Não me levantei para ir a escola na quarta feira, não estava me sentindo bem. Enviei uma mensagem a Phoebe e pedi que ela também avisasse a Noah e não se preocupassem com a minha falta. Disse a ela que era apenas sono e, depois de uma repreensão, ela se despediu.Fiquei boa parte da manhã encarando o teto, até mesmo depois de ouvir minha mãe na cozinha. Ela resmungou algumas coisas que não consegui compreender, depois ouvi seus passos no corredor e por fim ela abriu a porta do meu quarto.
—Me dê uma boa desculpa por que você faltou a aula hoje. —Sua voz era cautelosa, como se quisesse gritar.
Não respondi, apenas continuei encarando o teto branco, sem ânimo para me explicar.
Ela ficou calada também, depois ouvi ela suspirar, enquanto se sentou na beirada da cama.
—O que houve?
Me sentei, finalmente olhando para ela.
Eu nunca havia passado por isso antes, o sentimento no meu peito era algo completamente novo. Não sabia o que dizer, ou como explicar. Mas ela era a minha mãe e de, certo modo, queria que ela pudesse tirar aquilo do meu peito.
Meus olhos se prenderam aos dela e uma lágrima escapou, correndo pela minha bochecha. Foi quando eu soltei um soluço e, instantaneamente, ela me envolveu em um abraço, afagando meus cabelos.
Ficamos naquela posição pelo que pareceram horas até eu conseguir parar de chorar.
—Eu nunca te vi assim antes, meu amor. —Ela disse, preocupada —Me conta o que está acontecendo, Amber. Você precisa falar comigo.
—Não posso. —Falei, baixo. Queria que de alguma forma ela compreendesse. Não podia lhe dizer que estava perdidamente apaixonada pelo meu professor de história.
Ela não suportaria. Eu não suportaria.
—Mas você não pode ficar assim. —Ela passou o polegar na minha bochecha, enxugando as lágrimas —Prometo que vou te ajudar, mas antes você tem que me dizer.
Respirei fundo e cruzei as mãos em cima do colo.
—Eu realmente queria contar, mamãe. Mas eu não... Eu não...
—Tudo bem. Quando estiver pronta vou estar bem aqui para te ouvir. —Falou, ao ver que eu não conseguia dizer.
Seus braços envolveram meus ombros novamente e eu relaxei em seu abraço.
—Eu te amo, mãe.
—Eu também te amo, Amber. Com toda a minha vida.
Ouvir aquilo me fez sentir culpada. Por tudo o que eu planejei, tudo o que fiz com ela só para manter meu caminho livre até Jason. Eu estava disposta a machuca-la. Eu a machuquei só para conseguir o que eu queria e me senti mal por ser tão ruim.
Talvez no fundo eu merecesse aquilo. Talvez de alguma forma, se existia uma divindade acima de nós, eu estava sendo punida pelos meus erros e precisava apenas aceitar àquela punição para que eu pudesse seguir em frente.
E era isso. Uma pessoa ruim apenas pagando pelos seus erros.
***
Mais tarde, Phoebe me enviou uma mensagem dizendo que estava na casa do Noah. Apenas tirei a minha blusa da noite passada, substituindo por uma camiseta velha e larga e colocando os shorts antes de calçar os chinelos e ir até lá. Atravessei a rua com a velocidade de uma tartaruga, sentindo o sol queimar no topo da minha cabeça.
Não bati na porta, apenas entrei. Phoebe estava com as pernas juntas no colo de Noah enquanto ria de algo que ele havia contado. Noah estava com a ponta dos dedos acariciando seus pés, enquanto olhava para ela com os olhos brilhando. Retorcido o nariz. Eles estavam apaixonados, era visível.
—Oi, Amber! —Ebe sorriu, animada.
Ela puxou as pernas para fora do colo de Noah que resmungou e depois se virou para mim.
Me joguei no sofá, empurrando os chinelos de lado e encolhendo as pernas até a altura do peito, apoiando o rosto nos joelhos. Suspirei e encarei o chão.
Um silêncio se estalou na sala, depois ouvi Noah dizendo algo baixo e em seguida a voz de Phoebe.
—Então acabou?
Eu dei de ombros, já sentindo meus olhos arderem.
Ela respirou fundo e falou algo baixo para Noah que apenas se levantou e sumiu para dentro do corredor. Então Phoebe se levantou e se ajoelhou na minha frente, com a mão no meu pulso.
—Eu desconfiei hoje na escola, quando vi o Jason... Ele...
—Não quero saber. —Funguei.
Ela engoliu seco depois continuou.
—Ele estava meio perdido na explicação até deixar a aula livre para os alunos conversarem. Quando acabou, perguntou para mim e o Noah onde estava e se estava bem. Daí imaginei que tivessem brigado, ou...
—Eu disse que não quero saber, Phoebe. Caramba! —Abanei as mãos, mostrando impaciência.
Ela se sentou no chão e cruzou as pernas. Depois respirou fundo e começou a deslizar o dedo no carpete, traçando algumas linhas aleatórias.
—Eu sou a sua melhor amiga, Amber. Se não contar para mim o que está havendo, não pode contar a mais ninguém.
Eu suspirei e olhei para ela. Phoebe tinha o olhar voltado para o chão e o levantou depois que comecei a falar.
—Domingo eu fui até a sua casa porque ele não atendia as minhas ligações e nem me respondia as mensagens. Achei que tinha algo errado e quando cheguei, ele estava todo amarrotado. Tinha um copo de bebida na mão e falava comigo como se eu fosse a última pessoa na terra que ele queria ver.
Phoebe assentiu e se endireitou, tentando entender.
—Eu estava preocupada com ele, não teria ido até lá se não estivesse. —Passei o braço pelo nariz, para enxuga-lo. Tinha cansado de chorar —Mas ao invés de ficar feliz em me ver ou, sei lá, pelo menos um pouco animado, ele me afastou. Eu me inclinei para beija-lo afim de deixá-lo em paz e ele simplesmente... —Balancei a cabeça, ficando levemente irritada quando me lembrei —Tinha uma mulher lá com ele. Ela estava atrás dele, nos olhando da porta. Tinha um rosto irônico, como se causasse um impacto profundo nos comportamentos do Jason, eu não sei... Senti que ela era importante, de alguma forma, para ele. E então ele fechou o portão na minha cara. Na porra da minha cara!
Phoebe tinha a boca levemente aberta quando terminei de falar. Ela se levantou e me puxou junto.
—Chega disso. Ele é um imbecil se acha que é melhor do que você. —Falou, irritada —Você não tem que ficar mal por ele. Jason Smith é um babaca, você lembra?
Balancei a cabeça, passando o braço no nariz outra vez.
—Então vamos sair hoje a noite. Vamos ir ao Prettys e você vai agarrar o primeiro gostosão que te oferecer uma bebida.
—Não quero ser a droga de uma puta essa noite, Phoebe!
Ebe arregalou levemente os olhos e tocou no meu queixo, levantando meu rosto para olha-la.
—Me desculpe, eu não quis parecer... Desculpa. —Ela suspirou —Vamos ao Rock, então. Precisamos comer aquele hambúrguer gorduroso. Tenho certeza que essa tensão toda vai se dissipar.
Hesitei por um minuto antes de responder e ver Phoebe sorrir antes de me dar um beijo no rosto e gritar por Noah.
Talvez eu precisasse mesmo de distração. Tinha cansado de me sentir mal por Jason Smith.
Eu estava agindo como a porra de uma adolescente em crise.
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Enlouquecendo Jason Smith
RomanceTudo muda na perspectiva de Amber quando um novo professor chega à escola. Ela não sabe bem dizer o que sentiu quando ele usou aquele tom carregado de sarcasmo e muito menos quando decidiu que seu professor seria o cara ideal para desvirtuá-la. Com...