Capítulo 55 (Dia 11)

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Fronteira | 13 ºC
Contagem regressiva: 8 dias

Enquanto observo as luzes das viaturas iluminarem em vermelho o nevoeiro denso, sinto minhas mãos suarem frio. Faltam apenas dois quarteirões, mas é exatamente onde a polícia parece estar. Isso faz o medo me dominar.

Eu estava errada! Acho que nunca mais vamos estar seguros.

— O que vamos fazer? — pergunto, apesar de ver que eles continuam discutindo, afinal, não é uma decisão fácil. — Eles podem estar precisando da nossa ajuda — completo aflita.

Sinto um frio na barriga por imaginar que Mere pode ter sido presa. Penso nos rapazes também, mas não sei até que ponto ela aguentaria uma situação dessas.

— Se formos presos juntos, não vamos poder ajudá-los — Kyle fala. Por mais que pareça egoísta, ele tem razão. Pelo menos aqui fora, poderíamos tentar resgatá-los, mesmo que esses dias tenham provado que isso não é uma tarefa tão fácil quanto imaginamos.

Os minutos se passam e Lucas e Nathan continuam conversando entre eles, apesar de ainda parecerem entorpecidos pelo que aconteceu mais cedo.

Mesmo que o guarda não tenha morrido, pelo menos não na nossa frente, isso vai sempre assombrar o Lucas, não tenho dúvida. E o Nathan sempre se sentirá culpado por ter levado o Lucas a atirar em alguém para salvá-lo.

— Robert Adams — Kyle diz baixinho no meu ouvido depois de se aproximar de mim. — O nome do guarda no qual o Lucas atirou é Robert Adams, eu vi a placa no peito dele. Pensei que talvez vocês fossem querer ter certeza do que aconteceu — fala me surpreendendo e parecendo ter lido os meus pensamentos. Em nenhum momento pensei em fazer isso, mas fico feliz de saber que agora temos essa possibilidade. Mesmo assim, vou guardar a informação para mim, não quero deixar o Lucas ansioso.

Agradeço e então ele tira a minha arma do casaco e me entrega.

— Pode ficar com ela — digo, mas ele insiste. Quando a pego da mão dele, ele me mostra outra arma.

— Agora eu já tenho a minha, peguei emprestada do Robert — sorri orgulhoso.

Só então percebo o quanto ficamos perturbados naquela situação, nem ao menos reparamos no que o Kyle fez.

— Boa, Kyle — digo e forço um sorriso de volta. Então olho de novo para os dois. — Ei — chamo a atenção deles enquanto guardo a arma no casaco.

A mochila nas minhas costas parece ter o dobro do peso de quando deixamos o abrigo, apesar de não ter acrescentado nada. Estou exausta, minha perna dói, meus pés também. E até agora continuo tremendo, meu corpo ainda cheio de adrenalina.

— O melhor é irmos para o abrigo mais próximo — Nathan diz vido com Lucas para o nosso lado. Ele percebe que o peso da mochila está me incomodando e então me ajuda a tirá-la.

— E esperar que eles estejam bem? — pergunto sem ocultar a decepção e a irritação na minha voz. Eu sei que é o melhor a fazer, mas a ideia de abandoná-los não me causa uma sensação boa.

— Esperar que eles estejam no lugar onde combinamos ou que não os encontrem no abrigo se ainda estiverem lá — Lucas responde. — Vou ver se consigo ver algo — diz e faz sinal para Kyle o acompanhar.

— Lucas — seguro a mão dele o que faz se virar e olhar para mim. — É melhor não nos separarmos.

— Vou só até o fim do muro — diz apontando. — Descanse um pouco, nós ainda vamos ter que caminhar bastante.

Hesito em deixá-lo ir, mas não tenho forças de contrariá-lo. Sinto apenas a mão dele soltar a minha aos poucos.

Fico olhando enquanto se afastam, mas o peso do olhar do Nathan em mim desvia a minha atenção. Encaro-o sem saber o que a expressão dele quer dizer, mas não é difícil de imaginar que ele está chateado comigo.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora