Próximo capítulo será postado apenas no próximo domingo.
***
Quando finalmente o professor entrou na sala, todo o meu pensamento evaporou. Eu não conseguia mais pensar em nada, ou fazer nada... Jason não tinha ido, ele não estava ali.
—Bom dia, alunos. Meu nome é Arthur Baine e eu serei o novo professor de história de vocês. —O homem falou, simplesmente.
Os alunos se entreolharam, resmungando. É claro que ninguém ia ficar contente com a saída de um professor tão adorado quanto Jason.
—Mas Jason Smith ficaria até o fim do ano. —Noah disse para o novo professor que rodeeou a mesa e recostou-se sobre ela. Exatamente o gesto que Jason teria feito.
—O que houve com o Sr. Smith? —Phoebe perguntou.
Arthur enfiou as mãos nos bolsos e deu de ombros.
—Ouvi dizer que ele voltou para o Canadá.
Noah segurou minha mão enquanto Phoebe passou o braço ao redor do meu ombro. É como se eles pensassem que eu fosse desmoronar, o que eu faria se a ficha já tivesse caído.
Mas eu não conseguia simplesmente engolir aquilo. Jason havia voltado para sua cidade natal? Como ele podia ter feito isso tão de repente e no meio da noite?
—Eu não posso ficar aqui, preciso ir até a casa dele. —Sussurrei para que apenas os dois ouvissem.
—Eu te levo lá depois da aula. —Noah sussurrou de volta.
—Não posso esperar, Noah. Estou de castigo. O que eu tenho que fazer fora da escola ou de casa precisa ser feito agora.
—Mas como isso? —Ebe perguntou —Estamos na primeira aula, Amber... Não tem como você ir embora.
Suspirei e coloquei a cabeça entre as mãos sentindo meus olhos arderem.
—É tudo minha culpa. Ele me disse várias vezes que eu era o seu maior erro... Várias vezes!
—Ele sabia dos riscos, Amber. —Noah cochichou.
—Ele apostou em vocês. —Ebe disse.
—No sexo. —Suspirei, balançando a cabeça —Eu tive que estragar tudo quando decidi contar para a minha mãe! É culpa minha.
—Você não tem culpa. Pelo menos não toda ela —Noah murmurou, respirando fundo —Eu vou dar um jeito de tirar a gente daqui agora, preciso de uma aula e logo a gente vai poder sair.
Então, antes mesmo que eu ou Ebe pudéssemos questioná-lo, Noah se levantou e foi até a frente da sala. Ele trocou algumas palavras com Arthur e depois saiu da sala. Olhei para Ebe e ela me abraçou como se aquilo pudesse me fazer sentir melhor. E de certa forma devia ter feito, mas acontece que não consegui relaxar.
Eu tinha tomado a vida tranquila de Jason e agora o devia de volta.
***
Como Noah havia dito, fomos liberados assim que a aula de Jason, que agora era de Arthur, terminou. Eu não sei bem como ele tinha feito aquilo, mas era algo relacionado a uma cobrança de favores. De certa forma, foi válido. Agora estávamos indo até a casa de Jason enquanto meu coração saía para fora do peito.
Depois que Noah estacionou em frente àquela casa tão familiar, senti minhas mãos suando enquanto abria a porta do carro e descia. Olhei para a casa, estava silenciosa. Tudo ali estava silencioso.
—Você quer fazer isso sozinha? —Noah perguntou.
Inspirei fundo antes de assentir.
Mesmo que Arthur havia dito que ouviu sobre Jason ter voltado para o Canadá, eu sentia como se ele fosse abrir o portão para mim. Como se fosse estar me esperando, como se precisasse de mim, assim como eu precisava dele.
Eu não tinha a mínima ideia do que aconteceu quando minha mãe veio até a ele, mas devia ter sido bem sinistro já que Jason precisou abrir mão do cargo de professor na escola e desapareceu. Ele não atendia ou respondia as minhas mensagens ou ligações e aquilo estava acabando comigo.
Parei no portão e apertei o interfone como sempre fazia. Não tive resposta, nem depois de vários segundos ali. Suspirei e esfreguei o rosto, sentia meu corpo massante, como se estivesse tendo comportamento próprio, sem meu consentimento. Depois de minutos que pareceram infinitos, ainda não tive resposta. Respirei fundo, já com meus olhos cheios e me apoiei no portão, sentindo meu coração pesar. Foi quando percebi que estava aberto e o empurrei. Uma coisa se ascendeu no meu coração, como se, de repente, eu pudesse ter o mínimo de esperança.
Olhei por sobre o ombro para me certificar de que Ebe e Noah soubessem o que eu faria e entrei depois de vê-los acenando em confirmação.
Olhei para a piscina e cruzei os braços sobre o peito, nervosa. Inúmeras vezes eu imaginei como seria eu e Jason passarmos um final de semana calmo e relaxante naquela piscina, tomando um ou dois coquetéis enquanto ríamos de coisas simples e nos esquecíamos daqueles problemas, como a escola, carreira ou família. Mas acontece que a vida era uma grande e ameaçadora carnívora que estava sempre a espreita, esperando um deslize para devorar tudo o que você tinha. O meu deslize foi não ter segurado a língua e agora a vida começava a devorar qualquer coisa que significava felicidade para mim.
Parei na soleira da porta que estava aberta. A sala estava vazia, mas uma música melancólica tocava no fundo, baixa e agonizante. Também percebi a mesa de centro repleta com garrafas vazias de cerveja barata, além de um cinzeiro com pelo menos uma dezena de cigarros apagados pela metade.
Prendi o lábio entre os dentes antes de começar a andar pela casa. Fiz meu caminho direto até a cozinha que também estava vazia, se não por mais garrafas de cerveja barata. Imaginei se Jason havia começado a beber noite passada ou se a semanas, porque a quantidade de garrafas vazias era absurda.
Por fim fui até a escada, hesitando em subir. Ele ainda podia estar em casa, a música, as garrafas e os cigarros que ainda cheiravam a fumaça eram prova viva disso. Mas se Jason não me atendia ou respondia as mensagens que eu inúmeras vezes o enviei, significava que ele não queria falar comigo, ou então me ver.
Mesmo assim, sabendo que havia um risco gigante em eu ser simplesmente despachada para fora de sua casa, eu subi cada degrau com o coração apertado no peito. Meu corpo inteiro estava ofegante, apesar de eu não fazer esforço. Sentia uma veia saltando para fora do meu pescoço, pulsante e intensa, além de um tremor passar pela minha espinha a cada cinco segundos.
Finalmente parei na porta de seu quarto. Tudo estava em silêncio e por um momento temi não encontrá-lo ali também então sem querer me torturar ainda mais eu entrei.
Meus olhos subiram levemente até a cama, onde Jason estava deitado de barriga para cima. Usava as mesmas calças surradas que dava aula e estava com uma camiseta preta, além de descalço. Um de seus braços estava imóvel ao lado do corpo e o outro sobre a barriga, onde tinha os dedos da mão circulando em volta do umbigo. Seus lábios também se mexiam, como se ele estivesse no mais puro tédio então, quando a porta rangeu, seus olhos que antes estavam presos no teto, encontraram os meus.
Ele reagiu imediatamente, se colocando de pé. Seu sorriso que eu tanto amava estava ali e, pela primeira vez desde que minha mãe voltou para casa sem me dar as devidas explicações, eu consegui sentir o ar atingindo meus pulmões com facilidade.
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Enlouquecendo Jason Smith
RomanceTudo muda na perspectiva de Amber quando um novo professor chega à escola. Ela não sabe bem dizer o que sentiu quando ele usou aquele tom carregado de sarcasmo e muito menos quando decidiu que seu professor seria o cara ideal para desvirtuá-la. Com...