Capítulo 40 (Dia 8)

13.4K 1.7K 1.1K
                                    

Setor 3 | 12 ºC
Contagem regressiva: 11 dias

Nós precisamos ir embora por todos os motivos.

Eles sabem que estamos no Setor 3 e não podemos correr o risco de sermos encontrados. Além disso, faltam apenas onze dias para o fim do efeito do último antídoto que Lucas e Armon receberam, e a Fronteira é a nossa última opção para encontrar o antídoto para eles.

Estamos em apenas um carro. Diante de tudo o que aconteceu, seria arriscado demais andar com todo o grupo. Eles decidiram voltar para o Setor 7 onde a Base é maior e muito mais escondida. Além disso, depois do decreto de Lei Marcial, não restou dúvida que não poderíamos ajudar os feridos. A segurança estará mais apertada principalmente naquela área onde provavelmente eles esperam nos encontrar.

Armon dirige o mais rápido que pode na estrada cheia de buracos e obstáculos.

O silêncio dentro do carro é perturbador. Nem mesmo o Kyle está fazendo os comentários irritantes de sempre. Acho que ainda estamos em estado de choque com tudo o que aconteceu.

Além disso, sabemos que tudo vai ser mais difícil a partir de agora.

A força militar assumiu o poder. Ou seja, a maior autoridade de Gaia nesse momento é o Gabe, o Comandante da Guarda Real. E isso realmente me assusta.

Por mais de uma vez, ele deixou claro que quer que o Nathan volte para a Matriz. Prefiro não pensar sobre isso, porque a dúvida sobre o que ele quer causa arrepios em mim.

Olho pela janela do carro.

Quanto mais avançamos em direção à Fronteira, mais a paisagem muda. Tudo aqui é muito diferente do meu Setor ou do Setor 6. Os pinheiros e eucaliptos, aos poucos, dão lugar à floresta temperada, com bordos, carvalhos, castanheiros e faias.

O céu está nublado, mas sem qualquer indício de chuva. Às vezes, alguns raios de sol aparecem penetrando a folhagem densa da vegetação, para rapidamente se extinguirem de novo. De qualquer forma, isso já se reflete na temperatura que deve ter subido alguns graus, o que torna a viagem menos desconfortante do que todas as outras vezes.

Mas embora o frio não esteja incomodando, algo pior está fazendo isso. Mesmo de olhos abertos, os momentos que vivemos há pouco ficam passando na minha cabeça. Suspiro quando o Nathan pega a minha mão me fazendo olhara para ele. Deve ser um daqueles momentos em que a dor é forte demais para ele aguentar sozinho. Então eu entrelaço os dedos dele nos meus e acaricio o dorso da mão dele com o polegar.

Eu sei que é pouco. Eu queria abraçá-lo. Eu queria tirar a dor que ele deve estar sentindo neste momento. Mesmo que ele não me olhe, vejo o brilho nos olhos estreitos dele. Mas o maxilar está rígido e, a forma como ele aperta a minha mão, me faz querer saber o que ele está pensando.

Desvio o olhar e vejo o Lucas no banco da frente com o Armon.

Tenho medo de que em poucos dias seja eu que tenha que ser consolada pelo Nathan. Tenho medo por mim e por ele, porque tenho certeza que não tenho a força que ele tem. Tenho certeza que não vou aguentar.

Dou um suspiro alto o que faz o Nathan passar o braço dele pela minha cintura e me puxar para perto. Mesmo imerso na dor dele, ele continua atento ao que posso estar sentindo e sempre faz o que pode para me confortar. Sinto-me culpada por isso. É ele quem precisa de mim agora.

Depois de uma subida gradual, que só notei por causa da sensação estranha no ouvido, Armon e Lucas encontram o local para fazermos a primeira parada.

Não é uma base nem um armazém. É apenas uma estão de serviço abandonada. Mas ao menos tem banheiros e mesas ao ar livre onde podemos comer alguma coisa.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora