei que deveria me ajoelhar e implorar para que ele não me deixe. Não vou suportar perdê-lo.
Ele não pode morrer.
Eu me curvo para frente incapaz de lidar com a dor e rapidamente não consigo ver mais nada, só consigo ouvir o choro que não tenho forças para tentar controlar.
Tudo o que sinto é dor, medo, desespero.
Uma onda de alívio passa por mim quando sinto as mãos dele segurando o meu rosto, enxugando as minhas lágrimas.
— Para de chorar, Em. — Mas a voz dele faz o meu coração se partir mais um pouco. Não digo nada. Não só porque eu não consigo falar, mas porque não sei o que dizer. Então ele me envolve em um abraço que eu preciso mais do que ar.
Por um momento eu me sinto feliz por estar nos braços dele. Por um momento eu me permito apenas sentir as mãos dele nas minhas costas, a respiração dele no meu pescoço, as batidas do coração dele contra o meu peito. Mas dura apenas alguns segundos. Segundos de paz que eu queria que se eternizassem. E então a dor volta, e mesmo sem permissão ela me afoga em um turbilhão de sentimentos ruins.
Ele não pode morrer!
Sinto ele me abraçar com mais força quando os soluços saem uns após os outros e eu preciso me esforçar para conseguir respirar.
Ele não me solta até eu parar, até eu não ter mais lágrimas. Respiro fundo algumas vezes tentando fazer a dor diminuir.
— Eu te amo — sussurro no ouvido dele e então me afasto para olhá-lo nos olhos.
Lucas abaixa os olhos castanhos. Eles têm um tipo de dor que eu não conhecia. Então um movimento chama a minha atenção para o andar de cima do prédio.
Nathan.
Ele está olhando para nós em uma das varandas, mas quando os nossos olhos se cruzam, ele se vira e se afasta, desaparecendo pela porta.
Meu coração se parte mais um pouco.
Volto a olhar para o Lucas que não diz nada, apenas pega no meu cabelo como ele costumava fazer. Eu não devo estar muito diferente pra ele, sem maquiagem, sem penteados e as roupas caras, exatamente como ele me viu a vida toda.
— Algum dia você vai me perdoar? — Pergunto incomodada com o silêncio dele.
Coloco a minha mão no peito dele e ele a cobre com a mão dele.
— Não há nada para perdoar, Emily. — Responde.
Mas eu não ouço nenhum tipo de emoção na voz dele. Isso junto com a frieza do olhar faz os meus olhos se encherem de lágrimas de novo. Então ele tira a minha mão do peito dele e elas descem juntas, mas ele puxa lentamente a mão dele da minha. Sinto uma dor cortante me atravessar quando elas se separam.
Enquanto eu luto para não voltar a chorar, vejo o Nathan se aproximar.
Esse não poderia ser o pior momento.
— Lucas. — Ele diz com um leve aceno de cabeça. Tento me recompor, limpando uma lágrima que insistiu em cair.
— Nathaniel. — Lucas responde.
Eles não estendem a mão para o outro.
E, por mais que pareçam cordiais, sinto que estou presenciando o início de uma guerra fria.
"Settle down with me
And I'll be your safety, you'll be my lady
I was made to keep your body warm
But I'm cold as the wind blows
So hold me in your arms""Fique comigo
E eu serei seu protetor, você será minha mulher
Eu fui feito para manter seu corpo aquecido
Mas eu sou tão gelado quanto o vento que sopra
Então me envolva em seus braços"
(Kiss Me | Ed Sheeran)Faz quase cinco anos que ouvi essa música pela primeira vez e o Lucas apareceu para mim. A trilogia A Resistência surgiu exatamente aqui, nesse reencontro, depois que o Lucas salva a Emily e passa a ser ele quem precisa ser salvo, embora, na época, eu não soubesse nem ao menos contra o que eles estavam lutando.
E sim, a Emily é ruiva de olhos azuis por causa do Ed Sheeran, cujas músicas inspiraram essa trilogia e o meu romance.
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A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)
Science FictionTrilogia COMPLETA ⚠ ATENÇÃO! Este é o segundo livro da trilogia A RESISTÊNCIA, a sinopse pode conter spoilers. Após descobrir que Emily faz parte da Resistência, o Príncipe Nathan se verá em um perigoso jogo de mentiras e conspirações que promete de...