O resultado era sim, foi positivo.
Me sentei na cama chorando de medo, angústia instalada no meu peito.
Enquanto eu lia mil vezes, eu só tinha mais certeza.
Eu estava grávida, de 24 semanas.
Me deitei na cama soluçando, eu tava chorando a beça.
E nem tinha motivos!
Ou talvez sim.
A porta do quarto foi aberta e Índio entrou, coloquei a cara no travesseiro e tentei me controlar.
Índio: Tá chorando pq? Deixa de frescura pô, tu grita comigo, faz os caralhos tudo, eu tava numa hora ruim, fica suave! - Sentou do meu lado.
Lua: Você disse que eu não fazia parte da sua família.- Falei chorando mais e olhando pra ele.
Índio: Foi na hora da raiva, mulher. Deixa de ser cabeça dura.- Beijou minha cabeça.- E fala o verdadeiro motivo.
Lua: Promete não brigar comigo? - Sentei na cama e ele passou a mão no meu rosto.
Índio: Desde quando eu brigo contigo? Euhein.
Lua: O exame deu positivo.- Mostrei pra ele.- Exame de sangue.
Índio: Isso eu já sei, mas é exame pra que? Tá doente?
Lua: Se você considerar filho como doença, sim, estou.- Falei de uma vez.
Índio: Filho? Mas quem tá grávida é Marina, deixa esse trabalho pra ela.
Lua: Mas eu tô falando sério, deixa de caô.- Falei nervosa.
Índio: Mano, cê sabe que eu sempre pedi pra tu tomar cuidado e tomar remédio.
Lua: Sou eu quem tem o pau, que gozo dentro, né!?
Índio: Você é gostosa, vou fazer o que? - Acabei sorrindo.
Lua: O que a gente faz, droga? Eu sinceramente não quero, de coração! Não agora, mais pra frente, quem sabe. Mas agora, eu não iria conseguir dar o amor e tudo que essa criança precisa.
Índio: E eu nem quero filho mais.- Falou me fazendo sorrir sem graça.- Suave em abortar?
Fiquei calada pensando, eu não queria, mas matar...
Matar não.
Lua: Adoção, é melhor.- Falei dando minha última palavra.
Índio: Puta merda..- Passou a mão no cabelo.- Por isso eu só queria seu cu, cu não engravida.
Lua: Pelo amor! E o Kauã? - Ele ficou sério.
Índio: Eu nem sei o que fazer com ele, papo reto!
Lua: Eu até daria minha opinião, mas como não sou da família....- Fiz drama.
Índio: Tu é a base de tudo, preta. Fala aí.
Lua: Sinceramente? Não vai ficar com raiva, não é? - Ele negou.- Você não é presente na vida do Kauã, nenhum pouco! Quando você entra, ele sai e virce versa. Vocês não conversam, nem trocam as idéias de pai e filho. Kauã não tem mãe, só tem você, entende? - Ele assentiu.- As vezes ele conversa comigo, passa madrugada comigo, mas não é a mesma coisa. Ele pode me considerar como melhor amiga, mas o pai dele é você! Você tem que dar todo amor, atenção e carinho pra ele. Vocês vivem juntos mas nem parece, poxa.
Índio: Eu não sei como cuidar dele, porra! - A voz dele fraquejou deixando meu coração pequeno.- Eu não consigo,nem vou conseguir.
Lua: Você consegue sim,cara! Eu tô aqui, não tô? Não é tão difícil você agir com ele, como age comigo! Só dá teu amor a ele e eu garanto que isso vai ser muito.- Deitei a cabeça dele no meu ombro.
Índio: Eu nunca vou conseguir assumir o papel de pai de verdade, namoral! - Falou com a voz bem fraquinha.
Sentir meu ombro molhando e meu coração ficou em cacos, pela primeira vez ele tava chorando ali, comigo.
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Feliz 2019!!
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No Morro
Teen FictionFoi no morro aonde tudo começou, aonde eu descobrir o amor e a dor, que eu descobrir que as pessoas que amamos podem nos dar o mundo, pra depois destruir ele da pior forma possível...