Capítulo Quarenta e Dois

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—Ela está só tentando te assustar. —Jason falou, enquanto respirava ofegante —Não acredito que essa mulher foi infantil o suficiente para tentar fazer isso.

—Eu não estou assustada Jason, estou preocupada que algo possa te acontecer.

—Mas não deve se preocupar, meu anjo. —Prendi o lábio entre os dentes pelo apelido carinhoso e o ouvi suspirar antes de continuar a falar —Eu não sou mais o seu professor e você já tem dezoito anos além de ninguém ter qualquer tipo de prova que estivemos juntos antes de eu deixar de dar aulas.

Suspirei, roendo as unhas enquanto encarava meu rosto no espelho. Passei o celular para a outra orelha.

—Eu não me perdoaria se algo te acontecesse... Não suportaria.

—Nada vai acontecer, Amber. Eu te amo e acredito em nós. Enquanto estivermos juntos, nada nessa vida pode ser capaz de nos separar.

Sorri, sentindo o peso daquelas palavras.

—Acho que nunca vou me cansar de te ouvir falando isso.

—Que nada nessa vida vai nos separar? —Eu sabia que ele estava ciente do que eu dizia, pude perceber isso pelo tom divertido de sua voz. Jason estava apenas se fazendo de besta.

—Que você me ama. —Sorri.

Nesse momento, ouvi a porta da frente e olhei no relógio de parede. Provavelmente minha mãe tinha chegado.

—E você, Amber?

—O que tem eu, Jason?

Amber! —Minha mãe gritou. Ouvi os passos dela e corri até a cama, me deitando e abrindo o notebook.

—Você me ama, Amber Bennet? —Jason quis saber.

—A minha mãe acabou de chegar, Jason. —Mordi o lábio, sentindo uma felicidade que eu não sentia a tempos —Tenho que desligar. Beijo.

Ouvi ele rir antes de suspirar ao celular.

—Boa noite, sua danadinha.

Desliguei o celular e o empurrei para embaixo do travesseiro, digitando qualquer coisa sobre minha matéria de química no Google no mesmo momento que minha mãe abriu a porta. Ela suspirou e cruzou os braços sobre o peito, recostando-se na porta.

—O que está fazendo?

Virei a tela do notebook enquanto revirava os olhos e apontava, como se aquilo fosse óbvio.

—Estudando.

Ela se calou por um instante enquanto eu dedilhava no teclado. Não conseguia ignorar o fato de que estava profundamente magoada por ela querer tirar de mim tudo o que eu mais queria. A única coisa que eu realmente queria.

—Eu podia jurar que te ouvi falando com alguém.

—Eu só estava cantando uma música melancólica enquanto pensava no quanto uma pessoa pode ser egoísta a ponto de não pensar no próximo e querer destruir o mínimo de felicidade que ela pode ter descoberto em dois anos. Talvez eu até estivesse mesmo falando sozinha, já que não consigo entender as razões insanas que uma pessoa pode ter para querer ver a outra destruída enquanto parece gostar de assistir a isso de camarote... Ou talvez eu só seja maluca, mãe. —Falei tudo de uma só vez sem parar para respirar.

Minha mãe suspirou e balançou a cabeça. Já estava ciente do que eu estava sentindo em relação a ela, eu podia ver isso em seus olhos.

—Como foi a aula? —Perguntou, ignorando meu desabafo.

—Nunca foi mais chata. —Respondi indiferente antes de desviar os olhos para a tela do notebook e respirar fundo —Jason voltou para o Canadá e eu não consigo pensar em alguém pior para tê-lo feito fazer isso.

Quando percebi que minha mãe não diria nada, me sentei na cama e a encarei. Toda a coragem de quanto eu lhe contei tudo, estava de volta.

—Porque não suporta me ver feliz?

Não começa, Amber.

—Não começar? —Bufei —Você está feliz com o Jace, não está? E porque não para de se meter na minha vida e me deixa ser feliz ao lado de quem eu amo também?

—Eu sou a sua mãe, Amber, tenho que me meter na sua vida sim! Só eu sei o que é melhor para você e, quanto ao amor... —Ela apenas sorriu, deixando a frase solta no ar e me fazendo sair do sério.

—Você não sabe de nada, mãe! Meu pai sempre foi mais atento a tudo, ele sempre se mostrou preocupado e você nunca estava aqui para me perguntar como foi o meu dia. Ele morrer não significa que eu quero que você tente substitui-lo por que se for o que estiver tentando fazer, está dando muito errado! Não adianta tentar fingir se preocupar agora! Me proibir de ficar ao lado de quem eu amo não é uma forma inteligente de me proteger, se é isso o que você realmente quer.

Respirei com dificuldade quando terminei de falar. Ela estava com os olhos cheios, como se fosse chorar, mas então colocou uma carranca no rosto e deu alguns passos até a mim.

—Acho que castigo está sendo pouco pra você.

—Então porque não me bate? —Arqueei uma sobrancelha, desafiando —Sinceramente eu não me importaria com mais nada que você fizesse a partir do momento que você destruiu o meu coração... Não tem mais nada para se destruir em mim, mãe, você já acabou com tudo!

Finalmente uma lágrima escapou de seus olhos, mas ela a afastou com repugnância enquanto apontava o dedo bem na minha cara.

 —Você fica aí com essa rebeldia me julgando e criticando minha decisão como mãe, mas em algum momento parou para pensar em como todo esse inferno está sendo pra mim, Amber? Ver a minha garotinha se perder com um homem bem mais velho é a menor das dores que eu senti quando me contou tudo aquilo. Eu amo sim o Jace e estou feliz com ele, mas eu também estava com o Jason. Fico imaginando o tempo todo se ele só começou a sair comigo por sua causa... 

—O que? 

 —Sim, Amber. Tudo ficaria mais fácil pra ele, não é? E realmente ele conseguiu o que tanto devia estar procurando. E agora? Acha que vou simplesmente aceitar uma filho da puta desses como namorado da minha filha? —Ela passou a mão no nariz, seus olhos estavam vermelhos —Um cara que transou comigo? Por que é isso oque você está exigindo que eu faça, que eu permita que o mesmo cara que dormiu comigo aqui ao lado durma também com você! 

Pisquei, um pouco perdida enquanto sentia algumas gotas molhando minha camiseta. Eu nem tinha me dado conta de estar chorando.

 —Mãe, eu... 

—Não Amber, essa conversa acabou. Eu estou com dor de cabeça e muito cansada do trabalho. —Ela então caminhou até para fora do quarto, segurando a maçaneta antes de fechar a porta —E como você já deve ter percebido, a resposta para qualquer pergunta envolvendo aquele homem ainda será não.

Então vi a porta se fechar atrás dela e cai de costas no colchão, soluçando ao perceber que a merda era ainda maior do que aparentava ser. Eu precisava decidir o que fazer, ficar em cima do muro não ia funcionar por muito mais tempo.

***

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Enlouquecendo Jason SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora