Capítulo 30 (Dia 6)

12.1K 1.8K 1.3K
                                    

Setor 7 | 13 ºC
Contagem regressiva: 13 dias

But you'll never be alone
I'll be with you from dusk till dawn
Baby, I'm right here
I'll hold you when things go wrong

Mas você nunca ficará sozinha
Eu estarei com você do crepúsculo ao amanhecer
Amor, eu estou bem aqui
Eu vou te apoiar quando as coisas derem errado


A conversa com a Clairy fica repassando na minha cabeça no caminho de volta. Tento me controlar na frente do Lucas, já basta ele estar sofrendo pela mãe dele, não quero que se preocupe comigo também.

Mas não consigo.

As lágrimas continuam caindo.

Lucas apenas me abraça enquanto conversa com o Vitor, talvez para tentar se distrair ou me distrair, mas nem ao menos sei sobre o que estão falando. Só consigo pensar no sofrimento que ela está passando agora e não pode nem demonstrar.

Quando percebo que chegamos no caminho de terra, sinto um alívio por não estamos mais tão expostos. Mas ele só é completo quando entramos na base.

Saio do carro e vejo Anna ir até o Armon. Ela vira os olhos para mim, mas os desvia rápido demais sem conseguir me encarar.

Vários sentimentos fazem com que eu me sinta mal e me arrependa de verdade do que aconteceu hoje.

— O que você vai fazer? — Lucas pergunta, quando me vê olhando para a Anna e começar a ir na sua direção.

— Me desculpar — aviso, e ele me dá um sorriso contido.

— Emily — Armon me cumprimenta quando chego perto dos dois.

— Você poderia nos dar licença? — pergunto, forçando um sorriso para mostrar para ele que está tudo bem. Anna não olha para mim.

Armon se afasta, e não perco tempo. Sei que Anna tem que voltar para o hospital.

— Eu poderia dizer que os últimos dias têm sido intensos e difíceis — começo e noto que fazer a coisa certa está sendo mais fácil do que eu tinha imaginado —, mas nada justifica o que fiz. Nada me dá o direito de agir daquele jeito.

— Você só reagiu à minha provocação — Anna fala, encarando-me agora com olhos sinceros. — Os dias também não têm sido fáceis para mim, Emily, e eu sei o quanto você ama e se importa com o Lucas. Não deveria ter falado aquilo.

— Você me desculpa então? — pergunto, e vejo Anna dar dois passos na minha direção.

— Por favor, Emily. — A voz dela está carregada de emoções, mas não consigo distingui-las. Anna sempre foi muito contida, até poderia usar a palavra fria, mas nesse momento ela está falhando em manter essa fachada. — Eu que tenho que pedir desculpa. Você sabe que sempre gostei do Lucas, não sabe? — A voz dela é um murmuro baixo e envergonhado. — Quando o conheci, não sabia que ele estava comprometido, e quando notei que havia algo no dia em que vi vocês juntos pela primeira vez, já era tarde demais. E eu tentei esconder, deixar de sentir...

— Você não tem culpa por ter se apaixonado por ele — interrompo, quando me coloco no lugar dela e percebo que não deve ser fácil se expor desse jeito. — Não posso dizer que nunca me senti insegura, você é linda, inteligente, com todos os ideais revolucionários que ele sempre teve — Anna dá um sorriso retraído —, mas nunca culpei você por isso, nunca culpei você por gostar dele. Até porque você sempre respeitou nosso relacionamento. — Respiro fundo para ganhar tempo e organizar o que tenho que falar, afinal, é melhor aproveitar o momento para esclarecer tudo. — O registro que você entregou para a Resistência no dia em que acompanhei o Lucas à casa da Olivia me causou muitos problemas.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora