Capítulo 36 (Dia 7)

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Setor 3 | 10 ºC
Contagem regressiva: 12 dias

Viro-me devagar com os braços levantados seguindo as instruções da voz atrás de mim.

Eu já vi isso antes.

Não é a primeira vez que tenho uma arma apontada para mim.

Não é a primeira vez que o Nathan está apontando a arma para a pessoa que quer me matar.

— É melhor você ficar parado — o Soldado diz para o Nathan quando ele tenta se colocar na minha frente.

— Você sabe que sou mais rápido que você — Nathan diz tirando o gorro rapidamente com uma mão enquanto a outra está segurando a arma no peito do soldado à nossa frente, mesmo que a cara de surpresa dele já tivesse denunciado que sabia com quem estava lidando. — Abaixe a arma, isso é uma ordem! — a voz do Nathan é uma ameaça.

Sinto as minhas mãos começarem a suar frio enquanto continuo imóvel. Meus olhos encontram os do soldado e eu o encaro, mantendo-os determinados, não vou demonstrar medo. Nem para ele, muito menos para o Nathan.

Lembro-me então do revólver na minha jaqueta, mas, com os braços ainda levantados, não há a menor chance de conseguir pegá-lo.

— Quando o Comandante Gabriel disse que o Príncipe de Gaia estava do lado dos rebeldes nenhum de nós acreditou — o Soldado diz franzindo as sobrancelhas e dando um passo na minha direção.

Se ainda precisávamos de alguma prova de que o Gabe tinha nos traído, aqui estava ela.

— Você não vai querer tocar nela! — Nathan grita quando o soldado começa a se aproximar de mim, provavelmente querendo tirar o meu gorro e confirmar quem eu sou.

Ao mesmo tempo, Nathan também aproveita para se colocar um pouco mais na minha frente, mas a última coisa que quero nesse momento é que essa arma seja apontada para ele. Não iria conseguir me controlar, não hesitaria em tentar pegar o revólver mesmo que isso fosse perigoso.

E, mais do que nunca,entendo a promessa que Nathan se recusou a me fazer há pouco.

Isso não pode estar acontecendo!

— Calma, Vossa Alteza — diz debochado. — Só quero confirmar que é a Curada do Setor 7. O Comandante pediu para não matar vocês, mas para levá-los com vida para a Matriz se os encontrássemos.

Então todas as dúvidas voltam.

O Gabe está nos protegendo? Se não estivesse do nosso lado, provavelmente teria dado ordens para nos matar imediatamente, não para nos manter vivos.

— Se você continuar apontando a arma para ela, o único que vai voltar para a Matriz é você — Nathan provoca. — Voltar morto — frisa essa última parte.

O Soldado ri com a ameaça, mas consigo ver a arma tremer na mão dele.

Ele conhece o Nathan, sabe quais são as habilidades dele. Dá para ver medo e respeito nos seus olhos, mesmo que tente esconder. E, como todo soldado moldado para dar a vida pela Matriz se for preciso, ele não recua. O dedo está posicionado no gatilho, e apenas um toque leve seria capaz de atingir fatalmente meu coração.

Fecho os olhos.

Primeiro vem o barulho, então o chão vibra debaixo dos meus pés.

Mas não é tiro, são bombas explodindo em algum lugar perto daqui.

O Soldado parece tão desnorteado quanto eu, mas Nathan se aproveita da situação para me tirar da mira da arma e desarmar o soldado que cai no chão. Étudo tão rápido que não consigo acompanhar.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora