Cap.90

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Lilian

   Estava com uma dor de cabeça insuportável. Minha cabeça não raciocinava nenhum tipo de informação.

   Meu pai iria morrer daqui a quatro horas, ou menos que isso. Todos os olhares estavam em mim, como se eu tivesse a obrigação de chorar ou me sentir triste por isso, entretanto, eu não consigo. Sei que ele é meu pai e que eu, como sua filha caçula, devo muita coisa por tudo que ele me deu. Mas, eu não sinto nada. É estranho, eu devia tá chorando ou, pelo menos, cabisbaixa pela a morte do meu pai.

   Ele me machucou tanto. Fisicamente e mentalmente. Deve ser por isso que eu não sinto nada.

   Abaixei os olhos para os meus tênis branco encardido. O tênis que machucava o meu pé, queria ter vindo de havaiana, mas, o meu namorado não deixou. Ele ficou tão alvoroçado pensando que era alguém importante que iria morrer que nem me deixou se vestir direito. O mesmo se sentou ao meu lado, fazendo carinho no meu ombro.

  — Tá tudo bem? - Perguntou. Confirmei com a cabeça, sem olhar para ele.

   Aliás, oque o menor e a Flávia fazem aqui?

   Que eu saiba, a Flávia não tem nenhuma consulta e o menor não está doente.

   Quis tanto perguntar, contudo, seria muito indelicado da minha parte. Eles deviam ter vindo visitar alguém. Algum familiar ou amigo que está hospitalizado.

   Depois de intermináveis segundos, o médico foi embora. No entanto, antes de sair, falou:

  " — Agora só podemos esperar o seu coração parar de bater"

   Nossa, que massa. Vou ter que passar quatro horas ao lado do meu pai, relembrando os momentos mais horríveis da minha vida, mamaram?

  — Quer ir para casa? Você sabe que não é obrigada a ficar aqui. - O Thiago afastou o meu cabelo, beijando o meu ombro.

  — Vai ficar tudo bem, sempre fica. - Sorrir para o meu namorado, seu rosto ficou com uma expressão estranha.

  — Essa frase não caiu muito bem em você, apaga. É uma frase muito depressiva, demostrar que sua vida é péssima, e não é. Sua vida é maravilhosa agora, você tem eu, não poderia ficar melhor.

— Você é um namorado muito convencido. Aliás, você não sabe se eu estou feliz com você. Posso estar feliz por conta do meu amante que me anima.

— Vamos concordar que o seu amante não é tão bonito como eu. Não come um cu como eu... - O Thiago falou em um tom alto o bastante para o meu casal de amigos, sentados ao meu lado, escutarem. Os dois queriam rir, porém, tentaram disfarçar.

— Você é péssimo! Pelo amor de Deus, quem diz isso em um hospital? Nesse exato momento, alguém pode estar morrendo! Isso é horrível!

— Não é horrível, só estou tentando te animar. Mi amor.

— Hum, tá falando em espanhol agora?

— Eu só sei falar essa frase. Não fiz fisk. - Ele beijou o canto da minha boca.

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