— Quem é você? — perguntou, de novo.— Quem é você? — devolvi a pergunta.
O homem na minha frente vestiu um samba canção.
— Marquinhos, amigo da Anna, e você?
— Lilian Vasconcelos.
— Entra aí. — ele deu espaço. Entrei olhando ao redor. — Anna, sua amiga!
— To indo, inferno. Oque aconteceu? — ela me olhou com uma sobrancelha arqueada. O tal de Marquinhos se deitou no sofá e deu um trago no cigarro.
— Posso ficar aqui? Por um tempo, não vou incomodar.
— Pode mulher. O tempo que quiser. Não liga para o Marquinhos, ele é um morador de rua, coitado.
— Ah não, Anna. Pelo amor de Deus, eu só aluguei esse sofá para dormir.
— Tá vendo? Um vagabundo da vida. Guarda suas coisas lá no meu quarto. — apontou para um corredor.
Quis perguntar qual porta era o quarto dela, mas, eles começaram uma discussão e eu ia atrapalhar. Peguei a minha bolsa e caminhei devagar.
Segurei a maçaneta da primeira porta que eu vi e empurrei. Era um quarto totalmente branco, sem nenhuma decoração. Oque me fez estranhar um pouco, a Anna com certeza teria um quarto todo preto ou roxo, não sei.
O quarto estava escuro. Apertei o interruptor da luz e fui até a janela, abrindo, deixando um pouco vento entrar dentro daquele quarto.
Escutei uma voz masculina. Me virei. O menino nem percebeu que eu estava ali.
Comecei a gritar, ele me olhou assustado e deixou a toalha ir para o chão.
Olhei para aquele negócio. Que horror!
— Oque você tá fazendo aqui?! — falou em um tão alto. Tampei meus olhos.
— A Anna mandou eu vim guardar minhas coisas aqui.
— Por que diabos ela mandaria você guarda suas tralhas no meu quarto?! — ele vestiu uma cueca.
— E eu vou saber?
— Qual é teu nome?
— Não interessa o meu nome.
— Responda a minha pergunta. Você é quem? Seu nome.
— Cleide, e o seu?
— Fala teu nome, caralho. — vestiu o samba-canção. Me sentei na cama.
— Lilian Vasconcelos.
— Thiago Barreto. Tu é amiga da Anna né?
— Sim. Desculpe falar, mas o seu sobrenome parece barro. — rir.
— Nossa, muito obrigado. Isso ajuda muito a minha autoestima. — falou.
Haha, ele é tão engraçado. Ironia.
— Vai sair do meu quarto não, querida?
— Não sou sua querida. Por acaso, eu vou dormir no quarto da Anna. — me levantei e fui até a minha bolsa.
— Ótimo, fecha a porta quando passar.
Não gostei dele. Não senti verdade nele. Acho ele, sim, incoerente. Ele está aonde te convém. Achei ele um falso, achei extremamente sem educação, extremamente grosso com as pessoas, extremamente soberbo!
Fui para a sala. Me sentei no sofá olhando a televisão. O Marquinhos tinha saído.
— Beijos querida, vou sentar no macho. — Anna apareceu na sala toda arrumada.
— Por favor, não me deixa aqui sozinha. Seu irmão é um chato, eu vou morrer de tédio. Você vai chegar aqui e eu vou estar morta. — fiz meu pequeno drama. Me joguei no sofá com a mão na testa.
— Beijos more. Meu quarto você já sabe aonde é, te amo! — ela me mandou beijo.
Oque eu vou fazer agora sozinha? Eu tenho medo de ficar sozinha.
— Tem medo do bichão papão? Que pega criancinhas como você. — escutei a voz do idiota e revirei os olhos.
Ele foi até a cozinha e voltou com um salgadinho.
— Sabe, na foto que a Anna mostrou você era mais bonito.
— Que ótimo, vou para o meu quarto. Cuidado com os fantasmas, já morreu algumas pessoas nesse apartamento. — revirei os olhos. Ele saiu rindo.
Eu fiz a escolha certa de ter saído da casa do meu pai? Oras, ele é meu pai.
Passei a mão no rosto. Estava cansada, com dor de cabeça e nem sei que horas a filha da puta da Anna vai voltar.
Me levantei e peguei minha bolsa. Fui andando até o corredor, odiava ficar sozinha.
Ainda mais, para piorar o meu medo, os móveis decidiram estralar.
Era só oque faltava.
Eu me virava toda hora para ver se era alguém.
Entrei na porta que, com certeza, era o quarto da Anna. Me sentei na cama e peguei meu celular.
Meu pai me mandava várias mensagens.
Lilian: To bem, pai. To na casa da minha amiga, vai dar tudo certo. Eu não vou morrer.
Paulo: Espero que não esteja com vagabundos que não fazem nada da vida.
Decidi não responder.
Oque tão achando dessa versão?
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Logo Você?
RomanceLilian Vasconcelos, não pensa no amor e acha que é uma coisa inexistentes. Tem várias coisa para fazer na vida ainda, não pensa nem na possibilidade de se relacionar com alguém. Sua vida é baseada em seu pai, sua madrasta e sua irmã controlan...