Cap.16

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Estava cansada. Ontem — quando vim do shopping com o Thiago —, me deitei na cama e dormir.

Fiquei a amanhã toda na faculdade e à tarde toda fora, espalhando meu currículo em escritório ou até em lojas. Qualquer lugar que o salário fosse o bastante para alugar um apartamento, para mim já estava ótimo.

Meus pés doíam por conta da sapatilha.

Fiz um coque no cabelo e me abanei um pouco, o calor estava de matar.

Voltei devagar para casa por conta da dor nos meus pezinhos de princesa. Só queria tomar banho e dormir.

— Você não entende? Isso é estranho para mim, você beijando outra pessoa e sem eu poder fazer nada. — a Anna gritava. Entrei em silêncio, fui para o meu quarto fazendo o menor barulho possível.

Hoje na faculdade, ela e o Vk mal se falavam. Entendo o Vk e também entendo a Anna. Ela é apaixonada por ele, assim como o mesmo é por ela. Uma paixão de sete anos, bastante tempo.

Ele nunca tinha feito nada com homens, se descobriu bi na hora que transou com o Marquinhos, e, gostou. Ele gostou. O fato dele ter gostando é que deixa a Anna apreensiva.

Porque, oras, ela tem medo de ser trocada.

Enquanto ia na direção do meu pequeno lugar aonde eu me acalmo, a porta do quarto do Thiago estava aberta.

Me encostei na porta.

Ele estava deitando na cama, fumando, como sempre. Oque me fez revirar os olhos. Ele estava só de cueca, e parecia ter saído do banho não faz pouco tempo.

— Oque você quer aqui, Letícia? — falou, ainda de olhos fechados. Sorrir, Letícia é sua mãe.

— Como você sabe que sou eu? Meu nome é Lilian, tevês.

— Sinto o seu cheiro.

  — Oque você é? Um cachorro para farejar o meu cheiro? — andei até o mesmo. Ele sorriu, de leve, mas sorriu.

  — Já passei a noite com você pelada em cima de mim, seu cheiro está em todo canto desse quarto, Letícia.

   Me sentei na beirada da cama. Ele levou o cigarro entre os lábios e deu um trago, a fumaça espalhou pelo ar.

   Seu corpo estava molhado, confirmando a minha teoria que ele acabou de sair do banho. Levei minha mão para passar no seu peitoral, mas logo mudei de ideia.

  — Como é meu cheiro? — perguntei, querendo acabar com o clima péssimo que ficou.

  — Morango, e...

  — E?

  — Suou. Um aroma horrível de suou. — ele abriu os olhos e olhou para mim, rindo. Dei um soco no seu ombro.

  — E você fede a... deixe me pensar. Você fede a esgoto, um esgoto bem sujo. — ele se sentou na cama, deixando os nossos corpos próximos.

  — Oque tem nesse esgoto? — levou a mão para a tatuagem no meu ombro, acariciando.

  — Não queira saber.

  — Você fica excitada perto de mim, admita. — sussurrou no meu ouvido e beijou o meu pescoço.

  — Por que admitiria uma mentira?

  — Sabe, mentir é feio, criança. O papai não explicou isso para você?

  — Você é um inconveniente. Eu não fico excitada, eu não estou excitada. Quem deve estar é você.

  — Por que eu ficaria excitado com uma criança? — arqueou a sobrancelha.

  — Não gastarei meu tempo com você. — me levantei rápido e peguei minha bolsa. — Fiquei aí com o seu cigarro e aroma fresco de esgoto. E só para falar, eu nunca ficaria com você.

  — Ótimo.

  — Maravilhoso. — saí dali.

   Esse menino é inconveniente, chato, idiota, e mais outras coisas.

   Caminhei até o meu quarto. O Marquinhos estava deitando na minha cama, assistindo alguma coisa na televisão.

  — Oque você faz no meu quarto?

  — Me expulsaram do meu sofá cama. Tive que ficar aqui já que o Thiago também não me quer no seu quarto fedorento.

  — Oque está acontecendo? Lá na sala?

   Tirei a minha sapatilha. Respirei aliviada por ter tirado aquele troço do meu pezinho.

  — Você vem perguntar para mim? O Vk queria falar com a Anna, só você vendo, foi o maior cabaré.

   Me deitei ao seu lado, pegando o balde de pipoca da sua mão.

  — Tá com a minha calcinha? Pode ir passando. — o Marquinhos riu e negou com a cabeça.

  — Sua calcinha não está mais comigo.

  — Tá com quem então? Aquela calcinha foi cara. Oque você fez?

  — Seu amiguinho Thiaguinho fez questão de guarda-lá. Ele disse que te entregariam. Deixa o coitado, vai bater uma punheta e depois entrega para você.

  — Cala a boca.

  — Sabe Lilian, a proposta da transa ainda tá aberta. É só falar o dia que a gente faz você gozar como nunca antes. — me virei para encara-lo.

  — Quando você disse a gente se referiu a quem?

  — Anna e eu. Claro que se não tivesse a Anna, chamaria o Thiaguinho.

  — Você acha mesmo que eu vou transar com vocês dois?

  — Tem certeza que não? O Thiaguinho parecia bem excitado vem você rebolar na minha boca. Não quer tentar nada com ele?

  — Me faça rir não, Marquinhos. Tu acha que eu quero alguma coisa com ele? Possa ser uma transa e nada mais, relacionamentos para mim não dão certo.

  — Pode dar. Sempre tem a sua primeira vez.

  — Tá achando que é quem? O cupido?

  — Quase isso. — revirei os olhos.

  — Tire o seu cavalinho da chuva, eu mesma não quero nada com ele. Se Deus quiser, nem transar a gente vai. Estou a procura de um emprego e logo vou alugar meu apartamento, indo para bem longe daquele fumante.

  — Se você diz isso, quem sou eu para negar uma frase da patroa?

  — Nada, você não é nada. Magrelo.

  — Isso é bullying contra a minha pessoa. Uma falta de respeito, nunca me senti tão ofendido.

   Me levantei e fui para o banheiro, tomar um banho relaxante e depois capotar na cama.

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