Capítulo 27 (Dia 6)

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Setor 7 | 13 ºC
Contagem regressiva: 13 dias

Depois da conversa com o Gabe, passamos o resto do dia fazendo planos.

Primeiro reunimos o que trouxemos da outra base com o que estava à disposição nesta e fizemos um inventário de tudo, enquanto o Nathan explicava, com todos os detalhes, como será a implosão do Setor 3.

Mas não aguentei ficar com eles por muito tempo, estava cansada demais para continuar fazendo planos e sentir o meu ódio pela Matriz aumentar sempre que as imagens da implosão se formavam na minha cabeça. Também não tinha mais sistema nervoso para aguentar a tensão de estar no mesmo lugar que o Lucas e o Nathan.

Depois de levar o jantar da Mere e dar a medicação comoprometi ao Matt e, claro, de ela me obrigar ausar máscara paraeu não ser infectada pelo resfriado, fui para o quarto.

Não tive um sono tranquilo.

Estava ansiosa demais com a nossa ida para o Setor 3 e com tudo o que pode acontecer lá. Para ser sincera, não sei se passei mais tempo acordada ou dormindo. Às duas da manhã, ouvi quando eles vieram dormir.

Acordei cedo hoje e estou esperando todos chegarem para saber se realmente vamos para a estrada de novo, se o plano que eu tinha ouvido ontem se mantém.

Nathan e Vitor estão do outro lado da sala conversando, e sorrio com a cabeça baixa quando percebo pelo reflexo que o Nathan não tira o olho de mim.

Kyle está jogado em um dos sofás cantarolando uma música irritante qualquer, quase acabando com a minha paciência.

Tenho vontade de gritar para ele parar, mas então ouço uma voz conhecida se aproximando. De repente a raiva que estava sentindo do Kyle, direciona-se para a pessoa.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto sem controlar a agressividade na minha voz quando vejo a Anna entrando na sala ao lado do Armon. Eu me levanto bruscamente e começo a andar na direção dela.

Vejo que o Nathan estreita os olhos surpreso com a minha reação.

— Oi, Emily — ela me cumprimenta, ignorando completamente minha recepção nada acolhedora. — Tudo bem? Soube o que aconteceu, eu queria pedir desculpa — diz, quando chego perto o suficiente para apenas eu ouvir. Mas a calma da qual já senti inveja, agora me irrita.

Ela está diferente, ou é apenas impressão minha, já que eu raramente a vi sem aquela bata desbotada do hospital. O cabelo preto está solto como de costume, e ela ostenta um batom vermelho e olhos bem marcados. Como nos velhos tempos, eu estava com o coque habitual, sem nenhuma maquiagem no rosto. E é estranha a forma como isso me deixa insegura agora.

— O que você fez não tem desculpa — falo, tentando que seja baixo o suficiente para ninguém mais, além dela e do Armon que está mesmo ao nosso lado, ouvir. — Você tem ideia do que aquilocausou?

— Me desculpa, Emily, nunca foi minha intenção prejudicar você — diz com o olhar arrependido, que quase me convence. Mas o Lucas pode cair nessa conversa, eu não.

— Aquelas informações colocaram minha vida em risco, colocarama vida do Lucas em risco — grito impulsivamente, e sinto todos os olhos se virarem para nós.

— Você fala como se se importasse com ele — ela responde e a única coisa que eu sinto é a minha mão no rosto dela.

— Emily! — Ouço a voz de repreensão do Lucas que está chegando e vejo o Nathan se aproximando também. Anna levanta o rosto e ajeita o cabelo, com os olhos brilhando, mas não vejo raiva. — O que deu em você? — Lucas pergunta visivelmente espantado com a minha atitude.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora