• capitulo 68 •

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Letícia

Já tava tardão da noite e o inútil do Fumaça tava em casa.

— Pô, mas o que tu acha? - Fumaça disse depois de contar a idéia dele.

— Horrível de ruim. Você não sabe mesmo sobre decoração em. Pelo amor de Deus, se depender de você me ajudar em decoração pro meu casamento, eu faço nas escondidas. - Falei negando com a cabeça. - Deixa que eu resolvo, eu sei dos gostos da Mariane! - Falei olhando o papel.

— E tu pensa no que madame? - Fumaça perguntou colocando aqueles canudos de chocolate na boca.

Eu encarei arqueando uma sobrancelha.

— Tu tá fumando chocolate? Meu Deus do céu... Eu penso em brilho, a Mariane gosta de brilho. Deixa comigo que eu dou meu pulos. - Falei fechando os olhos já com sono.

— E o vestido pô? - Fumaça disse dando um tapinha no meu ombro o que me faz dar um pulo.

— Eu dou um jeito, agora vai, pode ir que daqui um mês você casa! - Falei.

— Brigadão Largatixa! - Fumaça disse levantando.

— Vai Pulmão Podre, não é nem preto mais! - Falei rindo.

— Ih, qual foi Letícia, parei agora de vez. Se não dona onça não casava pô! - Fumaça disse emburrado.

— Quero uma parte da favela pra mim, caiu no encanto da sereia. - Falei rindo e ele negou a cabeça.

******

Acordei na maior gritaria, eu abri os olhos de cara fechada, eu fui andando até a sala com um extrato da cama.

— Eu to dormindo caramba! - Gritei vendo Mariane, Fumaça e Caveira.

— Fala pra dona encrenca aonde eu tava ontem! - Fumaça disse com o canudo de chocolate na boca.

— Tava dando o cu! - Falei indo pro quarto novamente.

Mal me deitei no quarto e a porta foi aberta.

— Mas puta que pariu em. - Falei me levantando e dando de cara com Caveira.

Fui pra sala e Mariane descia o murro nele.

— Mariane, ele tava aqui, ele tava desabafando com o Caveira! - Falei me sentando no sofá.

— Como desabafando com Caveira? Caveira tava na frente de casa com a imunda daquela mulher! - Mariane disse de cara fechada.

Oi?

— Pega suas coisinhas e some! - Falei olhando pro Caveira.

— Mas... - Caveira foi falar e eu interrompi.

Eu lancei aquele olhar mortal de mãe sabe?

Ele não disse nada.

— O Fumaça tava aqui, ele queria saber dos seus gostos... - Falei.

Mariane encarou ele com aquela cara feia dela.

— Eu te quebro Fumaça! - Mariane disse indo pra cozinha.

Eu neguei rindo e ele me olhou com uma cara de alívio. Eu fui pra cozinha dando de cara com Mariane devorando as minhas frutas.

— E o Caveira? Ele tá de graça? Você viu? - Perguntei.

— Você não viu seu celular? Eu mandei mensagem amiga. Eles estavam na frente de casa conversando. Era aquela lá do chá revelação! - Mariane disse.

Eu nem vi. Mas ele é um descarado! - Falei rangendo os dentes de raiva.

— Amor... - Ouvi a voz de Caveira.

Me virei pra ele dando um murro na cara dele.

— Chama aquela vagabunda de amor! - Falei enchendo ele de tapas.

— Ela é só uma colega pô, relaxa! - Caveira disse passando a mão na boca.

— Então vai morar com essa colega seu ordinário! - Falei empurrando ele e indo pra perto de Mariane.

Ele saiu da cozinha e eu suspirei negando com a cabeça.

Achei que tinha mudado!

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Do asfalto pra favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora