A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)

Capítulo 38 (Dia 8)

Setor 3 | 10 ºC
Contagem regressiva: 11 dias

"Povo de Gaia, eu esperei muito por esse dia. Lutem por liberdade. Apoiem Nathan, Lucas e Emily,eles são a Resistência, estão do lado de vocês. E mesmo que não veja o que vai acontecer, eu estou orgulhosa de você, meu filho. Não é culpa sua, eles já tinham planejado isso desde o início. Eu amo você, nunca se esque..."

Não houve interferência, a transmissão simplesmente é cortada e apenas uma tela preta aparece. Meu coração acelera e quero acreditar que o acabou de acontecer não foi real.

Não pode ter sido!

— Droga! — Matt diz perdendo a calma que costuma ter e quebrando o silêncio sufocante. E isso não é um bom sinal.

Meus olhos procuram involuntariamente o Nathan. Ele continua em pé, olhando para a televisão, parecendo estar em estado de choque.

Faço as palavras da Rainha se repetirem na minha cabeça, tentando não entendê-las como uma despedida, mas não consigo. Foi isso que ela quis dizer quando falou "mesmo que eu não veja o que vai acontecer" ou "não é culpa sua".

Fecho os olhos e respiro fundo ao pensar no que o Nate está sentindo neste momento.

Levanto-me para ir até ele, mas o toque de recolher soa me paralisando. Ele é alto e perturbador. Vejo a expressão assustada e confusa de todos à volta. Olho para o Lucas que me devolve um olhar preocupado. O toque de recolher nunca soou em outro horário. Isso nunca aconteceu em todos os anos que vivi nos Setores.

— Eu avisei você, Em — Kyle diz se aproximando de mim. A voz dele não tem desdém e ele também parece genuinamente assustado. — O Gabe é louco — as palavras dele tiram o meu fôlego.

Vou até o Nathan e pego na mão dele. Enquanto ele me olha nos olhos, vejo apenas dor que ele está sentindo.

— Eu preciso falar com ela, Em — Nate fala visivelmente em negação. Não acredito que a Rainha esteja no Palácio Real e atenda essa chamada. Eu sei que no lugar dele eu também teria esperança, mas dói ver isso.

Quando Nate expressa a vontade dele para o resto do grupo, Armon nos guia para a sala que preparou para as chamadas telefônicas.

Ninguém tem coragem de dizer para o Nathan o que todos já imaginamos. E espero que a esperança dele não seja vazia, que ele consiga falar com a mãe.

Depois de algumas portas, entramos em uma das salas que tem apenas uma mesa e alguns aparelhos em cima dela.

Vou até a janela quando o Nathan se afasta de mim e esperamos enquanto o Armon prepara o telefone.

— Alguém viu vocês? — Matt pergunta se aproximando de mim. Olho aqueles olhos verdes quase transparentes e só vejo preocupação. — Alguém identificou vocês?

— Um soldado — respondo. — Quando estávamos a caminho da casa da Nina, ele nos parou e nos reconheceu. Nathan conseguiu rendê-lo, e apesar de ameaçar matá-lo eu o impedi. Nós o deixamos preso.

— Então o Gabe tem certeza que fomos nós — Matt diz, parecendo estar confirmando as suas teorias.

— Eu não poderia deixá-lo matar uma pessoa — digo me sentindo culpada pelo que está acontecendo.

— Você fez bem, Emily — diz quando percebe o que estou pensando. — Mais cedo ou mais tarde o Gabe iria descobrir. Nada disso é culpa sua ou de tudo o que fizemos ontem. Você ouviu o que a Rainha disse.

Eles já tinham planejado isso desde o início.

— O que você acha que está acontecendo? — pergunto esperando que ele diga algo diferente daquilo que estou imaginando.