A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)

Capítulo 33 (Dia 7)

Setor 7 | 10 ºC
Contagem regressiva: 12 dias

Desperto tossindo compulsivamente.

Vejo os olhos castanhos do Lucas bem perto do meu rosto enquanto água continua saindo da minha boca.

— Meu Deus, Em. Nunca mais me assuste desse jeito — Lucas diz com os olhos aflitos segurando o meu rosto enquanto tento entender o que está acontecendo. Meu corpo continua me obrigando a tossir e a puxar ar desesperadamente, como se eu tivesse deixado de fazer isso por algum tempo.

Não demora muito para me lembrar do que aconteceu e uma medo lancinante dói mais do que a água gelada nos meus pulmões.

— Nathan. — Minha voz está tremendo, assim como o meu corpo todo. — Onde ele está? — Sinto uma mão apertando a minha e, quando o Lucas solta o meu rosto, olho para o lado e o vejo ajoelhado com uma expressão de alívio.

— Eu estou aqui. — O cabelo molhado está caindo no rosto dele, ele parece mais branco, os lábios estão com um tom de roxo. Devo ter a mesma aparência que a dele. Ele levanta a minha mão e a beija. Mas eu não sinto calor quando a boca dele encosta na minha pele. Ele está tão gelado quanto eu.

— Ela vai ficar bem, Nathan — Lucas diz, e Nathan começa a se levantar.

— Vou matá-lo — Nathan ameaça.

Tento segurar a mão dele, mas não tenho força e ela desliza pelos meus dedos fácil demais. Sei o que ele vai fazer, e o Lucas não só concordou, mas o incitou a ir atrás do Kyle.

— Onde ele está? — Nathan pergunta para Matt com um ódio mordaz vibrando na voz dele.

— Vai com calma, Nate — Matt se coloca na frente dele, mas não consegue pará-lo.

— O Kyle não teve culpa, Lucas — digo fazendo um esforço imenso para que as palavras saiam compreensíveis. Eu queria dizer que me desequilibrei por causa da dor na perna e ele tentou me segurar, mas não consigo. Eu não estou só preocupada com o Kyle, mas com o Nathan também. Ele ainda está se recuperando.

— Você e o Nathan poderiam ter morrido, Em — Lucas começa, com uma calma na voz dele que não gosto de ouvir. — Eu não vou interferir. — Fala o que eu temia. — Não é a primeira vez que o Kyle coloca a vida de vocês dois em risco.

Puxo o ar devagar e fecho os olhos, rendendo-me. Não tenho força para impedir o que está prestes a acontecer.

— Se não fosse uma questão pessoal do Nathaniel, eu próprio iria dar uma lição no Kyle — Vitor diz com os olhos voltados para onde o Nathan caminhou. Reparo que ele está sem casaco, assim como o Lucas.

— Também não sou a favor de violência, mas o Kyle está merecendo — Armon fala.

— Eu não tive culpa... eu tentei segurá-la... — Ouço o Kyle dizer, mas pelo grito da Mere, tenho certeza que o Nathan nem considerou. Eu ainda tinha esperança que alguém conseguiria impedi-lo.

Esforço-me para me levantar e vejo Kyle no chão com a mão no rosto, Mere está abaixada ao lado dele e Matt está na frente do Nathan impedindo que ele volte a se aproximar.

— Nunca pensei que veria o Comandante perder o controle assim — Vitor diz com um sorriso satisfeito. — Se alguém encostasse um dedo na minha Jane, também acabaria com a pessoa sem pensar duas vezes.

— Quem é Jane? — Armon faz a pergunta que eu teria feito se conseguisse parar de tremer. E agora não é só de frio, é de nervosismo também.

— A mulher com quem voume casar — Vitor responde, exibindo um sorriso arrebatado, que não tornao rosto dele menos intimidante. — Ela ficou na Matriz, mas éuma Resistente também. E a sua esposa? — pergunta para Armon. — Onde ela está?