Capítulo Quarenta e Cinco

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Suspirei pela milésima vez no dia e olhei a tela do meu celular esperando uma resposta de Jason. Havia combinado de encontra-lo antes de ir para casa. Tomaríamos um sorvete enquanto ele me contava sobre a ida de Julia até a sua casa mais cedo.

Levantei os olhos para onde Cíntia estava sentada e sorri quando vi que ela me encarava. Depois desses dias em casa, ela finalmente estava de volta a escola e parecia muito bem. Não estávamos amigas como ja fomos um dia, mas a convivência parecia muito mais possível agora que eu não a odiava completamente ou ela a mim.

Finalmente ouvi o sinal e exatamente nesse momento tive a resposta que esperava. Jason estava me esperando na rua detrás.

Dei um beijo no rosto de Ebe e outro no rosto de Noah. Ambos já sabiam da minha pequena fuga e Noah faria questão de não ir para casa só para me esperar e dizer a minha mãe que demoramos por causa da educação física: essa história nunca falhava.

—Transa bem gostoso, Amber. —Ebe sussurrou antes de piscar.

Revirei os olhos e vi Noah questionar seu linguajar e ela retrucar divertida. Não duvidava nada que esse namoro dos dois pudesse dar em casamento.

Suspirei outra vez por pensar nisso. 

Minha relação com Jason era completamente imprevisível. Eu não tinha como saber como íamos estar daqui alguns meses ou anos. A minha mãe era o enorme muro de concreto que ficava entre nós e acabava fazendo com que isso fosse tão ruim quanto era bom.

Terminei de guardar minhas coisas na mochila e percebi que a escola já estava completamente vazia. Isso era bom, significava que tinha menos riscos de alguém me ver com o Jason. Joguei a bolsa nas costas e caminhei em direção a saída do estacionamento, que era ligado a rua lateral que me permitia chegar em Jason. Notei pela visão periférica que um carro de luxo prateado começou a andar de vagar quando eu atravessei os portões. No começo pensei que pudesse ser apenas uma pessoa aleatória saindo exatamente no mesmo tempo que eu, mas então eu comecei a me apressar e o carro, por sua vez, também avançou. Meus passos foram mais precisos, estava temendo ser sequestrada por algum maníaco estuprador, já que eu tinha uma rotina fixa e não seria difícil para alguém conseguir me raptar. Comecei a desejar ver o carro de Jason e meus passos foram ainda mais rápidos. Senti um alívio quando percebi que o carro de Jason estava perto, então comecei a correr como uma louca pela calçada e ouvi o motor atrás de mim quando o carro acelerou. Cheguei a pensar que eu não conseguiria e as lágrimas começaram a descer loucamente, molhando meu rosto e minha camiseta. 

—Jason! Jason! —Gritei, na intenção de que ele me ouvisse e conseguisse impedir, seja aquilo o que fosse.

Mesmo correndo, consegui olhar para trás e talvez eu tivesse visto um vislumbre e um sorriso sinistro no tal motorista, que eu não sabia distinguir se era homem ou mulher. 

Graças a Deus Jason pareceu ter me ouvido e desceu do carro. Sua expressão confusa me mostrou que ele não estava entendendo porque eu corria tanto e chorava ao mesmo tempo. Quando senti seus braços ao redor de mim, solucei e afundei o rosto em seu pescoço. Todo o meu corpo estava tremendo e eu ouvi o motor do carro gritar quando passou por nós.

—Oque foi, Amber? O que houve? —Jason perguntou, parecia quase desesperado.

Me afastei para olha-lo e seus olhos preocupados me analisaram por inteiro antes de ele me puxar contra seu corpo outra vez.

—Eu estou aqui, minha princesa, se acalma. —Sussurrou no meu ouvido —Shhh, está tudo bem. Vem, vamos ficar lá dentro e você me conta o que houve.

Jason me conduziu até seu carro enquanto dizia coisas para me reconfortar. Ele abriu a porta e esperou eu entrar para rodear o carro e deslizar na frente do volante.

Fui respirando cada vez com mais calma até conseguir parar de chorar e poder olhar para ele. Jason esperou, pacientemente, enquanto segurava minhas mãos.

—Eu estava saindo da escola e percebi um carro parado. Quando passei pelos portões do estacionamento, eu notei que ele começou a andar de vagar até que eu apressei os passos e o carro acelerou. —Parei um pouco, sentindo meu ritmo cardíaco voltar —Eu corri e ele começou a me seguir. Nunca senti tanto medo, Jason. Nunca. Se você não estivesse aqui, eu não sei...

Jason me segurou junto a ele e beijou o topo da minha cabeça.

—Mas estou aqui com você e se depender de mim vou estar sempre. É só você que me importa na vida, Amber. Mais ninguém.

—Eu te amo.  —Falei rapidamente enquanto encarava as minhas mãos —Te amo tanto que até dói. —Repeti, agora olhando em seus olhos.

Jason tocou meu rosto com a ponta dos dedos e eu fechei os olhos, inclinando-me para beija-lo. Seus lábios eram quentes e macios, me reconfortou. Eu tinha certeza do amor que sentia por ele e certeza de que Jason me retribuía igualmente. 

—Você viu a placa do carro? Ou conseguiu ver o motorista?

Balancei a cabeça.

—Não consegui ver nada, me desculpa —Lembrei-me do sorriso sinistro por trás do volante e estremeci.

—Não se desculpe, Amber. —Jason me beijou outra vez —Nada vai acontecer com você, eu juro por Deus.

Assenti enquanto sentia seus lábios tocarem os meus lentamente antes de Jason passar as mãos ao redor da minha cintura e enfiar os dedos longos por dentro da minha blusa. Me afastei e olhei ao redor.

—Os vidros são escuros. —Ele garantiu, estava quente como o próprio fogo do inferno.

Respirei, ofegante enquanto balançava a cabeça e olhava para o banco de trás. Jason pareceu ter entendido o que eu havia sugerido e, animado, escorregou para lá. Inclinei meu corpo para fazer o mesmo e montei em seu colo, uma perna em cada lado de seu corpo.

Seus dedos alisaram a minha bochecha, enxugando o que restava das lágrimas. Fechei os olhos com seu toque e arfei quando senti seus lábios comprimindo a pele sensível atrás da minha orelha.

—Você é tão linda, Amber.

—Eu amo você, Jason. Te amo tanto.

—E eu amo você, sempre vou amar. Não tem como fugir disso.

O beijo era quente, como se houvesse uma chama que nunca apagaria, como se fôssemos feitos apenas com faíscas. 

Jason mordeu meus lábios, fazendo com que um gemido oprimido escapasse do fundo da minha garganta.

—Quanto tempo temos? —Quis saber ele, sem nunca deixar de provar meus lábios.

—Talvez uns vinte minutos.

Seu sorriso tomou conta do beijo, seus olhos opacos me analisaram.

—Vinte minutos é tempo o suficiente para o que tenho em mente.

***

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Enlouquecendo Jason SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora