A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)

Capítulo 20 (Dia 4)

Setor 6 | 12 ºC
Contagem regressiva: 15 dias

- Entra no carro, Emily! - Nathan grita me fazendo sair do estado de choque.

Ele abre a porta e logo depois me vejo lá dentro, sem saber exatamente onde encontrei forças para me mover. Nathan me ajuda a colocar o cinto de segurança, engata a marcha e pisa no acelerador, indo o mais rápido que o caminho por entre as árvores permite.

Tudo parecia controlado.

Eles estavam em posição, como ficou acordado. Lucas e Armon do lado esquerdo da estrada, ocultos pelas árvores. Vitor e Matt, do lado direito. Eles tinham revólveres, munições, granadas de gás e máscaras.

Tudo ficou pronto antes do horário que o Gabe disse que passariam.

Por isso, quando vimos o farol de três carros, não nos surpreendemos, afinal, já os esperávamos. O da frente e o de trás eram viaturas da polícia que estavam escoltando o caminhão com o carregamento de antídotos do Setor 7.

O carro que vinha na frente parou quando viu o bloqueio que eles colocaram na estrada fazendo com os que de trás também parassem. Os faróis de todos eles ficaram ligados, por isso, conseguimos ver os vultos saindo dos carros.

Vultos armados.

Mas também tínhamos levado isso em consideração.

Assim que todos saíram, as granadas de gás foram lançadas. O gás começou a subir, misturando-se à luz dos faróis deixando tudo embaçado. Mesmo assim conseguimos constatar que as granadas tinham surtido efeito quando vimos duas pessoas do carro da frente caíram no chão como previsto.

Depois disso, a fumaça ficou densa demais, e o Nathan e eu não conseguimos ver mais nada. Esperamos ansiosos por alguma movimentação, mas o que aconteceu a seguir nós não vimos.

Nós ouvimos.

Tiros.

Não era para haver tiros.

Tudo estava correndo como planejado.

O barulho ainda ecoa nos meus ouvidos. Tento me lembrar quantos disparos ocorreram, mas não consigo. O pânico me paralisou.

— Você está bem? — Nathan pergunta ao mesmo tempo em que tenta se desviar das árvores e dos galhos baixos.

— Sim — minto,tentando meacalmar e limpando nas calças o suor que escorre dasminhas mãos.

Nós pensamos nessa situação, ponderamos que poderia haver troca de tiros se o plano não desse certo. Na teoria, eu deveria estar preparada para isso. Mas na prática, sem saber se alguém foi atingido, não consigo nem ao menos parar de tremer.

Só agora percebo o quanto tudo isso foi arriscado. O Lucas disse que seria perigoso demais para o que parecia ser uma emboscada. Ele tinha razão. Mas não tínhamos alternativa. Precisávamos do antídoto e saber se o Gabe está do nosso lado.

Espero que todos estejam bem e que os antídotos estejam no caminhão.

Mas então me lembro de novo dos tiros.

Sinto meu estômago embrulhar. A mesma sensação que tive quando vi as armas apontadas para o Nathan nos momentos antes da nossa fuga da Matriz. Primeiro as de Matt, a seguir a do Kyle. E depois os sons dos tiros que nos atingiram.

Tudo vai ficar bem! Repito algumas vezes, mas isso não afasta o medo que quase me sufoca. Nada está bem.

Será que eu vou ver armas apontadas para os meus amigos agora? Será que elas estariam apontadas para o Lucas? E aqueles tiros, será que atingiram alguém?