• capitulo 5 •

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Vitória

Ouvi as batidas na porta de casa e eu me levantei coçando os olhos. Fui abrir e dei de cara com a mulher do Benê.

— Vem pra cá pra geral conhecer a famosa que vive saindo com marido dos outros. - A mulher dele disse puxando meu cabelo até a rua.

Eu tava de pijama, devia ser por volta das oito da manhã, eu tava lesada de sono ainda.

— Vai Kátia, mete surra nessa puta. - Uma amiga da mulher de Benê falava.

Kátiaça.

E ela veio com tudo, eu tentei empurrar ela, mas veio as amigas dela me segurando enquanto batiam em mim. Sentia o gosto do sangue em minha boca, e logo cai desmaiada.

Acordei com a cabeça explodindo, olhei e eu estava provavelmente no postinho, encarei em volta e vi Mariane.

— Tá doendo... - Falei passando a mão lentamente na minha cabeça.

Mariane levantou da cadeira com a cara fechada e veio até a mim.

— Logo você vai melhorar... - Ela disse.

— E a criança? - Perguntei passando a mão na barriga.

Ela ficou quieta e suspirou fundo.

— Você perdeu... - Mariane disse.

Senti a minha garganta secar e eu Fechei meus olhos sentindo uma facadinha no coração. Já até tinha acostumado...

— Você tá brincando? - Falei tentando me levantar.

— Vitória, você teve um aborto pela pancada que sofreu, teve uma hemorragia... - Mariane disse me acariciando.

— Ela matou o meu bebê... - Falei baixinho tampando a boca.

— Eu to com você pequena, eu to aqui! - Mariane disse acariciando meu cabelo.

******

Mariane

Eu sai daquele postinho e fui direto pro trabalho, eu ia ficar doze horas lá, e ainda prometi que iria pra casa de Vitória cuidar dela.

Eu tava cansada, tava querendo a minha cama pra dormir e nem acordar mais.

Trabalhei por doze horas e só sai as seis da manhã, voltei pra favela e fui subindo aquela ladeirona que só Deus na causa.

Oque essas veiarada tá tudo acordada de manhã varrendo?

Fui subindo até sentir alguém me puxar, encarei e vi aquele mesmo homem que eubtinja falado na biqueira.

Puta merda, eu tinha esquecido de dar o dinheiro pra ele.

— Tá se fazendo de maluca? - Ele falou chegando pertinho de mim.

— Desculpa, eu tinha esquecido, mas eu tenho o dinheiro, mas tá na casa da minha irmã... - Falei rápido e nervosa.

Ele pegou firme no meu maxilar e me encarou firme.

— Tu acha que é assim? Demora um caralho e tu acha que é assim porra? - Ele gritou fazendo todo mundo olhar.

— Me desculpa, por favor. - Falei baixinho.

Ele me soltou e pegou no meu braço.

Ele foi me puxando até a casa de Vitória e quando chegamos, ele fez eu buscar e ainda dar um “ juros ”.

Ele me encarava com uma seriedade que me dava certo medo.

— Quero demora da próxima vez não, se tiver moia pra tu também mina. - Ele disse e foi saindo.

A minha irmã tava encarando aquilo assustada, ela não soltou uma palavra se quer, e eu me sentei no sofá tentando voltar com a respiração normal.

— Ele que organiza as drogas? Ele é estranho... - falei vendo que eu tava soando frio.

— Ele que comanda a favela aqui, ele é dono... - Minha irmã disse.

Encarei ela assustada mais ainda e comecei a tremer mais.

Ah não, oque eu to fazendo aquiiii?

• aperta na estrelinha •

Do asfalto pra favelaOnde histórias criam vida. Descubra agora