A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)

Capítulo Especial | Nathan

When your fears are not fading
And there's parts of you breaking
I'll hold the pieces all together with my hands

Quando seus medos não estiverem desaparecendo
E há partes de você se quebrando
Vou segurar os pedaços juntos em minhas mãos

NATHAN

Observo a Emily sair da cozinha e andar rápido em direção ao quarto. Ela parecia chateada ou triste, não sei dizer, apenas me olhou de longe e hesitou por um momento. Acho que ela quer vir aqui, mas, como não estou sozinho, decidiu tomar a outra direção. Peço licença ao Matt e ao Vitor que estão na minha frente e ando na direção dela.

Ela some da minha visão no mesmo momento em que chego à porta da cozinha. Vejo o Lucas em pé de costa com as mãos entrelaçadas na parte detrás da cabeça.

Eles provavelmente brigaram de novo.

Não penso duas vezes antes de me desviar do caminho e entro no cômodo que tem um cheiro forte de café.

— Lucas — cumprimento-o e sigo até o armário. Pego uma chaleira e vou até a pia para enchê-la de água. Não quero que pareça que entrei para falar com ele, já que isso pode fazer com que não se sinta confortável. Além disso, acho melhor levar uma xícara de chá para a Emily quando sair daqui.

Ele solta os dedos e abaixa os braços devagar enquanto se vira para mim.

— Ei — diz, sem esconder a tristeza na voz.

Acendo a boca do fogão e pouso a chaleira em cima da chama amarela, antes de dar toda a minha atenção para ele.

— Ela saiu daqui... — começo a falar, mas hesito sem saber se estou indo longe demais ao falar sobre ela com ele. Nós conversamos muito sobre muitos assuntos, mas nunca sobre a Emily, nunca ultrapassamos esse limite. Não é um assunto que nos deixa muito confortáveis.

— Chateada — ele completa, surpreendendo-me. — Ela consegue ser tão teimosa — diz, enquanto tira o casaco e o pousa em uma das cadeiras vazias. — Você poderia ir falar com ela? — pergunta.

Coloco um pouco de café que ainda está quente em uma xícara e o aroma rapidamente me desperta. Mesmo em meio a toda esta agitação, eu preciso de cafeína. E para ser sincero, nunca gostei de chá, que é a única alternativa que temos, embora eles agora me lembrem da Emily.

— Não, agora não — respondo e me encosto à bancada. Reparo em como ele parece nervoso e exausto. A situação em que estamos tem deixado todo mundo ansioso. — Eu quero ouvir você — digo, quando percebo que ele não está na defensiva e tomo um gole do café.

— Ela deve estar precisando de alguém... de você — insiste, com uma expressão confusa e parecendo não entender a minha reação.

Claro que a Emily é minha prioridade, e vê-la bem é a única coisa que anseio em todos os momentos. Não suporto a ideia de ela não estar bem, mas não posso ignorar o Lucas, principalmente quando sinto que algo está mudando entre nós.

— Você também está precisando de alguém — digo e sorrio, tentando quebrar um pouco mais do muro que nos separa e que já nem deveria existir. Para a minha surpresa, ele sorri de volta. Eu gosto do Lucas, não escondo isso de ninguém. Se não tivéssemos nos conhecido nestas circunstâncias, não tenho dúvida que uma amizade já teria surgido. — Você pode contar comigo, como amigo, Lucas. Posso tentar ajudar vocês. — Ofereço-me, mas apenas porque sei do que essas brigas se tratam, e, apesar de entender a Emily, também não posso negar que o Lucas tem razão.

Ele me encara com aqueles olhos castanhos intensos e confusos. Eu passo a mão no cabelo tentando arrumá-lo um pouco, pelo menos é o que sempre acho que faço. Mas a Emily diz que esse é o gesto que denuncia quando fico nervoso. Acho que ela pode estar certa, por alguma razão, o Lucas faz com que me sinta assim.