Letícia
Chegou o dia de ir pro baile, eu deixei Nicole com a minha mãe e fui me arrumar na casa de Mariane. Eu pranchei meu cabelo, coloquei meu shorts jeans, minha blusa decotada azul e calcei minha melissa.
Encarei Mariane que tava pronta a tempos me esperando.
— Pronto, a gente pode ir agora. - Falei dando aquela última olhada no espelho.
— Aleluia, eu tava quase desistindo de ir. - Mariane disse se levantando da cama.
*****
Chegamos no baile e tava lotadão, o som tava nas alturas, Mariane foi pegar bebidas pra gente e eu fiquei lá dançando a musica e logo senti alguém dançar atrás de mim, olhei pra trás e vi um dos vapores me sarrando.
Paulinho...
Conhecia Paulinho de tempos já, mas depois que encanei com Caveira, era só Caveira e mais ninguém.
Continuei dançando na frente dele, e quando Mariane me viu com Paulinho ela só entregou a bebida e entrou no meio da muvulca.
******
Mariane
Tava bebendo e dançando com umas meninas que eu nunca tinha visto na vida, logo senti me agarrarem, olhei e vi Vitória sorrindo.
— Bruaca véia, saudadeeex! - Vitória disse me abraçando.
— Que saudades... - Falei beijando a bochecha dela.
— Poxa, te vi lá do camarote, vim correndo. - Vitória disse apontando pra cima.
Olhei pra cima e vi um pessoal lá.
— Vamos lá... - Vitória disse.
— Vou chamar a Letícia antes. - Falei indo.
— Ela saiu com um vapor, tava já no maior beijo... - Vitória disse e eu neguei com a cabeça.
Fomos até o camarote e dei um 360°graus em tudo lá, nas pessoas, nas bebidas e meu olhar acabou parando no Fumaça que estava com duas meninas no colo se beijando enquanto ele apalpava elas.
— E Caveira? Sabe da gravidez? - Perguntei.
— Sabe, eu contei pra ele logo que ele chegou aqui na favela... - Vitória disse mexendo o corpo com forma o funk tocava.
— E ele disse oque? Ficou bravo? - Perguntei.
— Foi de boa, ele falou que assumia e que iria comigo em todos os pré natal e queria ser bem presente na vida da criança. - Vitória disse.
Murmurei um “hum” e fui pegar mais bebida no cantinho do camarote que tinha, e peguei o copo mais forte que tinha.
Dei o gole de uma vez só, desceu rasgando, eu grudei na grade encarando aquela multidão lá em baixo dançando e eu comecei a dançar também.
Senti me encoxarem e continuei dançando sem olhar pra trás. Eu estava de saia, arrumei ela e me virei dando de cara com Fumaça.
— Pô, vai fazer aquele trampo que só tu sabe fazer? - Fumaça perguntou me prendendo na grade.
— Vai dormir comigo? - Perguntei toda embolada.
Ele assentiu com a cabeça sério e então ele veio me beijando, aquele beijo lento com gosto de bebida e no fundo com aquele gosto de maconha.
Paramos de nos beijar e as meninas do camarote todas nos olhavam.
— Quero dançar lá em baixo. - Falei acenando pra ele.
Ele me puxou e deu um tapa na minha bunda.
— To de olho. - Fumaça disse e eu sai.
Vitória ficou no camarote e eu desci vendo Letícia ir entrando de volta pro baile.
— O pau é grande? - Perguntei.
— Como você sabe? - Ela perguntou. - Ah deixa pra lá, não é aquela coisa, mas deu pra ter meu orgasmo. - Letícia disse lambendo a boca.
Eu ri e continuei dançando. Eu já estava louca demais, tava literalmente pagando calcinha. Eu olhava pra cima e via Fumaça me encarar sério, oque em fazia provocar mais.
Continuei dançando até sentir alguém me pegar pela mão, olhei e vi Fumaça, ele me puxava com força.
— Eu to de salto porra... - Falei andando rápido.
Ele nem ligou. Saímos do baile e ele soltou a minha mão me encarando sério.
— Tu faz isso pra provocar né cachorra? Quero ver eu te amarrar e te foder com força pra tu para com essas gracinha... - Fumaça disse segurando firme meu maxilar.
Eu mordi meus lábios.
— Eu iria adorar ser fodida assim, é meu sonho de princesa isso gatão! - Falei dando um selinho nele.
Ele me agarrou ali mesmo me beijando. Tava um fogo maior que o inferno, a gente não estava ligando se passava alguém ali ou não.
Até tocar o radinho dele.
— Qual foi porra? - Fumaça perguntou com o radinho na mão.
— Patrão, corre na tua goma que a Laura tá pendurada. - Um cara falou do outro lado do radinho.
Eu arregalei meus olhos, Fumaça pegou na minha mão e foi subindo comigo na pressa, no meio do caminho tirei meu salto e fomos correndo.
Me perdoe Laura, eu destruí a família de vocês...
Chegamos lá na casa dele e quando abrimos a porta demos de cara com Laura pendurada numa corda. Ela estava morta já. Ian estava encolhido no sofá chorando baixinho.
Eu corri até ele e o abracei.
— Ian, vamos com a tia pra fora, vamos. - Falei puxando ele e ele veio comigo.
Fomos saindo da casa e vi ele chorar baixinho.
— Porque ela foi embora? - Ian perguntou suspirando fundo.
Parei com ele no meio daquela rua deserta e abaixei na altura dele.
— Sua mãe foi forte... - Falei isso com lágrimas nos olhos.
Eu havia errado e não conseguia abrir a boca prs falar nada, Ian estava sem entender, tinha apenas cinco anos...
Que sua alma esteja bem, Laura...
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Ficção AdolescenteMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.