Cap.1

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Lilian

   Minha vida daria uma ótima novela. Uma mãe e irmão mortos, um pai que não liga para a filha, uma madrastra horrível com uma filha horrível. Tá mais parecendo a história da Cinderela, bem que eu queria ser a Cinderela.

   Peguei minha bolsa e desci correndo as escadas. Meu pai tomava café com a esposa e filha dele.

   Peguei um pedaço de pão e beijei a bochecha do meu pai.

  — Sente-se e coma, Lilian. Nem parece que eu te dei educação.

  — Faculdade, pai. Não tenho tempo. — pisquei para ele.

  — Lilian, peço que se sente-se e coma. Siga o exemplo da sua irmã. Não está vendo como ela é educada? Você está jogando a sua educação no lixo? — arregalei os olhos. Nossa, para que tanta raiva, eu fiz oque?

  — Deixa papai. Não tem problema. A Lilian está assim desde que começou a conviver com aquela menina, acho que o nome dela é Anna. — a Isadora falou e sorriu para mim.

   Por incrível que pareça, ela é a minha irmã. Daria tudo para ter uma vida normal, sem ninguém para brigar comigo o tempo todo.

  — Pai, eu quero muito tomar café com você, mas não posso. Desculpa. — coloquei um pouco de suco e tomei em três goles.

  — Nem parece que eu te dei educação.

  Decidi não responder, ele é meu pai ainda. Devo respeito.

  — Lilian, querida, eu vou sair agora. Quer uma carona? — a mulher do meu pai perguntou. Só sorrir, ou, tentei.

  — Estou atrasada demais. Bons agachamentos para você.

   Ela sorriu para mim de uma forma amarga.

   Só saí daquela casa o mais rápido possível.

  — Vagabunda, entra aí. — escutei a voz da Anna e sorrir.

   A Anna é minha amiga. Não tanta, nós conhecemos faz mais ou menos três semanas.

   Entrei no seu carro. Coloquei minha bolsa no meu colo.

  — Atrasada, oque aconteceu? — ela perguntou. Olhei para as casas que passavam pelos meus olhos.

  — Como sempre, meu pai. Não ocupo, ele me criou praticamente sozinho. — fiz um coque no cabelo.

  — Humm, ele não é um ótimo pai. Esse homem preferiu passar o natal com a esposa em São Paulo, do que com a própria filha. — arquei a sobrancelha.

  — Como você sabe que o meu pai me deixou sozinha no natal? — ela riu.

  — Flávia, você sabe que ela é fofoqueira. — neguei com a cabeça.

   Peguei meu celular e mandei mensagem para a Flávia.

  — Mandei você espalhar minha vida por aí? — gravei o áudio e mandei para mesma. Recebi a figurinha do jerry rindo, em resposta.

  — Pelo menos, você vai passar esse ano com a gente.

  — A gente quem?

  — Meu irmão, meus amigos...

  — Peraí, a gente vai passar o ano novo e natal aonde? Meu pai quer viajar. Acho que para São Paulo, de novo.

  — Estava pensando ver os folgos na praia. Muito melhor do que você passar sozinha, de novo. Porque você não gosta de ir para São Paulo? Parece ser legal lá.

   Mesmo não sendo tão longe da aonde a gente estava, São Paulo não era uma boa escolha para mim. Não mesmo.

  — A família da Bárbara mora lá. Na última vez que eu fui, não deu muito certo.

  — Mas, ainda estamos em fevereiro, vamos pensar em outra coisa. Oque faremos no carnaval? Para onde vamos?

  — Não sei mesmo. Passo meu carnaval em casa, atualizando as minhas séries.

  — Que tal, Cabo Frio? Meu irmão tem uma casa lá. Ele daria com certeza para nós festejávamos.

  — Quem é o seu irmão? Eu o conheço?

  — Certamente não. Ele não é muito de ficar de papinho com as minhas amigas. As vezes, penso que ele é louco. — rir baixinho. — Não gosta de socializar com as pessoas.

   A Anna parou no farol vermelho. Ela pegou o celular e me entregou.

  — Esse é o meu irmão. O nome dele é Thiago.

   Um homem gostoso estava na foto. Ele não era nem tão magro e nem tão musculoso. Sua pele negra se destacava na luz do sol, me fez querer passar a mão na sua barriga definida.

  — Seria loucura se me desse vontade de conhecê-lo?

  — Não, seria loucura se não quisesse. É um pouco difícil para mim. As meninas no tempo da escola queriam o meu irmão. Mas não se enganem, ele só tem essa carinha linda, por dentro é um chato.

  — Se você diz. Ficarei o mais longe possível. De problema, já tá ótimo os meus.

  — Então, como faz para ser tão paz e amor? Eu já estaria surtado se fosse você.

  — Também não sei. As vezes bate a crise, mas to indo. — ela riu.

  — Meu Deus, a gente se conhece faz quanto tempo?

  — Três semanas.

  — Se conhecemos a tão pouco tempo, parecêssemos amigas de séculos.

  — Espero que continuamos assim. Uma amiga, é isso que eu preciso. A Flávia é uma fofoqueira, e nos conhecemos a três semanas também.

  — Como ela sabia que o seu pai foi viajar e te deixou?

  — E eu vou saber? Ela é uma tremenda maluca!

   A Anna parou o carro na vaga da faculdade. Peguei minha bolsa e saí mais rápido possível.

  — Te vejo no intervalo? — a Anna gritou.

  — Claro!

   Andei o mais rápido possível para a minha sala. As pessoas me olhavam como se eu fosse uma tremenda maluca, e sim, eu sou uma maluca. Pioraria se eu não passar de ano. Isso sim me fará uma maluca ao estremo.

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