Mariane
Letícia botou pra quebrar com a mulher. Parou o chá revelação total. A mulher saiu e continuou como se nada tivesse acontecido ali.
Só quem sabia o sexo era a mãe de Caveira. Deixei esse cargo a ela. E desde o segundo pré natal, eu deixei bem claro pro médico que eu queria fazer chá revelação, então que pelo menos falasse se estava ou não bem.
*****
Eu tinha já cortado o bolo pra ver se era rosa ou azul. Estouramos três balões. Lemos cartas e por fim fomos pra praça. Eles nos deram fogos de artifício e eu parei do lado de Fumaça.
— Agora é de verdade! - Mãe de Caveira disse animada.
Levantamos pro céu nossos braços e eu respirei fundo sentindo um escola de samba no meu coração.
— 5,4,3,2,1... - Começaram todos a contar alto.
Caveira acendeu os dois e logo ficamos olhando aquelas fumaças saírem.
Fumaça começou a pular e eu encarei a mãe de Caveira sem entender nada.
— São dois. São gêmeos, a Luísa e o Vinícius! - Mãe de Caveira disse pulando animada.
Eu corri abraçar ela.
Aquela alegria que pulava forte em mim. Eu me soltei dela e rodei meus olhos parando no do Fumaça. Eu corri pros braços dele e ele me agarrou forte me girando.
— Pô, acertei dois coelhos em um só! - Fumaça disse me agarrando.
— Fumaça, são dois! - Falei de boca aberta.
— Eu vou cuidar, minha missão de vim pra esse mundão foi pra isso, cuidar de vocês, amar e fazer feliz pô. - Fumaça disse me olhando.
— Eu te amo tanto! - Falei dando um selinho nele.
Eu me afastei dele e Caveira pulou em cima de Fumaça.
— Eu curto mais Pulmida do que Luísa pô, papo reto! - Caveira disse pro Fumaça.
Eu sai de perto e fui até Letícia, que quando me viu, pulou em cima de mim.
— Ah sua cachorra, são dois, por isso que tá parecendo uma melancia com cinco meses só. - Letícia disse me enchendo de beijos. - Você sabe que o que você precisar eu to aqui, pra sempre Mari, eu e você, você e eu. E o Fumaça no meio, nunca vi igual. - Letícia disse me fazendo rir.
— Eu agradeço demais por ter você. E eu queria te fazer um pedido... Que você seja, madrinha deles. Você e o Esqueleto! - Falei.
— É claro que eu aceito! - Letícia disse dando pulinhos.
*****
Estava de noite. Eu tava podre de cansada. Eu estava deitada na cama assistindo um filminho com Ian e Samira. Fumaça tinha saído falando que logo voltava, mas até agora não tinha voltado. Eu nem esperei, acabou o filme e eu deixei as crianças dormindo na minha cama mesmo, se Fumaça quisesse ele que dormia no chão ou no sofá.
Eu desci pra comer feijão com açúcar e olhei pra janela vendo Caveira conversando com uma mulher. Forcei os olhos e vi que era aquela mesma que Letícia havia descido o cacete.
Ele só pode tá de brincadeira. Depois que perde fica chorando.
Eu peguei um prato, coloquei feijão, açúcar e sai de casa me encostando na parede encarando a mulher.
— O que tá olhando em piranha? - Ouvi a voz daquela mulher insuportável.
Caveira virou na hora assustado.
— To olhando essa cara de pau sua biscate! - Falei colocando uma garfada na boca.
Ela foi pra vir pra cima e Caveira segurou ela.
— Vem, pode vir, só não garanto que daqui cinco minutos você esteja viva amada. Pode vir! - Falei mandando beijinho pra ela.
Ela queria voar em cima de mim. Ela tentava e Caveira segurava ela.
— Tem como cês pararem de Patifaria? - Caveira perguntou e eu Fechei logo a cara.
— O que tá rolando ai em? Letícia sabe aonde você tá e ainda mais tá com um rato de bueiro? - Perguntei encarando ele. - Aliás, até o rato é mais limpo que essa ai! - Falei de cara fechada.
Caveira não disse nada. Eu meti o prato no Caveira e entrei pra casa indo escovar os dentes.
Peguei meu celular e mandei mensagem pra Letícia.
O Fumaça que esperasse...
• aperta na estrelinha •
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Do asfalto pra favela
Roman pour AdolescentsMariane vai pra favela para ajudar sua irmã Vitória e acaba sendo alvo do maior traficante do estado.