Vitória
Ouvi as batidas na porta de casa e eu me levantei coçando os olhos. Fui abrir e dei de cara com a mulher do Benê.
— Vem pra cá pra geral conhecer a famosa que vive saindo com marido dos outros. - A mulher dele disse puxando meu cabelo até a rua.
Eu tava de pijama, devia ser por volta das oito da manhã, eu tava lesada de sono ainda.
— Vai Kátia, mete surra nessa puta. - Uma amiga da mulher de Benê falava.
Kátiaça.
E ela veio com tudo, eu tentei empurrar ela, mas veio as amigas dela me segurando enquanto batiam em mim. Sentia o gosto do sangue em minha boca, e logo cai desmaiada.
Acordei com a cabeça explodindo, olhei e eu estava provavelmente no postinho, encarei em volta e vi Mariane.
— Tá doendo... - Falei passando a mão lentamente na minha cabeça.
Mariane levantou da cadeira com a cara fechada e veio até a mim.
— Logo você vai melhorar... - Ela disse.
— E a criança? - Perguntei passando a mão na barriga.
Ela ficou quieta e suspirou fundo.
— Você perdeu... - Mariane disse.
Senti a minha garganta secar e eu Fechei meus olhos sentindo uma facadinha no coração. Já até tinha acostumado...
— Você tá brincando? - Falei tentando me levantar.
— Vitória, você teve um aborto pela pancada que sofreu, teve uma hemorragia... - Mariane disse me acariciando.
— Ela matou o meu bebê... - Falei baixinho tampando a boca.
— Eu to com você pequena, eu to aqui! - Mariane disse acariciando meu cabelo.
******
Mariane
Eu sai daquele postinho e fui direto pro trabalho, eu ia ficar doze horas lá, e ainda prometi que iria pra casa de Vitória cuidar dela.
Eu tava cansada, tava querendo a minha cama pra dormir e nem acordar mais.
Trabalhei por doze horas e só sai as seis da manhã, voltei pra favela e fui subindo aquela ladeirona que só Deus na causa.
Oque essas veiarada tá tudo acordada de manhã varrendo?
Fui subindo até sentir alguém me puxar, encarei e vi aquele mesmo homem que eubtinja falado na biqueira.
Puta merda, eu tinha esquecido de dar o dinheiro pra ele.
— Tá se fazendo de maluca? - Ele falou chegando pertinho de mim.
— Desculpa, eu tinha esquecido, mas eu tenho o dinheiro, mas tá na casa da minha irmã... - Falei rápido e nervosa.
Ele pegou firme no meu maxilar e me encarou firme.
— Tu acha que é assim? Demora um caralho e tu acha que é assim porra? - Ele gritou fazendo todo mundo olhar.
— Me desculpa, por favor. - Falei baixinho.
Ele me soltou e pegou no meu braço.
Ele foi me puxando até a casa de Vitória e quando chegamos, ele fez eu buscar e ainda dar um “ juros ”.
Ele me encarava com uma seriedade que me dava certo medo.
— Quero demora da próxima vez não, se tiver moia pra tu também mina. - Ele disse e foi saindo.
A minha irmã tava encarando aquilo assustada, ela não soltou uma palavra se quer, e eu me sentei no sofá tentando voltar com a respiração normal.
— Ele que organiza as drogas? Ele é estranho... - falei vendo que eu tava soando frio.
— Ele que comanda a favela aqui, ele é dono... - Minha irmã disse.
Encarei ela assustada mais ainda e comecei a tremer mais.
Ah não, oque eu to fazendo aquiiii?
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Roman pour AdolescentsMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.