Capítulo Doze

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Domingo a tarde, eu estava com um conjunto de couro e as minhas botas novas. Usei um perfume suave e passei um pouco de maquiagem, deixando os cabelos recém cortados caírem sobre meus ombros.

Minha mãe estava agitada. Havia trocado de roupa três vezes e por fim decidido usar um vestido florido de domingo. Estava elegante e sexy, coisa que ela sabia ser muito bem.

Eu não tinha trocado muitas palavras com ela nos últimos dias. Queria poder apoia-la. Queria que não fosse Jason Smith para eu poder apoia-la. Mas nada na vida era simples como a gente queria, então isso também não seria.

Eu fiquei me perguntando durante todo o dia, se ele realmente ia aparecer. Com todas as minhas provocações na sala de aula e no estacionamento, eu meio que esperava que ele não viesse e queria muito que isso acontecesse.

Quando a campainha tocou, eu sabia que ele não ia desistir da minha mãe só porque eu estava provocando. Foi a primeira vez que eu senti um pouco de culpa. Era como se eu estivesse entre os dois. O casal de apaixonados e a suposta amante incurável. Era super irônico e me deixou completamente desarmada.

Minha mãe abriu a porta depois de ajeitar o cabelo e sorriu largamente ao ver a silhueta alta parada na soleira da porta. O perfume de Jason Smith inundou a sala com rapidez. Fechei os olhos por um momento e me apoiei na mesa de jantar quando ele apareceu, cabelos despenteados e sexys e aquelas roupas despojadas e atraentes. Ele entregou um buquê de rosas para a minha mãe e a beijou rapidamente. Estava rindo até que me reparou parada ao lado da mesa.

Ele suspirou e pude perceber a tensão em seu corpo completamente alarmado.

—Bom, espero que dessa vez a gente possa terminar o jantar. —Minha mãe comentou, enquanto pendurava a jaqueta do meu professor ao lado da porta.

Ele estava lindo, impecável. Meu corpo respondeu a isso com uma velocidade imensa, o que me deixou um pouco apavorada. Não foi nada comparado a minha segurança de sempre. De repente, eu queria estar linda o suficiente, não para abala-lo e fazê-lo ficar excitado, mas sim para que ele reparasse em mim.

Foi patético.

—Bom, vamos jantar então. —Falei, para quebrar aquele clima completamente massante.

Eu me sentei e minha mãe sentou-se logo a minha frente. Jason Smith sentou-se na ponta da mesa, de forma que ficasse virado para nós duas.

Minha mãe serviu seu próprio prato com lasanha e arroz e eu esperei que o Sr. Smith se servisse para pôr em meu prato também. Logo, depois de alguns minutos, eles acharam um assunto em comum e começaram a conversar. Hora ou outra minha mãe me perguntava algo e eu apenas sorria ou balançava a cabeça, envolvida de um modo obcecado em meu prato e no copo de refrigerante que eu segurava com força.

Eu estava completamente desconfortável dentro da minha própria casa, onde tinha que ser meu conforto. A pressão que, aparentemente, eu e Jason sentíamos era tão grande que eu não conseguia levantar a cabeça. Enquanto a minha mãe entrava em um assunto sobre um paciente que chegou no hospital na sexta feira, eu e ele tentávamos nos focar em algo que não fosse um ao outro. Era nessa hora que eu entraria em jogo, geralmente. Era provável que eu estivesse acariciando por baixo da mesa naquela altura. Ou esbarrando as pontas dos dedos em seu pulso. Mas sinceramente, não que eu tivesse desistido de tudo isso, mas eu não estava me sentindo confiante naquela noite e sabia exatamente do que eu precisava naquele momento.

Bati os talheres no prato fazendo com que minha mãe se calasse e ambos olhassem para mim.

—Eu não quero faltar com a educação, mas acho que vou indo agora. —Eu disse enquanto encarava a mesa —Me lembrei que marquei de encontrar Ebe e Noah no Prettys, então com licença.

Afastei a cadeira e me levantei.

—Amber, o que você tá fazendo? —Minha mãe pareceu muito confusa.

—Deixando o casal ter alguma privacidade, eu, am... —Finalmente olhei para meu professor e, parece clichê, mas juro que me perdi na imensidão confusa em que seus olhos me encaravam agora.

Eu tremi por um momento, sentindo fúria e insegurança tomar conta do meu corpo.

—Tenham uma boa noite. —Murmurei antes de pegar meu celular e sair porta afora.

A verdade é que eu não tinha marcado de me encontrar com ninguém, mas eu realmente iria para o Prettys.

Peguei um uber e cheguei no bar já pedindo uma dose tripla de qualquer coisa com álcool.

—Você tá bem? —Daniel, o Barman, me olhou curioso enquanto servia a bebida para mim.

—Não, mas eu vou ficar. —Falei, sincera, enquanto virava o líquido de uma só vez.

Duas horas depois eu estava completamente suada e bêbada, enquanto me esfregava com Josh, Jonny, John, eu realmente não me lembrava do seu nome. Ele era alto, bonito e tinha um beijo incrível que, mesmo sendo completamente forçado, me fez esquecer do jantar confuso que tive horas antes.

***

Peguei uma carona com Noah para ir a aula. Eu estava com meus óculos escuros, pois ainda nem tinha dormido. Meu olhos estavam inchados e vermelhos e eu ainda estava alcoolizada. Noah disse que me daria cobertura, porque eu não podia faltar ao teste de matemática e, sinceramente, eu já tinha o ajudado várias vezes quando ele havia bebido.

Ebe nos esperava na entrada com um copo gigante de café puro e me entregou, passando o braço envolta do meu.

—Quero saber depois o motivo de você estar com essa roupa de couro super sexy e esse cheiro de porra. —Ela tagarelou ao meu lado.

Apenas balancei a cabeça e deixei ambos me conduzirem para a sala.

Infelizmente Jason Smith já tinha chegado na sala, já que a última e primeira aula eram dele, o que me deixou encabulada. Eu tentei segurar a minha língua, já que estava motivada pelo álcool, e consegui.

Me sentei no fundo e comecei a tomar o café. Logo já me sentia melhor.

—Porque ele não para de olhar pra você?

Ebe me olhou curiosa e eu só pude tomar outro longo gole de café enquanto observava Jason Smith explicando a matéria sem de fato parar de me olhar. Eu podia ver vários pontos de interrogação em cada movimento seu.

Também podia imaginar a noite maravilhosa que ele teve com a minha mãe. Meu estômago embrulhou só de pensar.

—Professor —Levantei a mão, atraindo sua atenção e de metade da sala, incluindo a sonsa da Cíntia —Preciso ir ao banheiro.

—Você acabou de vir lá de fora, Bennet. — Cíntia se intrometeu.

—Você por um acaso agora é o professor? —Jason respondeu a ela que ficou calada e se virou para frente. Ele então me olhou e assentiu, sem dizer nada.

Então, ainda cambaleando por conta do quanto bebi a noite inteira, eu saí da sala. Fui direto para o banheiro e caí de joelhos na frente da privada, onde despejei todo o alimento de três dias ali dentro.

Meu celular vibrou avisando que era uma chamada. Eu ignorei quanto li "Mãe linda" na tela e então voltei a vomitar.

Eu não sairia dali até a aula de matemática, não me interessava se eu estava matando aula, eu só precisava me recompor.

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Beijos.

Enlouquecendo Jason SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora