A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)

Capítulo 69 (Dia 17)

How much more are we gonna take
How many nights do we have to lie awake
How many tears are we gonna cry

Quanto mais vamos ter que aguentar
Quantas noites temos que ficar acordados
Quantas lágrimas vamos chorar

Fronteira | 12 ºC
Contagem regressiva: 2 dias

Respiro fundo quando chego à frente da enfermaria.

Evitei esse lugar desde que chegamos, achei que nunca precisaríamos usá-lo, mas é melhor eu começar a encarar as coisas como elas são... ou podem vir a ser em breve. Parte de mim quer se agarrar à esperança de que o Nathan vai conseguir algo, mas eu preciso ser realista agora.

Abro a porta e me sinto invadida por um cheiro familiar, que rapidamente me traz lembranças da minha outra vida que agora parece tão distante. Dou alguns passos para dentro e meu coração para quando vejo os dois leitos preparados. Desvio os olhos e respiro fundo mais uma vez tentando controlar a vontade de ir embora, mas ouvir a voz da Mere e Matt na outra divisão da enfermaria me faz andar rápido até eles.

— Oi, Em — ela diz quando me vê e Matt me cumprimenta e nos deixa sozinhas. — Imaginei que você viria. — Seu cabelo loiro está amarrado em um rabo de cavalo apertado e ela fica linda assim.

Encosto-me em uma mesa vazia e olho à volta e não consigo não expressar surpresa. Há muito mais coisas do que eu esperava.

— Eu acho que não posso mais fugir — digo e suspiro fundo no final. — Desculpa, Mere. Sei que você não teve opção hoje cedo, eu só não quero perder tempo quando posso estar com o Lucas ou tentando encontrar uma solução. Mas eu entendo o que você fez e sei que a decisão não foi só sua. Nathan e Lucas decidiram isso com você.

Depois de pousar o medidor de pressão em uma prateleira, ela vem na minha direção e se encosta ao meu lado.

— Você é a pessoa mais forte que eu já conheci, Emily. Depois de tudo o que já passou e que tem passado nos últimos dias, eu só me surpreenderia se você continuasse mantendo o controle.

— Mesmo assim, Mere, eu não deveria ter...

— Ei, escuta. Você esteve em uma situação limite hoje — ela me interrompe — É normal perder o controle nesses picos de estresse e ansiedade. Nenhum de nós seria louco de julgar você, muito pelo contrário. Nós sabemos o esforço que tem feito para manter a esperança viva no grupo. Quando eu vejo o Nathan ainda lutando pelo Lucas ou o Lucas indo contra tudo o que acredita para salvar o Nathan... Meu Deus, Em, você tem ideia de como isso é lindo e poderoso? O amor que você sente por eles os aproximou em vez de afastá-los. Você trouxe o melhor do Kyle, você enxergou algo bom nele quando nenhum de nós via. Você é movida por amor e é esse amor que tem nos fortalecido. Não se cobre tanto, Em.

— Eu só consigo sentir vergonha, Mere. Não me lembro de tudo o que aconteceu, eu estava completamente fora de mim. Eu continuo tão impulsiva...

— Você não vai conseguir mudar isso, Em. É um traço de personalidade muito forte e as situações não ajudam. No futuro, quando estivermos fora dessa revolução, você vai ter tempo para pensar antes de agir. Quando tudo tiver acabado, você não verá mais armas apontadas para as pessoas que ama ou terá revelações como a que teve hoje. Mas pensa pelo lado positivo. A sua impulsividade salvou o Kyle quando ele caiu no rio, resgatou a Alana e a Lily, foi a faísca da Revolução que Gaia espera há anos.

As palavras dela agora me acalmam.

A verdade é que nenhum deles me olhou de forma diferente. É por isso que o grupo funciona, não somos rápidos em julgar o outro, mas estendemos a mão imediatamente quando o outro precisa.