• capitulo 2 •

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Vitória

3 meses depois...

Meu maior medo mesmo era fazer aquele teste, mas na altura do campeonato já tava na hora. Minha menstruação não vinha e eu não fazia o teste por medo do resultado.

Minha amiga Jaque me forçou a fazer, fomos pra favela aonde ela morava e fizemos lá mesmo, ela que foi ver, eu estava tremendo e já sabendo do resultado, até porque os sintomas e minha barriga já contava.

— Você tá prenha! - Jaque disse balançando os testes.

Caralho, oque eu vou fazer? O Benê vai me matar, ele tem mulher e tudo mais...

— E agora Jaque? Meu Deus, a minha mãe!! - Falei já desesperada andando de um lado para o outro.

— Calma Vitória, não é um bicho de sete cabeças não cara, relaxa ai! - Jaque disse se jogando no sofá.

— Preciso avisar o Benê! - Falei e Jaque assentiu com a cabeça.

Peguei o teste e saiu da casa da Jaque. Eu sabia muito bem aonde o Benê taria. Ele era o braço direito daqui, então guiei até a principal.

Chegando lá, de longe ele me avistou e veio vindo na minah direção.

— Preciso falar contigo! - Falei nervosa.

Eu tava soando frio.

— Bora pro beco logo! - Benê disse indo na frente.

Fui seguindo ele até o beco dali de perto e quando chegamos ele me encarou com os braços cruzados.

— Abre o bico logo princesa, tenho maior corre hoje! - Benê disse.

Encarei ele e tirei do bolso o teste, estendi pra ele e ele ficou encarando o teste e depois me olhou.

— Tu tá de caô com a minha cara? - Ele perguntou assustado.

— To brincando não Bernardo. E agora? Eu tenho só 15 anos, minha mãe vai me matar! - Falei desesperada.

Ele veio me puxando na maior rapidez e ficou acariciando minha cabeça.

— Fica sussa menor, eu fiz e eu que vou criar caralho, tu pega tuas fita e vem morar pra cá que eu ajeito uma goma pra tu, mais no sigilo em! - Benê disse se afastando.

— Vou deixar minha família? - Perguntei e ele assentiu.

— Tenho que ir pô, beijo pa tu e pa minha cria! - Benê disse vindo me dar um selinho e saindo do beco.

Eu e Benê sempre saia, e eu sempre tomava os remédios que ele comprava, mas dessa vez foi tudo em vão.

Sai daquele beco descendo rasgando, eu precisava falar pra alguém, só não podia ser minha mãe. Quando sai da favela, corri pra casa, eu me joguei na cama e as lágrimas tomaram conta de mim.

Eu fui burrra. Eu fui muito burra de deixar isso acontecer!

*****

Mariane

Sai do meu trabalho e logo liguei meu dados móveis dando de cara com várias mensagens de Vitória.

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WhatsApp 📞

Vitória: MARIANE, EU PRECISO FALAR COM VCCCCC!!! - ( 13:52 )
Vitória: Marianeee, cadê vcccc???? - ( 13:59 )
Vitória: QUE HRS VC CHEGA EM CASA HOJE? - ( 14:07 )

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Maluquice da Vitória, certeza!

Fui indo até o ponto de ônibus vendo que já era quase oito da noite, eu estava exausta, mas ver que você ajudou uma pessoa de alguma forma, não tem preço.

Terminei meu curso a três meses e eu fui efetivada aonde eu fazia estágio.

Peguei o ônibus e fiz aquele mesmo trajeto de todos os dias, parei no ponto de sempre e fui guiando pra casa.

Cheguei dando de cara com minha mãe e meu pai jantando no sofá enquanto assistiam jornal. Fui pro quarto e encontrei Vitória encolhida na cama, quando ela me viu, quase pulou em cima de mim.

— Me ajuda Mari! - Vitória disse com o rosto vermelho e inchado.

— Oque houve Vitória? - perguntei preocupada.

Ela me mostrou um teste de gravidez positivo e eu a encarei séria.

— Eu to grávida! - Ela disse.

— Oque? - Ouvi a voz de minha mãe atrás de mim.

Olhei pra trás e vi meus pais parados na porta com a pior cara do mundo.

• aperta na estrelinha •


Do asfalto pra favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora