Capítulo Dez

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—Não brinca!

—Eu não brincaria com algo tão sério, Ebe.

Encarei os olhos castanhos e chocados da minha amiga e respirei fundo, finalmente podendo contar isso para alguém. Sim, eu havia lhe dito sobre Jason, mas não a história completa do que aconteceu na cozinha pouco antes de ele ir embora supostamente arrependido. Só disse a parte que eu queria conquista-lo e que ao mesmo tempo, fazer com que a minha mãe rompesse com ele, ou ele rompesse com ela, o que viesse primeiro. E então eu estaria livre para poder me perder com ele. Se isso não acontecesse, o que eu duvido muito, eu estaria feliz em apenas enlouquecê-lo.

—E o que você vai fazer agora?

—Como assim o que eu vou fazer agora, Ebe? Eu vou conquista-lo.

Minha amiga sorriu e depois me encarou, cética.

—Então está mesmo disposta a passar o ano inteiro atrás desse objetivo?

—Na verdade o ano inteiro não, apenas alguns meses, não creio que isso vá demorar muito. —Tomei um gole do meu refrigerante e suspirei, olhando para ela —Agora vamos ir curtir o resto que temos desse domingo de sol, amiga. Vamos ver um filme, liga aí pro Noah.

—Eu não vou ligar pra ele, você sabe que eu não faria isso.

—Mas vocês já não estão se falando? Quero dizer, todos aqueles cochichos na escola... Não deve ser atoa.

—Na verdade aquilo era sobre seu aniversário, Ebe. Mas acabamos entrando em um acordo e decidimos que você pode escolher o que quer fazer nesse dia, já que a última festa surpresa não foi tão agradável.

—Porque o meu pai faleceu bem no dia do meu aniversário, Ebe. E porque  sempre comemoramos juntos. E também, eu não acho graça em surpresas, minha bochecha dói de tanto tempo que tenho que passar rindo para os convidados, em fim. Não tem nada de agradável nisso.

—Você tem razão, amiga. Seu dia, sua programação.

—Ainda temos um mês, não dê tanta importância. Bom, agora vamos, deixa que eu ligo pro Noah.

***

Segunda feira, primeira e última aulas de história. Talvez eu devesse estar preocupada, envergonhada e arrependida. Mas acontece que eu não estava.

Não estava porque Jason Smith poderia ter me parado quando cai de joelhos de frente a ele. Poderia ter me empurrado, se afastado e ido embora. Mas ele decidiu fazer isso depois de gozar, o que me dava a entender que ele me desejou, mesmo que por alguns minutos de fraqueza. Foi a minha boca que ele aceitou envolvendo seu pau. Foram meus gemidos que o motivaram a chegar ao clímax. Foram meus lábios que ele atacou a fim de saciar o desejo incontrolável que ele estava sentindo. Não havia tempo para arrependimento, vergonha ou preocupações. Eu só precisava seguir com o plano para tê-lo de vez.

Eu me vesti com uma blusa de bolinhas preto e branco e calças jeans surradas, calcei meu tênis e passei uma leve maquiagem. Peguei minha mochila e corri para a aula antes que pudesse ver minha mãe.

Eu disse que não me sentia preocupada, envergonhada e arrependida por Jason Smith, não disse isso pela minha mãe.

Ela ainda era a minha mãe.

Encontrei Noah primeiro que Phoebe e ele estava com a maçã do rosto um pouco inchada.

—Não quis ir ver um filme comigo ontem porque esta com a cara deformada?

—Eu não estou deformado, Amber. Isso aqui não é nada. Você tinha que ver o outro cara.

Sorri e lhe soquei o ombro.

—Não sei porque você sempre fala isso quando briga com alguém.

—Porque você nunca vê meu adversário.

—Nossa, mais que horror. —Ebe se juntou a nós, apontando para o rosto de Noah —Um enxame te pegou aí?

—A-ha que engraçada. —Ele revirou os olhos e bufou —Tenho uma reunião com os caras do time, vejo vocês na aula.

Então ele correu para a quadra e eu me virei para Ebe.

—Ele vai acabar se metendo em sérios problemas se continuar brigando assim.

—Eu não tô nem aí pra ele, Amber. —Ebe deu de ombros —Mas quanto a você, está animada ou apavorada?

—Preparada. —Sorri —Ja tô esperando toda aquela arrogância de novo, acompanhado de negação e tentativa de esquecimento. Mas não vai funcionar.

—Até parece que você já fez isso antes.

—Foi algo parecido, com um instrutor de yôga.

—Você já fez Yôga?

—Não. —Sorri —É uma longa história, Ebe.

—Que cheiro de puta — Cíntia passou do meu lado com suas amigas das Winks plastificadas —Ah, já sei de onde tá vindo.

—Eu vou matar essa desgraça! —Phoebe cerrou os punhos e a encarou fervorosamente.

—Relaxa, amiga. Ela quer atenção, é só ignorar.

Ela bufou e respirou fundo, antes de balançar a cabeça.

Me sentei em meu lugar habitual, enquanto conversava com Ebe. Noah logo se juntou a nós e quando dei por mim Jason Smith estava atrasado a dez minutos.

Achei que seria normal se ele decidisse não ir pra aula, já que o que houve na sexta feira foi algo incrivelmente complicado pra ele, não pra mim.

Mas então, no mesmo instante em que eu cogitava a ideia de ele não vir para a aula, ele entrou na sala. Estava impecável como sempre, bem arrumado e acompanhado pelo seu perfume inebriante de sempre, aquele que me deixava louca. Mas por algum motivo, eu sentia que algo estava faltando.

Seus olhos não varreram a sala nem por um segundo, ele apenas se virou para o quadro e começou a copiar. Ebe se virou para mim, questionando aquele comportamento estranho, já que o professor Smith nunca havia escrito no quadro antes. Apenas dei de ombros para a minha amiga e comecei a prestar atenção em cada movimento do meu professor.

Por fim, eu notei o que faltava nele. Jason Smith não estava dialogando com a turma, o que achei bem estranho. Ele era um homem adulto, deveria saber lhe dar com coisas do tipo.

Com quase quarenta minutos de aula, o Sr. Smith se sentou finalmente e levantou seus olhos, enquanto todos copiavam o que ele havia acabado de passar. Mas eu, como sempre, estava lhe observando. O lápis parado na altura dos meus lábios fechados, enquanto semicerrava os olhos em sua direção. Seu olhar azul tão profundo me analisou por um longo tempo e, eu juro por Deus, pude ver um belo e quase imperceptível vislumbre de um sorriso em seus lábios antes que ele desviasse o olhar.

Ainda não sabia exatamente qual era seu comportamento. Ignorar, repudiar, culpar... Eu não fazia ideia do que se passava em sua cabeça.

A aula terminou sem que ele dissesse uma palavra desde que entrou e assim como ele veio, ele foi. Silencioso e misteriosamente quente como o próprio fogo do inferno.

—Ele vai me deixar louca. —Comentei com Ebe, quando ele saiu da sala.

—A idéia aqui não é o contrário?

—Parece recíproco—Respirei fundo e deitei sobre minhas mãos — Que caralho.

E era realmente a verdade.

Eu sentia aquela agitação e o fogo subir pelo meu corpo quando Jason Smith estava por perto. Quando ele me olhava era como se eu estivesse exatamente nas entranhas do inferno, inexplicável, implacável.

Decidi confronta-lo na última aula.

Saberia por fim seu posicionamento quanto ao que houve na sexta feira.

***

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Beijos!

Enlouquecendo Jason SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora