Capítulo Trinta e Quatro

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Não foi difícil me manter abrigada e longe de todo mundo. Minha mãe ainda está no hospital, talvez ficasse lá até a manhã do dia seguinte.

Eu não conseguia parar de pensar no que Jason havia me dito horas atrás. "Ela era a minha noiva". Eu nunca iria imagina que Jason pudesse ter chegado a pedir alguém em casamento. Não sei, só nunca passou pela minha cabeça. Senti compaixão por um momento quando me lembrei que ele também havia me dito que foi traído. Tive vontade de me trocar e correr até a sua casa, mas me contive. Eu não podia. Não estava mais com raiva, apenas desesperada para não sofrer. Chorar por semanas por Gabriel havia sido o suficiente, eu não queria passar por isso de novo. Com Jason seria ainda pior. Ele era o meu professor de história, ninguém suportaria a ideia de nos ver juntos. A minha mãe seria a que mais ia sofrer, eu não podia me dar ao luxo de fazer isso com ela. Mesmo que, em uma outra hora, eu não fosse hesitar.

Andei ao redor do quarto, me controlando para não fazer uma loucura. Não sabia onde enfiar o meu desespero. Eu queria Jason como eu queria continuar vivendo. Mas eu não podia e saber disso me matava.

Eu tinha que conviver com a ideia de que ele estaria lá, todos os malditos dias até o fim do ano. Seriam seis meses bem difíceis. Cogitei a ideia de ser transferida, mas a segunda escola mais perto de casa ficava a mais de uma hora. Não tinha como chegar até lá a tempo, eu teria que acordar de madrugada.

Respirei fundo, me jogando na cama. Já passava de meia noite quando minhas pálpebras começaram a ficar pesadas. Então levei um baita susto ao ouvir uma buzina ser tocada descontroladamente ao lado de fora. Me levantei e fui para a janela correndo. Estava escuro, mas eu consegui enxergar o carro preto de Jason em baixo da minha janela. Também vi Noah com metade do corpo para fora de casa e alguns vizinhos saírem para a rua, querendo entender o que era todo aquele barulho. Jason desceu do carro e olhou para a minha porta, antes de perceber que eu estava pendurada no parapeito da janela.

Ele vestia roupas brancas e largas e estava um caco, segurando uma garrafa na mão.

—Eu tentei, mas não consigo... —Resmungou ele.

Olhei desesperada para Noah, querendo muito que ele fizesse algo. Entendendo isso, ele caminhou a passos largos até Jason.

—Eu vou te levar em casa, vem. —Noah tentou empurra-lo para dentro do carro, mas ele se recusou a sair do lugar.

Os vizinhos ainda estavam olhando e, se Jason não fosse logo embora, iam desconfiar.

—Eu disse pra ela que esse era o meu maior erro. —Engasgou Jason. Sua voz estava arrastada, como se tivesse desistido de tentar ser coerente.

Passei a mão no rosto, sentindo os olhos começarem a arder.

Os pais de Noah saíram para fora, o que me fez ficar ainda mais desesperada.

—O que ele está fazendo aqui? —Robert Lee, o pai do Noah, perguntou. Parecia conhecer o professor e isso foi outro motivo pelo qual eu precisava muito que ele saísse.

—Sabe o que eu tô fazendo aqui? —Jason riu alto e olhou para a minha janela.

Não Jason, por favor, não.

—Essa garota não fala comigo! —Gritou, apontando o dedo para mim.

Antes que eles me vissem, eu voltei para o quarto.

Já era! Tudo estava perdido. Agora eles ligariam os pontos. Jason seria demitido e poderia ser até preso, coisa que eu não permitiria.

A minha mãe ia saber... Todo mundo ia saber!

Vesti meu baby Doll e calcei os chinelos, correndo pelas escadas.

Quando abri a porta, Jason estava olhando para a minha janela enquanto Noah tinha as mãos sobre a cabeça, parecendo não saber o que fazer. Robert e Ester olharam para mim.

Enlouquecendo Jason SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora