Capítulo 62 (Dia 16)

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But there's no way that he can feel the same
Cause when I think of you my mind goes wild

É impossível ele amar você como eu
Porque quando eu penso em você eu vou à loucura

Fronteira | 12 ºC
Contagem regressiva: 3 dias

— Não queria te assustar — Nathan diz enquanto caminho na direção dele e me sento na beira da cama. A luz da vela dança na parede deixando o ambiente acolhedor. Toco no rosto dele o que o faz fechar os olhos.

— Não me assustou — minto. Claro que foi uma surpresa, não estava esperando encontrá-lo aqui e sorrio sem conseguir esconder o quanto fiquei feliz. Pensar nos momentos sozinha antes de dormir ou com medo de acordar de madrugada e perder o sono, o que sempre tem acontecido, faz-me ficar sempre ansiosa. — Você está bem? Não consegue dormir? — Ao contrário de antes, ele está bem sério agora, como em todos os momentos em que estamos sozinho e ele se permite tirar a máscara.

— Estou bem, só achei que você iria precisar de mim — respiro fundo quando ele segura a minha mão e me puxa para um abraço. Não quero desabar na frente dele.

Depois de um tempo, mesmo contrariando a minha vontade de ficar nos braços dele, afasto-me um pouco. Não sabia que tinha dado tempo de o Lucas falar sobre a carta com ele e isso me deixa curiosa.

— O Lucas falou com você? — pergunto, mas ele faz de confuso. — Sobre a carta?

— Que carta? — Confirmo que ele não sabe de nada. Mas por que ele achou que precisaria dele?

— A Anna trouxe uma carta do Mike, o irmão dele — explico.

— Por isso ele estava tão distante? E foi sobre isso que ele queria falar com você? — pergunta e confirmo com a cabeça. — Eu imaginei que seria por outra coisa.

— O que? — indago quando percebo que ele não vai falar.

— Ele mencionou que você não quer falar com ele. — Tento interrompê-lo, mas ele continua. — Você não está facilitando, Em. Eu sei que não é fácil para você, mas essa conversa é inevitável. Não podemos fingir que está tudo bem, mesmo que ainda haja esperança.

Afasto-me um pouco mais dele.

— Você não pode me cobrar isso — digo sem pensar. — Todo mundo está fingindo que está tudo bem. Todo mundo, com exceção da Mere. Se você não me fala o que está sentindo, não tem o direito de me cobrar nada. Muito menos que eu tenha uma conversa de despedida com o Lucas. Você sabe o que isso significa?

Ele respira fundo e não reage imediatamente às minhas palavras. Acho que está surpreso com a forma como eu fui agressiva. Levanto-me da cama e ele segura o meu pulso.

— Podemos conversar? — pede com a voz suave.

— Não. — Eu achava que tinha conseguido evitar a conversa. É tão difícil eles entenderem que não consigo?

Livro-me da mão dele, sigo para o banheiro e fecho a porta. Pego a mochila que estava na bancada, mas a dor é tão grande que a deixo cair e me apoio na pia sem conseguir respirar. O Lucas pode morrer e eu não posso fazer nada para impedir. Também não consigo tirar a dor que vejo nos olhos do Nathan mesmo que ele faça de tudo para escondê-la de mim.

Ligo a torneira para ele não ouvir o meu choro, não consigo controlar o soluço.

— Em... vem aqui, amor. — Ouvir a voz dele só me faz chorar ainda mais, o que me impede de dizer qualquer coisa para ele. — Não consigo te ouvir assim. Por favor, me deixa entrar. — A voz dele acaba comigo.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora