Capítulo 34 (Dia 7)

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Setor 3 | 12 ºC
Contagem regressiva: 12 dias

— Está aqui o que você pediu — Armon diz entregando-me um pedaço de papel e um mapa. Olho para o endereço escrito e suspiro. — A sala de controle mais próxima é a número quatro. Eu já marquei no mapa os dois pontos.

— Você quer mesmo fazer isso? — Matt pergunta. Vejo culpa nos olhos dele, mas eu sei que ele tentou cumprir com o que me prometeu. Se ele falhou, eu falhei tanto quanto ele.

— Sim. — Minha voz sai decidida apesar de saber que posso ficar despedaçada. — Eu devo isso a ela.

Lucas me olha e parece que vai dizer alguma coisa, mas desiste.

— Está quase na hora de colocar o plano em ação. Vamos! — Matt diz fazendo todo mundo dispersar, mas Lucas e Nathan permanecem ao meu lado.

Coloco todo o meu cabelo dentro do gorro e agradeço pela noite estar bastante fria. Assim podemos nos agasalhar bem para tentarmos passar despercebidos.

— Eu não queria que você fosse — Lucas diz sem rodeio. — Não há necessidade. Além disso, você não está completamente bem depois do que aconteceu hoje. — Nisso ele tem razão. Todo o meu corpo continua dolorido e o ruído no ouvido não desapareceu. Eu nunca quis tanto poder deitar e dormir umas horas seguidas, sem pensar em nada. Mas a única coisa que eu posso fazer é encontrar forças, colocar as dores e o medo de lado e dar o meu melhor para esse plano dar certo.

— Eu não vou deixá-la aqui sozinha, Lucas — Nathan diz, antes que eu possa tentar contestá-lo. O tom dele não é autoritário, mas ele está com aquela determinação nos olhos que sei que é difícil contornar.

— Ela não está preparada para isso — Lucas responde.

— Ela está — Nate diz. — Você a conhece mais do que eu, sabe que ela é muito mais forte do que parece. Além disso, eu não iria conseguir me concentrar sem tê-la por perto. — Não vejo nenhuma agressividade no diálogo dos dois, mas eu sei que eles estão medindo as palavras e fazendo um esforço para se controlarem.

E além de toda a tensão da iminência deste ataque, eu estava ansiosa por este momento. Nós vamos em duplas, e até agora não tinha sido definido quem seria a minha.

— Então você está sugerindo levá-la com você? — Lucas pergunta e eu começo a ficar chateada. Eles não podem querer tomar decisões por mim.

— Sim — Nathan responde.

— Vocês estão falando como se eu não estivesse aqui ou não pudesse decidir sozinha — digo chateada. — Obrigada por se preocupar comigo, Lucas. E, Nate, obrigada por confiar em mim. Mas a decisão de ir ou ficar é minha — deixo claro.

— E o que você quer? — Lucas pergunta.

De repente a raiva que estava sentindo há pouco é substituída por algo que só o amor dos dois me faz sentir. Mesmo de forma diferente, ambos querem apenas me proteger.

— Não se trata do que eu quero — começo a responder olhando naqueles olhos castanhos onde só vejo preocupação. — Não quero declarar mais uma guerra contra a Matriz. Não quero sair hoje sem saber se vou voltar, sem saber se vocês dois vão voltar. Não quero ter o peso da morte dessas pessoas nos meus ombros. Mas nunca se tratou do que eu quero, e sim do que é preciso fazer. E mais do que qualquer outra coisa, eu preciso fazer isso — digo.

Os dois ficam em silêncio por um momento, até o Lucas começar a falar.

— A decisão sempre foi sua, sempre será sua. Eu só me preocupo com você — fala.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora