Mariane
Acordei com a maior gritaria do mundo.
— Quem é o filho da puta que tá berrando? - Falei levantando e tacando a cabeça pra fora da janela.
Encarei aquela roda que tava. Letícia com um pedaço de pau, umas duas meninas no meio deles, Caveira de um lado, Fumaça encostado na parede encarava aquilo tudo sério.
Eu sai rasgando, corri pra cozinha pegar um pão e guiei pra rua assistindo aquele bafafá. Eu fui me enfiando no meio dos outros e logo cheguei bem de frente daquele espetáculo.
— Fala agora. Vem mandando mensagem pra homem casado, você não tem vergonha na cara não? - Letícia disse empurrando a menina.
Encarei a menina dos pés a cabeça. Ela devia ter uns quinze anos.
— E ele da bola, se você não viu ele apagou! - A menina dizia toda debochada.
— Me mostra então do teu celular amada, mas eu quero que me mostre, por que ai eu quebro você primeiro pra não ter perigo de escapar, e depois ele por que ele vai vir atrás mesmo! - Letícia disse cruzando os braços com aquele pedação de pau.
— Circulando! - Fumaça disse e aquela rodinha sumiu.
Só sobrou a gente. Fumaça me olhou toda e negou com a cabeça.
— Tu tá na maldade pra cima de mim, é papo antigo de quando eu nem tava com a Letícia. Mostra a merda da conversa então! - Caveira disse empurrando a menina.
— Tu cala a boca. Mostra logo a conversa vagabunda! - Letícia disse indo peitar a menina.
A menina ficou pálida, ela não se mexeu, ela só ficou com aquela cara de deboche dela.
Letícia logo pegou ela pelo braço e desceu o sarrafo. A menina caiu no chão e Letícia foi pra cima batendo nela. A outra menina foi pra ir em cima de Letícia e eu entrei na frente dela encarando ela.
— Sai de perto, tu não tem nada haver! - Falei fechando a cara.
A menina rapidinho saiu da minha vista.
*****
Eu entrei pra casa e ficou Caveira, a menina e Letícia se resolvendo. Fiz as minhas higienes e fui limpar a cozinha que tinha algumas coisinhas.
Ouvi o barulho da porta e logo senti o cheiro do perfume de Fumaça.
— Samira e Ian vem pra cá hoje já! - Fumaça disse.
Eu me virei e concordei com a cabeça. Fui fazendo as coisas da cozinha e Fumaça não saiu dali.
— Tá querendo me falar alguma coisa Fábio? - Perguntei encarando ele.
— Não pô, qual é, não pode mais ficar te fitando não? Toda gostosona, e é minha ainda! - Fumaça disse vindo beijar minha bochecha. - Papo sério, é tranquilo mesmo pra tu as crianças ficar aqui? - Fumaça me perguntou.
— Que pergunta tonta. Claro que é tranquilo, eu vou cuidar como se fosse meus! - Falei acariciando o rosto de Fumaça.
— Nunca vou te deixar, eu amo tu, como consegui fica tanto tempo sem você cara! - Fumaça disse me agarrando forte.
— Eu também amo você! - Falei beijando a bochecha dele.
Ele se afastou e saiu dali.
Continuei limpando ali e quando terminei fui me deitar no sofá, mal deitei e o furacão Letícia entrou.
— O que foi do babado lá de fora? - Perguntei me ajeitando no sofá.
— Aquela asquerosa dos infernos, na próxima eu taco fogo nela. - Letícia disse andando de um lado pro outro. - Acredita que ela tava pra cima do Caveira. Eu dei umas paneladas nele. - Letícia disse bufando.
— Por que? Ele te traiu? - Perguntei sentando e encarando ela assustada.
— Não, mas era pra ele ficar esperto. - Letícia disse se jogando no sofá.
*****
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Novela JuvenilMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.