Laura ( Mulher do Fumaça)
— Por que eu não posso ir caramba? Eu fui no pagode e você não falou nada! - Falei emburrada com Fumaça.
— Tu não da dessa comigo não. Tu fica mulher, tu é maluca de não entender ainda! - Fumaça disse amarrando o mizuno dele.
— Eu quero ir porra. Vai levar amante é? - Perguntei cruzando os braços.
— Que papo de amante oque. Tu é malucona cara, to indo pra curtir sem maldade pô, acredita ai boneca. - Fumaça disse vindo me abraçando.
Ai como eu amo esse homem.
— Mas deixa eu ir junto, toda vez é assim Fumaça. - Falei me jogando na cama.
Ele simplemente me encarou com uma cara feia e negou com a cabeça, veio até mim e me deu um beijo que no caso eu desviei.
— Eu volto cedo pô, não fica com esse bico pra mim não! - Ele disse saindo do quarto.
Dou a de maluca surtada mesmo, vou ir atrás mesmo, porque besta eu não sou de ficar aqui plantada esperando ele voltar.
Esperei ele sair de casa, e quando ele saiu, eu fui direto pro meu guarda roupa pegar um vestido cheio de lantejoulas. Calcei meu salto e fui correndo pranchar meu cabelo. Passei um batomzinho nude e fui descendo as escadas, eu ia ir de um jeito ou de outro.
******
Mariane
Letícia me fez trocar de roupa, ela me deu um body dela preto rendado, e um shorts clarinho.
Ela terminou de se arrumar e então saímos da casa dela. Passamos na casa da amiga da Vitória e pegamos as duas e fomos pra muvuca que já tava ali perto.
Letícia foi me puxando até a barraca, eu peguei um copão de smirnoff e ela uma cerveja mesmo.
— Caveira quer que eu seja fiel... - Letícia disse.
— E você quer ficar com ele sério? - Perguntei dando um gole na bebida.
— Quero, eu gosto dele, mas é foda despachar todos os meu gados né. - Letícia disse rindo e eu ri junto.
Paramos de rir quando vimos Caveira se aproximar, ele logo foi puxando Letícia pra um beijo e eu ali parada fingindo que eu nem tava ali.
Eles pararam de se beijar e ele me encarou.
— E aê Marina, curtindo o bailão? - Caveira falou apontando a arma pro alto.
Marina? Marina?
— É Mariane, e não Marina Esqueleto! - Falei mostrando a língua e ele sorriu negando com a cabeça.
— Bora lá pra cima pô, aqui é o maior furdunço. - Caveira disse e na mesma hora Letícia assentiu.
Ave.
Ela foi me puxando até o tal camarote, chegamos lá e tinha alguns caras com mulheres no colo ou dançando em sua frente.
Encarei Caveira sentar e Letícia dançar na frente dele. Fui até ela e suspirei.
— É parece que tem uma pessoinha ali te fitando. - Letícia disse encarando um lado do camarote.
Olhei pra trás e vi Fumaça com uma menina dançando no colo dele, mas não era a mulher. Ele me encarava sério enquanto fumava e soltava a fumaça.
Daqui uns dias nem pulmão vai ter mais.
Virei o rosto e Letícia ria vendo minha situação.
******
Eu tava cansada de ficar ali, eu tinha bebido bastante, eu já tinha ido umas três vezes no banheiro fazer xixi. Fui pela quinta vez pegar bebida e quando voltei, vi o maior barraco, tentei encarar e fui andando mais rápido pra ver qual era do babado.
Eu tava cambaleando já, mas eu entendias coisas.
— Oque ela tava fazendo pelada contigo Fumaça? - Mulher de Fumaça gritava alto.
Fui chegando perto de Letícia com Caveira e me sentei perto deles.
— Oque tá acontecendo? - Perguntei tudo embolada.
— Você que é a vagabunda da história, não é nem ele! - A mulher de Fumaça berrava enquanto metia murros na menina que momentos antes estava no colo dele.
— Tá respondido? - Letícia disse rindo. - Ele foi comer ela no quartinho, e a Laura mulher do Fumaça entrou sabendo que ele tava fazendo merda. - Letícia disse abraçando Caveira.
Fiquei encarando Fumaça acender o cigarrinho dele e não fazer nada.
— Caramba, ele não vai separar não? - Falei.
Até parece que ele ouviu, ele deixou o cigarro na boca e puxou a Laura pelo cabelo, ele saiu com ela pelos cabelos e não falou mais nada.
A menina que tinha apanhado, tava com o vestido rasgado e com a cara toda marcada. Ela saiu de fininho e rápido dali.
— Eu em, gente maluca. - Falei fechando meus olhos.
— Ala o pulmão preto voltando. - Letícia disse.
Abri meus olhos e vi Fumaça vindo com a maior cara de bosta. Ele fez a maior questão de sentar do meu lado e beber do copo que estava na minha mão.
— Ei a bebida é minha. - Falei encarando a boca dele.
— Te perguntei? - Ele falou dando de ombros.
Me levantei cambaleando e quase cai.
— To indo, quero ficar aqui não. - Falei mordendo a boca apertada pra ir no banheiro.
— Eu vou com você... - Letícia disse.
— Não, quero ir sozinha. - Falei dando tchau pra ela e o Caveira.
Sai daquele camarote e fui direto pro banheiro, fiz minhas necessidades e quando sai do banheiro trombei com Fumaça fumando maconha.
— Oi Pulmãozinho preto. - Falei rindo fechando os olhos.
Me senti toda mole e...
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Ficção AdolescenteMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.