• capitulo 23 •

41.8K 3.3K 825
                                    

Laura

Não, não pode ser.

Deixei Ian dormindo e fui pra boca atrás dele, sempre que Fumaça demorava eu ia atrás.

Não sou boba!

Eu tava com o maior barrigão, mas eu ia atrás, porque a gente não pode confiar em ninguém não.

Cheguei lá na boca e de cara encontrei o Benê, ele tava lá contando os dinheiros e quando me viu ele parou de contar e me encarou.

— Cadê o Fumaça? Já tá tarde e ele não voltou ainda! - Falei cruzando os braços.

— E eu que sou o segurança dele por acaso? Vai pra tua goma Laura, fica esquentando os miolo ai atoa pô. - Benê disse acendendo um cigarro.

— Eu quero saber do meu marido, você tem a obrigação de saber! - Falei fechando a cara.

— Desde quando meu cargo é de saber aonde Fumaça tá? Que eu saiba eu faço as conta da boca e cobro as negada. - Benê disse voltando a contar.

Bufei e voltei pra casa, era umas onze da noite já. Eu peguei meu celular e liguei pra ele várias vezes, enchi o celular dele de mensagens.

Ele não dormia pra fora de casa, ele sempre voltava por volta desse horário, quando não voltava, eu ia até a boca atrás pra saber oque tava fazendo.

Eu desisti, sai indo pra minha cama e deitando lá esperando ele...

*******

Mariane

Dia seguinte... ( Domingo, 10:17 da manhã )

Acordei com a claridade da janela, levantei vendo que eu estava sozinha na cama.

Eu e Fumaça não fizemos nada, nem beijo.

Eu fiz ele dormir no sofá, mas no meio da noite ele veio me agarrando pra dormirmos de conchinha.

Fui pro banheiro direto fazer minhas higienes, sai pegando meu celular e ligando o dados móveis...

WhatsApp 📞
———————————————–——

+21 xxxx-xxxx: Vou desisti não minha gata, eu vou ficar no teu pé, pq to ligado que tu tá afimzona tbm. To louco por tu. - ( 06:38 )

——————————————————

Eu ri e acabei bloqueando a tela.

Hoje já era domingo, eu precisava voltar pra casa, eu arrumei minhas coisas e depois coloquei um macaquinho jeans e calcei meu all star. Amarrei meu cabelo num coque e coloquei meu óculos escuro.

*****

Eu havia pago o hotel e já tinha colocado tudo dentro do carro, sai de lá e fui pra casa da minha mãe. Eu cheguei lá e de cara avistei minha mãe varrendo a calçada.

Eu desci do carro e ela me encarou.

— Eu sei, você pode ficar brava, e eu te dou toda razão do mundo por isso. Eu fui e nem te avisei, mas mãe você não sabe o quanto eu precisava sumir sem dar sinal, me perdoe por te deixar preocupada, eu precisava cuidar de mim, mas longe daqui! - Falei e minha mãe logo veio me abraçar.

— Eu te perdôo minha menina, eu senti tanta sua falta... - Minha mãe disse.

— É, to voltando pra São Paulo hoje... - Falei.

Ela me encarou meio cabisbaixa.

— Ok, você tá certa, tem que viver sua vida... - Minha mãe disse suspirando.

— Mas eu prometo voltar mais vezes. - Falei e ela assentiu. - E vocês tão tudo ok ai? Com dinheiro... - Perguntei.

— Até que tá, seu pai sumiu de vez com a atual mulher, Vitória da um dinheiro pra ajudar e eu to trabalhando do mesmo jeito de sempre. - Minha mãe disse.

— Eu vou mandar dinheiro de lá. - Falei e ela negou com a cabeça. - Vou mandar sim mãe, não adianta negar não! - Falei e ela veio me abraçar.

Entramos e eu fui me despedir da minha irmã, eu me despedi da minha mãe e logo fui pra favela. Eu precisava me despedir da Letícia.

Eu subi direto até a casa de Letícia, desci do carro e fui caminhando até a porta da casa dela, bati e logo ela atendeu me encarando.

— Oi... - Letícia disse sem graça.

— Oi, eu vim me despedir. - Falei olhando ela.

Senti aquele cheiro de macarronada e logo ouvi a maior gritaria dentro da casa de Letícia.

Ela deu espaço pra mim passar e eu fui caminhando dando de cara com Caveira, Fumaça e uns meninos da boca sentados no sofá e no chão fazendo a maior gritaria jogando truco.

Eu entrei e todos pararam pra me olhar, Fumaça me encarou de cara fechada e voltou a jogar o truco.

— Vamo porra, para de ficar olhando pra minha gata caralho! - Fumaça falou alto.

Todos na mesma hora voltaram a jogar e eu gelei na hora, Letícia me puxou pra cozinha e logo avistei Nicole vindo correndo me abraçar.

— Tia Mari, minha mamãe disse que você é muito amiga dela, entre você é minha segunda melhor amiga, tá bom? - Nicole disse me abraçando.

— Tá bom meu amor, e a primeira quem é? - Perguntei.

— A mamãe. - Nicole disse saindo do abraço e correndo pra fora da cozinha.

Letícia foi terminar de fazer as coisas e eu fui ajudar ela calada.

— Vai voltar quando? - Letícia perguntou.

— Sei não, talvez no final do ano eu venha pra cá. - Falei cortando as batatas.

— Sério, queria que você ficasse. - Letícia disse. - Não só eu... - Ela disse me encarando e eu neguei rindo.

Ai Fumaça, oque você não faz em...

• aperta na estrelinha •

Do asfalto pra favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora