Capítulo Quarenta e Oito

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**Jason**

Bebi outra dose enquanto esperava por ela. Júlia havia prometido aparecer essa noite e até agora não tinha nem dado sinal de vida.

Meu propósito era a encurralar e fazê-la me contar a verdade sobre a pequena perseguição feita para assustar a Amber. Eu sabia que era ela, soube no mesmo instante em que a minha doce Amber, desesperada por correr tanto, me contou aos prantos o que acontecia e sinceramente não gostei nem um pouco disso. Agora que eu tinha certeza quanto aos sentimentos que sentia por aquela menina de personalidade tão marcante e pelos sentimentos que ela também tinha por mim, não permitiria que uma simples mulher rejeitada e amargurada tivesse o prazer de estragar aquilo tão especial.

Tomei mais uma dose decidindo que seria a última. Não queria estar bêbado e fora de mim quanto fosse confronta-la. Conhecia suas artimanhas muito bem e não estar lúcido seria uma vantagem para ela.

Quando já passava de uma hora da manhã, entendi que Júlia não iria vir. Foi quando, irritado por ela ter me feito de idiota, peguei meu celular na intenção de amedronta-la. Disquei seu número e esperei que ela atendesse. Tive o desprazer de ligar três vezes antes de finalmente ouvi-la falar.

—Eu estava mesmo pensando em você, meu amor.

Fechei os olhos e esfreguei as têmporas. A repulsa era tamanha que nem cabia em mim.

—Esqueceu do nosso compromisso?

Houve uma pausa e então a pior suspirar antes que um leve som, indicando diversão, saísse do fundo de sua garganta.

—Infelizmente tive alguns imprevistos, querido Jason. Mas posso compensa-lo se assim preferir.

Respirei fundo, enchendo outro copo com Whisky.

—Prefiro que cumpra seus compromissos, Júlia. Seria melhor para nós dois.

—Eu estou cumprindo com meus compromissos, queridos. Só não são tão importantes para você quanto para mim.

—Não quero saber o que você está fazendo, porra! Quero que venha agora mesmo até aqui para que possamos resolver isso de uma vez.

A ouvi respirar profundamente e um barulho indicou que talvez ela tivesse trocado o celular de uma orelha para a outra.

—Acredite em mim, Jason. Você quer saber o que eu ando fazendo. Ou pelo menos vai querer saber depois dessa noite.

Tive a impressão de ouvir alguns murmúrios no fundo antes que Júlia começasse a, pelo visto, andar para longe.

—Eu amo tanto falar com você, meu amor, mas receio que já é hora de eu desligar. Acredito que você não consiga mais falar comigo através desse número, mas eu prometo que não vou demorar a entrar em contato. Eu te amo muito, Jason. Tchauzinho.

Antes que eu pudesse questiona-la, a linha ficou muda. Tentei ligar novamente, mas a voz masculina e computadorizada avisava que a linha não estava na área de cobertura.

Eu estava frustrado. Sentia que Júlia estava aprontando algo muito sujo e sentia uma necessidade tamanha de ouvir a voz de Amber. Queria poder saber se ela estava bem e em segurança antes que eu pudesse ir para a cama.

Apesar de ela já ter pedido para que eu não ligasse antes que me mandasse algum sinal de que sua mãe não estaria por perto, eu liguei. Não tinha notícias suas desde a tarde, quando avisou que ficaria um tempo sem me contatar em comemoração ao noivado de Anna.

O celular chamou apenas um par de vezes antes que alguém atendesse.

—Onde está ela? O que você fez, seu monte  de merda?

Anna estava tão nervosa e aparentemente abalada que eu não me importei com nada depois de perceber que ela falava da Amber.

Me levantei rapidamente e tentei limpar a cabeça, ficar calmo. Não tinha ideia do que estava acontecendo.

—O que aconteceu? O que...

—Mais que grande filho de uma puta você é —Anna me interrompeu parecendo exaltada como nunca —Eu vou matar você se fizer alguma coisa com ela, Jason!

—Anna, tente se acalmar. —Ouvi alguém dizendo a ela —Deixe que um dos meninos fale com ele.

—Não vou permitir que algo aconteça a ela. Está ouvindo, seu desgraçado? A polícia vai te foder, Jason!

Antes que eu pudesse responder, ouvi alguns barulhos no fundo da linha. Anna solução enquanto eu podia ouvir alguém tentando conforta-la. A linha ficou muda e depois ouvi a voz de Phoebe.

—Professor  Smith, é a Ebe. —ela fungou —Por favor, me diz que a Amber está com você.

—Não, Jackson. Ela não está aqui, pelo amor de Deus o que é que está havendo? —Cocei a nunca, sentindo meu corpo em estado de alerta.

—A Amber desapareceu, Jason—Ela soluçou—Eu a vi em um carro. Sabia que não era o seu e mesmo assim tinha esperança de que pelo menos ela estava bem e no mínimo louca em fugir com você no meio da noite depois do jantar de noivado da Anna. Mas se ela não está aí, Jason... pelo amor de Deus, onde que ela está?

Phoebe desmoronou na ligação enquanto soluçava e fungava. Todo o meu corpo entrou em sinal de alerta e eu peguei a chave do carro antes de ouvir o telefone sendo passado para outra pessoa.

—Jason, é o Noah.

Respirei fundo, felizmente ele estava falando firmemente apesar de também parecer muito preocupado. Conversar com alguém lúcido era a única coisa que eu precisava para resolver aquilo.

—Noah, preciso que me diga os detalhes.

Quinze minutos depois eu estacionei meu carro em frente a casa de Amber. Entrei sem nem mesmo bater na porta e visualizei todos em volta da sala. Phoebe estava sentada, sua cabeça apoiada no colo de Noah que estava sobre o braço do sofá. Havia um homem que eu nunca tinha visto, mas sabia que devia ser o suposto Jace, noivo da Anna que estava em pé ao seu lado enquanto ela mantinha um lenço braço sobre o nariz como se a qualquer momento começasse a chorar. Meu coração apertou dentro do peito. Amber não estava ali e isso de certa forma alertou meu coração. Senti vontade de desmoronar, mas sabia que Amber precisava de mim. Eu estaria firme e forte por ela.

—Jason. —Phoebe foi a primeira a me ver parado na soleira da porta.

Ela se levantou e veio até a mim enquanto todos os outros apenas observavam.

A menina, sempre forte e inabalável, estava destruída. Lançou seus braços magros ao redor do meu pescoço e chorou como eu nunca tinha visto antes.

—A gente avisou a polícia, mas eles não vem.

Ela soluçou antes de se afastar e voltar para o sofá. Noah veio até a mim e me cumprimentou de forma pacífica.

—Não podem fazer nada até que se passe vinte e quatro horas. —ele explicou —Desgraçados.

—Vamos manter a calma. —Eu disse e tentei convencer meu coração a fazer o mesmo.

Anna até então não tinha dito nada e Jace estava ao seu lado como se pudesse segura-la caso decidisse avançar em mim. Pelo telefone Noah já havia me dito que falaria com Anna e explicaria que de certa forma eu poderia ajudar. Talvez fosse por esse motivo que eu ainda não estava sangrando no carpete da sala.

—Tenho uma ideia de quem possa estar com ela. —Falei, vendo a esperança crescer dentro dos olhos de cada um deles.

Mesmo em mim.

***

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Enlouquecendo Jason SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora