Capítulo Dois

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—Antipático. —Phoebe falou, com os braços cruzados sobre o peito.

—É. Tão bonito e tão... Argh! —Concordei.

—Qual é, meninas. Não é tão ruim. É história. —Noah se sentou ao lado de Phoebe, de frente para mim —Você é ótima em história, Amber. É a sua melhor matéria.

—Não, Noah. Eu era ótima com a professora Fernandez. História é algo que eu nunca... me identifiquei. —Choraminguei —É pior do que matemática.

—Nem fodendo. —Phoebe sorriu —Matemática é o cão de sete cabeças.

—Vocês reclamam de mais. —Noah revirou os olhos.

—Falou o cara que já tem bolsas de estudos em cinco faculdades. —Phoebe bufou.

Noah revirou os olhos outra vez.

—Vocês precisam ganhar a confiança e a amizade desse tal Jason Smith... Não é difícil.

—Falou o cara que é o carisma em pessoa. —Phoebe balançou a cabeça.

—Não enche, Ebe. —Noah bateu na mesa e se levantou —Eu vou ir treinar, querem vir?

—Na verdade, não. —Falei, me levantando também —Eu preciso ir pra casa agora. Minha mãe pegou o plantão do hospital ontem. Vamos almoçar em vinte minutos.

—Eu adoraria te ver correndo suado, Noah. Mas preciso ir ver a minha velha também. —Phoebe se levantou e ajeitou suas meias listradas.

—Vejo vocês amanhã, então. —Noah deu de ombros e piscou antes de se afastar.

—Até amanhã, Ebe. —Falei para a minha amiga e lhe dei um beijo no rosto —Me espera no portão. A primeira aula é do professor Jason Smith. —Resmunguei a última parte e respirei fundo.

—Tá, gata. A gente se fala. —Ela assoprou outro beijo antes de se virar e ir embora.

Peguei minha bicicleta amarela no estacionamento e guardei o cadeado na bolsa, antes de subir nela e pedalar se volta pra casa.

***

Minha mãe estava acabando de pôr a mesa. Era bom não vê-la com o uniforme azul do hospital. Ela parecia usar aquilo durante vinte e quatro horas, o tempo todo. Tinha duas machas escuras abaixo dos olhos e parecia alguns anos mais velha.

Meu pai, infelizmente, havia morrido a dois anos. Apesar de ele nunca ter se casado com mamãe ou ter realmente me registrado como filha, éramos próximos. Mais próximos do que devíamos ser e isso acabou trazendo um luto intenso em casa que pareceu ter acabado quando mamãe conheceu um cara na semana passada.

—Amber, oi. —Ela me viu espiando da porta e sorriu —Vem, o almoço está pronto.

—É bom te ver em casa, mamãe  —Falei e lhe dei um abraço.

—Eu sei que estou trabalhando muito ultimamente, mas está compensando. Acabamos de pagar a última parcela da casa. —Ela sorriu.

—Isso é maravilhoso, mamãe! —A abracei —O papai ia ficar feliz de ver como você está sendo forte e dando conta de tudo sozinha.

—É, ele ia. —Ela suspirou. —Me conta, como foi o seu primeiro dia?

Instantaneamente meu humor mudou. Bufei e me sentei na mesa, servindo nossos copos com suco de laranja.

—Acredita que a professora Fernandez saiu da escola?

—Ai, filha, isso parece terrível. Eu sinto muito.

Enlouquecendo Jason SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora