Capítulo Vinte e Um

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Passei cada aula tentando ignorar Phoebe sentada a minha frente e Noah, que parecia estar me fitando a todo tempo, na fileira do lado. Foram horas que se arrastavam e me deixavam cada vez mais irritada. Mal pude responder aos flertes de Jason com os olhos atentos de Noah em mim o tempo todo.

Quando o intervalo chegou, eu me levantei depressa e ignorei quando Noah me chamou. Ouvi Ebe respirar fundo, mas não me incomodei a parar para ouvir.

Era a primeira vez em anos que eu me sentava sozinha para almoçar.

Quando todos retornaram as salas, eu precisei me sentar em outro lugar, longe dos dois que, mesmo depois de perceber minha irritação, continuaram a encarar.

—Pelo visto hoje não vai ter Ménage.

Olhei para Cíntia que ria com a amiga ruiva. Revirei os olhos. Se eu fosse ela, não me provocaria agora.

O dia que devia estar sendo maravilhoso pra mim por eu ter finalmente transado com Jason, estava na verdade sendo um caos.

Depois de mais algumas horas a aula finalmente terminou e, para a minha surpresa, Noah segurou a mão de Ebe e ambos fizeram seus caminhos para fora da sala. Apenas fiquei olhando aquela cena, curiosa. De certa forma, eles eram um casal bonito. Mas do que adiantava aquilo se eles não foram sinceros comigo?

—Já pode melhorar essa carranca. —A voz de Jason me fez sair dos devaneios.

Pisquei algumas vezes e o olhei. Eu adorava que praticamente todas as últimas aulas da semana fossem dele.

—O que?

Jason sorriu, enquanto arrumava suas coisas em sua pasta.

—Você está com cara de quem vai cometer um assassinato, Bennet.

Suspirei e guardei minhas coisas na mochila, jogando-a nas costas e indo até sua mesa.

—Eu nunca briguei de verdade com os meus amigos. —Disse, sincera.

Por mais que não falar com eles fosse uma escolha minha, aquilo doía como o inferno.

—Então porque não fala com eles? —Jason se recostou contra sua mesa e cruzou os braços a frente do corpo, elegantemente— Eles não paravam de te olhar. Certamente queriam conversar com você.

Suspirei e balancei a cabeça.

—No sábado a noite a gente saiu pra beber tinha um tempo que não fazíamos isso juntos. Então eu descobri que eles estavam transando. Vi com meus próprios olhos.

Jason me encarou por um segundo antes de suspirar e segurar minhas mãos.

—Se eles importam pra você, não deviam parar de se falar. Todo mundo vê que vocês são amigos de verdade, Bennet. Não vai fazer bem a nenhum de vocês.

—Eu sei. É só que eu não consigo... Eles esconderam de mim como se não fizesse diferença ter que me contar.

—Talvez tivessem medo de como você ia agir. Igual agora, por exemplo.

—Não estou chateada por eles estarem juntos, Jason. Eu estou porque eles esconderam isso de mim.

Jason respirou fundo e me puxou para si, passando os braços ao redor de mim.

—São os seus amigos, não posso dizer oque fazer. Mas se quiser um concelho, Bennet —Ele se afastou um pouco para poder me olhar —Acho que está fazendo uma tempestade em copo d'água. Devia ficar feliz por Phoebe e Noah estarem bem ao invés de tentando se matar pelos corredores.

Não contive a vontade de sorrir. Ele sabia o que dizer nas horas certas.

—Não quero mais falar disso.

Ele balançou a cabeça e me deu um beijo rápido.

—Senti falta de você essa noite.

Encarei seus lábios por um momento antes de beija-lo novamente, não aceitando menos do que um beijo de cinema.

Jason tinha os lábios mais macios que eu já provei na vida. Ele também tinha aquela pegada que você derretia só em tê-lo te acaricicando. E na cama? Bom, na cama ele era completamente experiente, incrível!

—Não acho certo a gente fazer isso aqui. —Ele disse depois de nos afastar.

Eu já estava toda derretida, como se o simples fato de beija-lo fosse capaz de me fazer gozar.

E acredite, era.

—Tudo bem. —concordei, apesar de não querer me afastar.

—Se não for fazer nada hoje, eu posso te buscar mais tarde.

Estreitei os olhos e sorri.

—Com uma condição.

—Qualquer uma.

—Que me deixe cozinhar novamente. Tenho uma receita que te deixaria completamente sem palavras.

Jason sorriu.

—Vai cozinha pra mim toda vez, Bennet? Não acha que posso me viciar?

—Acho. Mas está tudo bem, você não é o primeiro que se apaixona pela minha comida.

Ele me puxou contra si no segundo em que me calei e me beijou profundamente. Era sempre inesperado e sempre maravilhoso. Acho que nunca me cansaria.

—Te pego as cinco, na esquina da sua casa.

—Na verdade, —Me afastei e peguei minha mochila —Eu acho melhor chamar um uber. Acredito que vai ser menos arriscado.

—Você tem razão, Bennet. Bom, te espero às cinco.

Sorri e lhe dei um último beijo antes de sair.

Quando cheguei no estacionamento, as poucas pessoas que sobraram na escola estavam se dissipando. Entre eles, Noah e Phoebe que iam até o carro. Fiquei encarando por um tempo enquanto me lembrava da conversa que tive com Jason minutos atrás. Enfiei as mãos nos bolsos da calça e continuei meu caminho para fora do estacionamento.

—Estamos indo tomar um sorvete, Amber. —Parei e me virei para eles —É aquele pedacinho de céu. —Ebe sorriu.

—Eu pago. —Noah falou.

—E a gente pode conversar. —Ebe deu de ombros —Por favor.

Continuei os encarando enquanto pensava naquilo.

Certamente não conseguiria ser eu sem os meus amigos. E eu tinha muito o que conversar com eles, não ia conseguir guardar aquele segredo para sempre sem dividir com as pessoas que mais amava no mundo.

—Nos perdoe, Amber, é sério. Nunca vamos esconder mais nada de você. Por favor.

Suspirei, por fim sorrindo.

—Eu só vou por causa do sorvete.

E então, Phoebe correu até a mim e me abraçou.

Caramba. Foi apenas um final de semana e eu sentia como se tivesse sido a metade da minha vida.

Enlouquecendo Jason SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora