Cap.28

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Lilian

"Eu espero que você entenda
Que o meu amor é amor de quenga
Eu não quero que você se prenda
No meu amor, amor de quenga"

   Nunca vi uma música que se semelhasse tanto com o Marquinhos.

   O bicho é uma quenga purinha, Deus me livre.

O pessoal ali já estava todo mundo bêbados. E como sempre, eu que vou cuidar desses doidos.

— Tá vendo aquela menina? - O Marquinhos falou. Ele apontou para uma menina morena logo atrás de mim. — Eu vou casar com ela.

— Você tá falando da Pérola? - Ele concordou com a cabeça. — Sinto pena da coitada.

— Para, né Lilian? Você sentou no meu pau e não reclamou. - Ele sentou no chão mesmo, sem ligar que o pessoal pode passar em cima do mesmo.

  — Naquele dia eu estava na base de álcool. Mesma coisa com o Thiago. Foi um deslize, não acontecerá mais.

  — Se fosse para rolar de novo, seria com eu ou o Thiago? - Ele olhou para mim. Um rostinho angelical, nem parece que é a maior puta desse carnaval.

  — É para falar a verdade? - Concordou com a cabeça. — Você, o Thiago tem um pau pequeno.

— Falou mancando. - Revirei os olhos e chutei o Marquinhos.

— Cala a boca.

— Tá com o corpo todo roxo aí. É mentira? - Levantou o meu casaco, deixando aparecer minha barriga com alguns chupões.

— É, você está mentindo. Eu que caí da escada, idiota.

— Mas, aonde a gente tá nem tem escada. Ué.

  — Eu não falei nada de escada.

  — Então por que tá de calça e casaco?

— Porque tá fazendo frio. - Cruzei meus braços.

— Sei, finjo que acredito.

Estava morrendo de calor. Aquele casaco quente e uma calça não estava dando certo. Abrir o casaco para entrar um pouco de vento.

— Vai falar com a Pérola não? - Arqueie a sobrancelha.

— Para que?

— Não me diga que você tá com vergonha, não é possível.

— Não é vergonha...

— Já levou um chá?

— Ainda não.

— Se não levou o chá e tá assim, imagina quando levar. Vai tá beijando os pés da mesma.

— Cala a boca, roxa.

— Da uma sugada aqui na minha rola, ó glub glub.

  — Seu pau imaginário, muito grande e grosso.

   Peguei a garrafa de água e coloquei ali, fingindo que era um pau.

  — Sim, bem grosso. - Bati na cara do Marquinhos com a garrafa. — Chupa meu pau.

  — Maluca. - Sussurrou e passou a mão no rosto.

  — Vai falar com a Pérola não? Quer que eu fale?

— Você tá tão apressada para que? E, aliás, não tem para que, ela nem sabe quem eu sou.

— Mas vai saber agora. Levanta essa bunda e vamos lá. - Segurei seu braço, tentando fazer esforço para ele se levantar, mas o mesmo negou.

— Me deixa aqui. - Sussurrou.

— Você é muito medroso. Segura a minha bolsa. - Joguei minha bolsa na sua face e fui até lá.

Uma loira de cabelo curto rebolava na frente de um homem. Meu Deus, que baixaria. Eu sou culta.

— Oi Pérola. Quanto tempo né menina? - Ela me abraçou com um pouco de receio.

— Você é a ...?

— Lilian Vasconcelos. Acho que você não me conhece, faço faculdade na mesmo local que vocês. - Apontei para o bonde ali. — Vamos para onde interessa, meu amigo medroso quer ficar você.

Apontei para a bailarina de Chernobyl que estava sentada no chão. O mesmo virou o rosto fingindo que não me conhecia.

— O Marquinhos, como eu vou me esquecer dele? - A Pérola rir e bate na sua própria testa.

Ué.

— Marquinhos da faculdade, todo dia me entrega uma florzinha. Ele está um pouco... diferente?

— Menina, é porque você não viu ele ontem no show da Pablo Vittar. Tava uma bailarina toda.

— Desculpa, você pode pedir mil desculpas a eles. Fiz uma aposta com esses idiotas, passar o carnaval sem ficar com ninguém. - Ela apontou para os amigos.

— Tudo certo, vou dizer a poc. Outro dia vocês ficam. - Dei tchau para o povo e fui até a bailarina.

— Não te conheço, não sei o seu nome. Você não me conhece, passe direto e vá falar com outra pessoa. - Ele sussurrou e empurrou as minhas pernas.

— Para né Marquinhos? Pelo amor de Deus. Ela disse que fez uma aposta para não ficar com ninguém nesse carnaval. Mas, vai ficar muito feliz se puder comer o seu cu em qualquer dia desse.

— Mentirosa, isso só foi para você largar o pé dela.

— Aí Marquinhos, você é tão bobinho. - Apertei suas bochechas.

— Para, está doendo. - Imitou o meme. — Eu já falei que não te conheço, louca.

  — Parou, idiota? Na hora de comer o meu cu  você me conhecia né?

   Gritei alto o suficiente para o pessoal perto escutar. O Marquinhos se levantou.

  — Eu não te conheço. Como é o seu nome?

  — Vá se fuder, vá. Me deixe em paz. Só queria fazer seu bem.

  — Você me fez passar vergonha.

  — Nem foi tanta assim. Olha só, arrumei uma ficada para você. Tinha que me agradecer.

  — Mimimi. - Dei um tapa no seu braço.

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