Cap.94

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Assim que sair do quarto, vi um relance de uma mulher loira correndo para o sofá. Fiquei bastante tempo no quarto, o Thiago fez questão de dançar comigo por pelo menos vinte minutos. Foram vinte minutos de risadas e várias pisões de pé.

Andei até a sala com uma vontade imensa de voltar correndo para os braços do meu thi.

— Oque você quer aqui? - Me encostei na parede, ficando alguns metros da mulher a minha frente. - E, por Deus, por que estava mexendo nas coisas que não são suas.

— Lilian, você sabe muito bem que eu não consigo ficar com as mãos quietas quando estou nervosa. - Falou, apertando os seus dedos. Acenei com a cabeça.

   Escutei alguns barulhinhos vindo da cozinha. Com certeza, as bocas de sacolas estavam escutando.

  — Lilian, eu não vim aqui para brigar ou algum do tipo. Eu só vim... para conversar com a minha única irmã. Pelo menos, a única irmã que eu convivo.

   Respirei fundo. Não tinha conseguindo dormir a noite pensando que a minha mãe e o meu irmão estão vivo. E se eles estivem a minha procura? Meu coração palpitava, lágrimas enchiam os meus olhos só pensando na possibilidade de ter uma família de verdade.

  — Você pode se sentar? Para conversamos. - Concordei com a cabeça, me sentando ao seu lado. Ela segurou as minhas mãos, percebi que as duas estavam geladas.

   Ela respirou fundo, tentando se controlar. Logo depois, desabou sobre mim. Chorando compulsivamente nos meus ombros.

  — Eu amo você, minha irmã. Eu te amo muito, Lilian. Me desculpa por tudo que eu fiz para você, pelo oque ó Paulo fez a você. Eu me sinto a pior pessoa na fase da terra por ter feito você passar aquilo tudo. Por ter visto você ser abusada e não falar nada, fingir que nada acontecia no quarto ao lado.

   As péssimas lembranças que estava tentando esquecer, caíram sobre mim como um balde água fria. Uma lágrima silenciosa desceu sobre a minha bochecha esquerda. Limpei rapidamente.

  — Eu...eu me sentia com tanta raiva. O Paulo sempre amou mais você. A filha linda, que veio como uma bença para ele. E eu? Ô céus, sempre fui tratada como uma bastarda. Um fruto de uma traição. Mas, não quero falar sobre isso. Sei que desculpas agora não vão ajudar em nada. Não vão mudar em nada do que aconteceu. Mas, eu só tenho isso a oferecer.

  — Por que? Por que só agora? - Sussurrei.

  — Porque eu não tenho mais o maldito do Paulo sobre os meus ombros. "Seja um exemplo para a sua irmã mais nova, Isadora. O mundo agora é horrível. Não quero você destruindo o futuro brilhante da Lilian." - A mulher chorando em meus braços, fez uma voz grossa para falar. — Por favor, Lilian. Me desculpe. Eu só preciso do seu perdão. Recebi uma proposta maravilhosa, ser advogada em um dos melhores escritórios em Nova York. Faz uns meses que recebi essa proposta, estava pensando em como diria isso ao Paulo, entretanto, ele está morto agora. Posso seguir a minha vida da forma que quiser.

  — A culpa não é sua, Isadora. Eu não devo desculpa-lá pelo oque você não fez. Está tudo bem agora. Faz quatro meses que deixe a terapia, e até agora, minha vida está maravilhosa. Estou namorando a pessoa mais maravilhosa no mundo, tenho amigos que me apoiam em tudo... oque mais eu poderia querer?

  — Eu fico tão feliz por você, Lilian. Juro. Agora é de verdade. Pretendo seguir a minha vida também. Eu poderia até me casar com um ator ou um diretor de cinema. Não seria muita sorte? - A loira se afastou de mim. Limpou as suas lágrimas e soltou uma risada, e... eu rir junto com ela. Pela a primeira vez, durante em todos esses anos, estou compartilhando um momento feliz com a minha irmã. Isso não poderia me deixar mais contente.

  — Eu também te amo, Isadora. Estou muito feliz pela a pessoa que você se tornou. Só não estou muito feliz por não podermos ter aproveitado mais. Entretanto, se você se casar mesmo com um diretor de cinema, eu quero participar de pelo menos um filme. - Ela riu, concordando com a cabeça.

  — Eu tenho que ir, Lilian. Já está tarde. Tenho que arrumar as malas, o meu voou está marcado para menos de quatro horas. Desculpe por deixar toda a papelada do Paulo em cima de você e a minha mãe...

  — Tudo bem, não tem problema. Vou acabar jogando em cima do Thiago mesmo, não quero mais dor de cabeça.

   Me despedir dela com uma abraço apertado. Espero mesmo que ela seja muito feliz.

   Quando fechei a porta, corri para a cozinha. Encontrei os três bocas de sacolas encostando lá na parede, escutando toda a minha conversa.

  — Meu Deus Lilian, que susto. Mas, graças a Deus que você apareceu. Eu estava perguntando aos meninos de qual cor essa cozinha vai ficar melhor. Estava pensando em pintar. - A Anna colocou as mãos na cintura, olhando a parede.

  — Vocês acham que me enganam? Você são umas jamantonas. - Deixei eles ali, indo para o meu quarto.

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