• capitulo 63 •

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Mariane

Fui logo atrás do pré natal aqui no postão mesmo. Levava sempre Fumaça, até por que ele fazia questão de ir sempre.

Era oito da manhã e estavamos lá falando com o médico, como eu já tinha feito enfermagem mesmo, eu tinha noção das coisas. Ele me passou algumas instruções e algumas vitaminas e fomos embora.

- Não gostei dele! - Fumaça disse me abraçando.

- É então, mas fazer o que? - Falei abraçando ele de volta.

Ficamos quietos enquanto subimos a favela.

- Hoje eu tenho que ir pra outro morro... - Fumaça disse.

- Operação? - Perguntei.

- Não, apresentação de um aliado no morro. Tenho que ir marcar presença por que é parceria. - Fumaça disse.

- É baile? - perguntei.

- Pagode! - Fumaça disse baixinho.

Eu me afastei dele.

- Vou pegar a Samira na Letícia! - Falei saindo dali rápido.

*****

Eu estava linda e bela assistindo minha novelinha da tarde. Samira dormia do meu lado e Ian estava na escola.

Eu vi a porta se abrir e vi Caveira entrando e se jogando no outro sofá.

- Errou a casa? - Perguntei.

- Que nada, vim bater um papo contigo... - Caveira disse.

- Fala logo que é hoje que rola barraco na novela! - Falei abaixando o volume e encarando Caveira.

Ele tava roendo as unhas, ele me encarou e respirou fundo negando.

- Vim ficar com a Samira pra tu descer o sarrafo na mina da oito! - Caveira disse encarando a unha.

Levante a sobrancelha sem entender nada.

- Ué, por que? - Perguntei.

- Pô Mariane, acorda cara, ela tá de olho no Fumaça de cota já, ela tá todo dia batendo cartão na boca principal, toda noite cara. O bagulho não é com o Fumaça, mas é ela. - Caveira disse.

Eu suspirei revirando os olhos.

- Ele da bola? - Perguntei.

- Não, mas ele já saiu com ela a cota pô, na época que vocês nem tava junto! - Caveira disse.

Bufei. Peguei Samira no colo e calcei meus chinelos.

- Tu vai comigo! - Falei apontando pra Caveira.

Fui saindo de casa e guiei até a boca, fui abrindo com tudo e dei de cara com Fumaça falando com alguém no celular.

- Eu colo, cê pá eu guio praí umas dez. - Fumaça dizia no celular. - Pô, eu tenho família caralho! - Ele disse e desligou.

Eu encarei ele e dei pra Caveira a Samira. Ele saiu dali e eu tranquei a porta.

- Quer foder aqui? To sem cabeça pô, tu vai comigo lá pro outro morro, fechô? - Fumaça disse.

Eu fui com tudo na mesa e dei um murro na mesa, Fumaça me encarou com a cara fechada e ficou calado.

- Quem é a menina da oito, e que porra de história é essa que ela sempre vem aqui? Toda vez sempre te algo pra entrar no meio da gente, que caralho! - Gritei encarando ele.

Ele engoliu aquilo seco, ele ficou sério me encarando por alguns segundos e logo levantou.

- Não vem na minha orelha Mariane, qual foi cara toda vez a mesma, eu te mandei o papo que errei uma vez contigo e não quero mais errar e nem erro. Foi mo duro ficar contigo de novo. Eu amo você Mariane, eu to ligado que é difícil mas relaxa ai. - Fumaça disse fechando a cara e saindo da sala me deixando sozinha.

Ah, ok, vai ser assim? Ok, vai ser do jeito que ele quer!

Sai dali e dei de cara com Caveira ninando Samira. Peguei Samira e passei por Fumaça como um foguete, fui pra casa, deixei ela dormindo e fui tomar um banho, com direito a depilação e hidratação.

Ele não quer que eu vá nesse tal morro? Então eu vou. Mas vai ser do meu jeito!

• aperta na estrelinha •

Do asfalto pra favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora