Cobra: Mas amanhã é o aniversário do Índio, tu vai pra onde? - Coloquei o moletom no ombro.
Lua: Pra casa dos meus pais, tô com saudades.- Ajeitei a mochila nos ombros.
Ele falou mil coisas, foi contra até o fim, mas eu sempre consigo conversar com ele.
Cobra: Só por que eu confio em tu e sei que tu não vai me decepcionar nunca.- Entregou a chave do carro na minha mão.
Mari: Não vai amiga, vou chorar.- Fez drama.
Lua: Gente, que isso.. no máximo três a quatro dias.- Falei abraçando todos.
Vic: Deixa eu ir com você então.- cruzou os braços.
Cobra: Isso é coisa dela, Vic.- Beijou a lateral da cabeça dela.
Lua: Vocês fazem drama por tudo, euhein.- Beijei a cabeça de cada um.
Sai e coloquei a boça no carro, eu iria embora sem falar com ele, mas eu precisava devolver as coisas.
Respirei fundo e dei a volta no carro, fui até a casa principal do morro e desci com a chave em uma mão e o celular em outra.
Entrei sem perrengue nenhum, bati na porta e fiquei esperando.
Kauã: Tá batendo pq? Tem mão não? - Falou assim que viu que era eu.
Lua: Grosso.- Resmunguei.- Cadê o teu pai?
Kauã deu espaço e eu vi o Índio com o controle em mãos.
Índio: Vamo conversar.- Falou assim que me viu.
Caminhei até ele e dei o celular na mão dele.
O mesmo celular que ele me deu e insistiu pra caralho pra eu aceitar.
Lua: Obrigada, mas ele é seu.- Falei em poucas palavras.
Índio: Que isso pô, eu te dei o bagulho de coração.- estendeu novamente.
Lua: Deu errado, eu sou interesseira, colega! Dá próxima dar um da última geração, um melhor! - Fui bastante de debochada.
Índio: Vamo conversar porra.- Tentou segurar minha mão.
Lua: Tchau, Kauã.- Beijei o rosto dele e falei no ouvido.- Eu tô de olho em você, mesmo de longe.
Kauã: Pra onde tu vai? - Falou alto.
Lua: Passar alguns dias com meus pais, tô precisando.
Índio: Amanhã é meu aniversário, Lua.
Lua: Não posso dar parabéns adiantado tem uma lenda que diz que dá morte.- Sorri amarelo.- Mas pelo mesmo motivo, te dou parabéns!!
Índio: Para com isso pô, eu tava chapado quando eu falei o bagulho.
Lua: Engraçado, que você mesmo disse segundos antes, que tava super flex, fumando um meczado.- Revirei os olhos.
Fui saindo e quando eu já tava lá fora ele me segurou.
Índio: Tu tá terminando comigo? - Fiquei calada.- Ei? Namoral, pra que tudo isso?
Lua: Ah caralho, eu só quero ficar uns dias com a minha família, eu posso? - Me soltei.
Índio: Eu quero tu no meu aniversário amanhã.- Pediu.
Lua: Se eu conseguir chegar a tempo eu venho.- Falei já sem paciência.
Índio: A gente tá bem ou não, porra? - Falou alto.
Lua: Fala baixo.- Falei no mesmo tom que ele.- A gente tá com raiva, eu tô com raiva. Não quero ficar perto de você.
Índio: Perdoa pô.
Lua: Tá bom, deixa eu só desconfiar de você, falar basicamente que você tá comigo só pelo meu dinheiro, te comparar com uma mulher que foi uma filha da puta, mas no fim, vou te pedir perdão e vai tá tudo certo, ok?
Índio: Então toma cuidado, avisa aonde tu tá e com quem tu tá, se já comeu, se dormiu, como tua vó gostosa tá, fala comigo.- Prendi o sorriso e olhei pro outro lado.- Beleza?
Lua: Tá.- Me soltei dele.
Ele forçou um beijo e eu logo me soltei, fui pro carro e liguei.
Poucos minutos que sai do morro, peguei o outro celular que eu já tinha comprado e desliguei ele.
Infelizmente, para mim, promessa é dívida.
E eu já tinha prometido antes que ia pra essa droga de aniversário.
Não iria dar tempo ir e voltar da casa dos meus pais.
Parei em uma pousada baratinha na praia e fiquei por lá mesmo.
Celular desligado, eu desligada do mundo,sozinha e em paz.

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No Morro
Teen FictionFoi no morro aonde tudo começou, aonde eu descobrir o amor e a dor, que eu descobrir que as pessoas que amamos podem nos dar o mundo, pra depois destruir ele da pior forma possível...