Capítulo 45 (Dia 9)

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Fronteira | 13 ºC
Contagem regressiva: 10 dias

Merda! — Matt exclama quando chegamos na rua indicada no mapa.

São quase seis horas da manhã.

O azul-escuro do céu está sendo substituído por um tom mais claro, e uma faixa alaranjada surge no horizonte. Mas, acima de nós, o que vejo é uma cobertura densa de nuvens.

Estamos todos parados encobertos pela sombra lateral de uma casa e o que vemos é uma rua totalmente habitada. A esta hora, conseguimos ouvir até o barulho das pessoas que estão se arrumando para irem trabalhar.

— O que vamos fazer? — Mere pergunta em um sussurro baixo.

Olho para Alana encostada a ela. Ela parece tão cansada que o meu coração se aperta. Lily continua dormindo nos braços de Armon.

— Não podemos voltar — Lucas diz. — Nem que seja só por hoje, temos que ficar aqui.

Eles conversam entre eles e pedem para esperarmos deste lado.

Observo Lucas, Matt, Vitor e Nathan atravessarem a rua e desaparecerem no meio das casas à nossa frente. Kyle resmunga qualquer coisa por não terem chamado ele.

Não há nada de diferente na casa de número trinta e dois, o nosso destino. Embora tenha dois andares, o que não é muito comum aqui na Fronteira, ela tem o tom de cimento igual a todas as outras casas, uma porta na frente e duas janelas.

A única coisa que chama realmente a atenção são as hortênsias azuis. Dois pés, um de cada lado da porta de entrada.

— Fazia tanto tempo que não via flores que começava a achar que eram frutos da minha imaginação — Mere diz e sorri no final. Sorrio também com o exagero dela.

Mas mesmo que as flores realmente tragam alegria, a única coisa que espero é que o porão realmente exista e que o telefone funcione.

Nós precisamos mostrar para Gaia que estamos do lado deles. Precisamos urgentemente do apoio da população.

Um suspiro de Armon me tira dos meus pensamentos.

— Você quer que a segure um pouco? — pergunto enquanto Lily se mexe nos braços dele mudando de posição, mas sem acordar.

— Não é preciso, Emily — a voz dele soa cansada, mas não insisto.

Olho para a casa esperando eles voltarem. Cada minuto que passa me deixa mais nervosa.

— Vou ver o que está acontecendo — Kyle diz nos surpreendendo. Antes que eu consiga dizer qualquer coisa, ele se afasta e atravessa a rua depois de olhar algumas vezes para ambos os lados.

— Finalmente tomou a iniciativa para fazer algo — Mere diz. — Ele está mudando.

— Também acho que sim — digo. Espero não me arrepender de toda confiança que temos depositado nele.

Mais alguns minutos se passam antes de Lucas surgir entre as casas. Quando confirma que é seguro atravessar, ele faz sinal para avançarmos.

— Eu já estava preocupada — digo baixinho quando chego ao lado dele.

— Por incrível que pareça, só o Kyle conseguiu abrir a porta — fala com um tom de surpresa. Armon estava com a gente, então, entendo a demora. Kyle deve ter tido sorte ou estamos subestimando as capacidades dele.

Seguimos rápido pela lateral e, na parte de trás, vejo Nathan na escada que leva para o porão.

Desço devagar, minhas pernas estão tremendo por causa de todo o esforço que fizemos nos últimos dias. Antes eu poderia afirmar que estava mais cansada mentalmente. Mas, depois dessa noite, não tenho dúvida que meu corpo foi realmente levado ao limite.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora