Capítulo 28 (Dia 6)

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Setor 7 | 13 ºC
Contagem regressiva: 13 dias

Enxugo as lágrimas antes de ir em direção àporta. Pelas batidas, não tenho dúvida de que é o Lucas. Seguro a maçaneta, mas antes de abrir respiro fundo.

— Posso entrar? — pergunta, e inspeciono rapidamente o corredor constatando que ele está sozinho. Faço um gesto com a mão, e ele passa por mim. — Desculpa, Em. Eu deveria ter dito que a Anna viria, mas não sabia que seria tão cedo...

— Você a chamou? — pergunto, interrompendo o que ele estava falando e tentando controlar a indignação na minha voz.

Depois de tudo o que ela fez, Lucas nem sequer hesitou em trazê-la.

— Sim — responde quando olho para o rosto dele que parece se converter em culpa. — Preciso ver minha mãe, e a Anna é a única pessoa que pode me ajudar porque ela tem acesso ao carro do hospital e pode nos levar até a fábrica sem dar nas vistas. Sei que você está com raiva e não acredita que ela está do nosso lado, e não tenho como provar o contrário para você neste momento... Mas essa é a única forma de encontrar a minha mãe.

Abaixo os olhos, incapaz de encará-lo.

— Desculpa, Lucas. — Minha voz quase não sai. — Claro que você precisa ver a Clairy.

— E não posso fazer isso sozinho — diz.

— Você não está sozinho, está com a Anna — digo impulsivamente.

— Eu preciso de você — diz, com a expressão se tornando intensa rapidamente.

Encontrar a mãe dele neste momento não vai ser fácil. Nem para mim, muito menos para ele.

Afinal, essa situação não é justa com ninguém, mas nem imagino o sofrimento da Clairy. Ela ama tanto os dois filhos que não tenho dúvida que se pudesse daria a vida para salvá-los.

— Claro que eu vou com você — aviso.

Nunca deixaria o Lucas passar por isso sozinho.

Visto o casaco preto por cima do suéter cinza e saímos do quarto.

Olho para a esquerda e vejo Armon e Anna conversando na porta que dá para a garagem. Desvio o olhar rapidamente antes que ela se vire e então viramos para a direita e caminhamos até a sala principal.

Kyle está lá com os outros resistentes e continuamos caminhando até encontrar Matt, Vitor e Nathan em uma das salas do outro corredor.

— Não me sinto confortável com o perigo de você sair da base, mas entendo — Nathan diz depois de eu explicar que vou me encontrar com Clairy. — Eu não me importaria de ir com vocês — sugere com a voz cheia de preocupação.

— Você não pode ir — Matt fala. — Temos que preparar o resto das coisas e sem o Lucas aqui já vai ser difícil.

Nathan não tem como argumentar e eu vejo a dor na expressão dele. Eu sei que sair da Base e andar no meio do Setor 7 não é uma situação muito segura, e ele sabe que não pode me impedir.

— Não há a menor chance de a Anna entregar vocês? — Nathan me faz pensar pela primeira vez nisso e sinto um frio na barriga com essa possibilidade. Lucas confia nela e eu confio no Lucas. E é a última oportunidade de ver a Clairy, pelo menos antes de encontrarmos o antídoto.

Acho que vale a pena o risco.

— Ela não vai — Lucas responde seguro encarando o Nathan. — Eu nunca colocaria a Emily em risco se tivesse uma chance disso acontecer.

Nathan engole em seco. Ele sabe que o que o Lucas falou é verdade. Mas como alguém que já foi traído algumas vezes, parece continuar desconfiado. Pelo olhar dele, eu sei que daria tudo para eu não ter que ir.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora