Letícia
Já tava tardão da noite e o inútil do Fumaça tava em casa.
— Pô, mas o que tu acha? - Fumaça disse depois de contar a idéia dele.
— Horrível de ruim. Você não sabe mesmo sobre decoração em. Pelo amor de Deus, se depender de você me ajudar em decoração pro meu casamento, eu faço nas escondidas. - Falei negando com a cabeça. - Deixa que eu resolvo, eu sei dos gostos da Mariane! - Falei olhando o papel.
— E tu pensa no que madame? - Fumaça perguntou colocando aqueles canudos de chocolate na boca.
Eu encarei arqueando uma sobrancelha.
— Tu tá fumando chocolate? Meu Deus do céu... Eu penso em brilho, a Mariane gosta de brilho. Deixa comigo que eu dou meu pulos. - Falei fechando os olhos já com sono.
— E o vestido pô? - Fumaça disse dando um tapinha no meu ombro o que me faz dar um pulo.
— Eu dou um jeito, agora vai, pode ir que daqui um mês você casa! - Falei.
— Brigadão Largatixa! - Fumaça disse levantando.
— Vai Pulmão Podre, não é nem preto mais! - Falei rindo.
— Ih, qual foi Letícia, parei agora de vez. Se não dona onça não casava pô! - Fumaça disse emburrado.
— Quero uma parte da favela pra mim, caiu no encanto da sereia. - Falei rindo e ele negou a cabeça.
******
Acordei na maior gritaria, eu abri os olhos de cara fechada, eu fui andando até a sala com um extrato da cama.
— Eu to dormindo caramba! - Gritei vendo Mariane, Fumaça e Caveira.
— Fala pra dona encrenca aonde eu tava ontem! - Fumaça disse com o canudo de chocolate na boca.
— Tava dando o cu! - Falei indo pro quarto novamente.
Mal me deitei no quarto e a porta foi aberta.
— Mas puta que pariu em. - Falei me levantando e dando de cara com Caveira.
Fui pra sala e Mariane descia o murro nele.
— Mariane, ele tava aqui, ele tava desabafando com o Caveira! - Falei me sentando no sofá.
— Como desabafando com Caveira? Caveira tava na frente de casa com a imunda daquela mulher! - Mariane disse de cara fechada.
Oi?
— Pega suas coisinhas e some! - Falei olhando pro Caveira.
— Mas... - Caveira foi falar e eu interrompi.
Eu lancei aquele olhar mortal de mãe sabe?
Ele não disse nada.
— O Fumaça tava aqui, ele queria saber dos seus gostos... - Falei.
Mariane encarou ele com aquela cara feia dela.
— Eu te quebro Fumaça! - Mariane disse indo pra cozinha.
Eu neguei rindo e ele me olhou com uma cara de alívio. Eu fui pra cozinha dando de cara com Mariane devorando as minhas frutas.
— E o Caveira? Ele tá de graça? Você viu? - Perguntei.
— Você não viu seu celular? Eu mandei mensagem amiga. Eles estavam na frente de casa conversando. Era aquela lá do chá revelação! - Mariane disse.
— Eu nem vi. Mas ele é um descarado! - Falei rangendo os dentes de raiva.
— Amor... - Ouvi a voz de Caveira.
Me virei pra ele dando um murro na cara dele.
— Chama aquela vagabunda de amor! - Falei enchendo ele de tapas.
— Ela é só uma colega pô, relaxa! - Caveira disse passando a mão na boca.
— Então vai morar com essa colega seu ordinário! - Falei empurrando ele e indo pra perto de Mariane.
Ele saiu da cozinha e eu suspirei negando com a cabeça.
Achei que tinha mudado!
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Do asfalto pra favela
Teen FictionMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.