Capítulo Seis

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Três semanas depois e tudo estava indo conforme eu esperava. Depois da conversa, digamos intensa, que tivemos, Jason Smith mudou seu comportamento completamente. Ele não fazia piadinhas comigo, não entrava no meu caminho e com toda a certeza, Jason Smith não me dava broncas. Phoebe e Noah acharam suspeito, mas eu não. Enquanto meus amigos ficavam pensando no quão perigoso aquele gesto pudesse ser, já que Jason Smith era, segundo meus amigos, calculista, e podia estar bolando algo que realmente pudesse me prejudicar, eu sabia exatamente o que ele estava fazendo. Sabia a posição em que ele havia se colocado e na posição que eu estava no momento e confesso que aquilo me deixava com uma animação de quem havia ganhado na loteria.

Era só imaginar aquilo como se fosse um jogo de xadrez e eu estivesse prestes a me movimentar de forma errada, só pra poder fazer com que o adversário pensasse estar com vantagem enquanto, na verdade, eu tivesse premeditado aquilo.

E era exatamente essa jogada que eu faria naquela última aula de sexta feira, enquanto Phoebe precisava ir embora dez minutos mais cedo para lhe dar com a mãe e Noah precisasse estar no campo para treinar, sem ter tempo para me esperar. Era apenas eu e Jason Smith naquela sala de aula.

Não sorri em nenhum momento enquanto a última aula corria. Não falei alto, não chamei a atenção e mal conversei com os meus amigos. Coloquei meu celular para despertar exatamente cinco minutos depois que o sinal batesse. Quando isso aconteceu e Noah me deu um beijo antes de correr para o campo, a sala se dispersou lentamente e eu já sentia o olhar curioso e, só talvez, preocupado do meu professor sobre mim enquanto Cíntia Gold parava ao seu lado para puxar assunto. Revirei os olhos insanamente enquanto enfiava meus materiais na minha bolsa, torcendo para que ela fosse logo, antes do meu celular despertar. No exato minuto em que ela saiu, o toque alto do meu aparelho começou a soar pelo ambiente parcialmente vazio.

Olhei a tela com hesitação, antes de desligar o alarme e suspirar dramaticamente, sabendo que Jason Smith estava enrolando para sair da sala, enquanto ele tentava entender o que se passava comigo.

Guardei o celular no bolso traseiro da minha calça, sentindo que devia ganhar um Oscar pelas lágrimas que, por querer, estavam rolando pelo meu rosto. Agarrei a minha mochila com certa indignação e a joguei nas costas, me mostrando estar frustrada.

-Bennet, você está bem? -A voz de Jason veio hesitante.

Fechei os olhos e balancei a cabeça.

-Eu vou ficar. -Passei por ele e suspirei ao abrir a porta e batê-la atrás de mim.

Quando cheguei no estacionamento, sua voz voltou a falar.

-Não sou um especialista, mas sei quando uma pessoa está bem e você, definitivamente, não está.

Parei e mordi os lábios, antes de me virar.

-Obrigada por se preocupar comigo, mesmo depois de tudo... -Suspirei e afastei as lágrimas que desciam tão naturalmente -Mas não quero ter que te encher com os meus problemas.

Ele bufou e passou a mão na nuca.

-Sou bom em ouvir. -Deu de ombros- Olha eu não devia, mas eu conheço um lugarzinho horrível que com certeza ninguém dessa escola tem a coragem de frequentar.

Balancei a cabeça e sorri gentilmente, reparando que ele olhou tempo de mais para meus lábios.

-Você está de carro?

-Eu geralmente venho pedalando, mas hoje quis caminhar.

-Tudo bem, vai entra aí. -Ele abriu a porta para eu entrar e depois rodeou o carro, sentando-se na frente do volante.

-Você não costuma ser uma pessoa tão reservada. Hoje você definitivamente não está sendo você.

Suspirei e balancei a cabeça.

-Eu não estou me sentindo eu. -Falei e olhei para minhas mãos em meu colo.

-Tudo bem, vamos beber alguma coisa e você pode se abrir, talvez te faça sentir melhor.

Mordi os lábios e virei o rosto para a janela, enquanto Jason Smith dirigia para longe da escola.

...

Esse foi o final de semana mais lento e frustrante da minha vida. Eu não sai com meus amigos porque eles tinham outros planos, tive que assistir comédias românticas com a minha mãe durante esses dois dias exaustantes e não aceitei me encontrar com algum dos meus ficantes porque não queria ser motivo de assunto na escola por causa dos meus planos envolvendo meu professor.

Quando por fim chegou segunda feira, dia que eu sempre odiava um pouco mais do que todos, mas por um motivo especial eu estava adorando naquele instante, eu peguei a minha melhor roupa e usei o meu melhor perfume. Envolvi meus cabelos com um lenço de seda e mandei um SMS para que Phoebe me esperasse na entrada.

-Meu Deus, você está maravilhosa hoje. -Noah assoviou, quando parou ao lado de Phoebe.

-Normalmente eu não concordo com esse idiota, mas hoje ele está certo. Garota, você está um arraso.

Sorri e lhes mandei alguns beijos que ambos pegaram no ar e, ignorando Cíntia Gold que me encarava do seu armário, fomos para a sala.

Jason daria a primeira e a última aula, o que significava que nada antes dessa ou depois daquela, seria importante.

Me sentei no meu lugar de sempre enquanto Phoebe me contava sobre seu final de semana e Noah aproveitava algumas deixas para implicar. Quando todos os alunos se sentaram em seus devidos lugares e Phoebe se virou para frente, Jason Smith entrou na sala. Ele estava usando um terno azul grafite que lhe caia perfeitamente bem. Realçava os músculos e os olhos. Sorri quando ele me olhou e, discretamente sorriu também. Sua aula começou e ele prosseguiu dando olhares e gestos discretos para mim.

Tudo o que eu sabia, era que a noite de sexta feira havia sido o primeiro passo para tê-lo de vez na minha cama.

Ou na dele.

***


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Enlouquecendo Jason SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora